15/12/2023

Reconhecemos o que Jesus fez por nós?

Desde dos tempo antigos que os humanos tentam prever o futuro.  Os chineses tinham o I Ching que surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.). Traduzido como Livro das Mutações ou Clássico das Mutações, é um texto clássico chinês, composto de várias camadas sobrepostas ao longo do tempo, é considerado um dos mais antigos e importantes livros de filosofia chinesa. O I Ching foi objeto de comentários de estudiosos e a base para a prática de adivinhação por séculos no Oriente, tendo também um papel influente no entendimento do pensamento oriental pelo Ocidente. Todavia, os oráculos gregos preferiam procurar respostas nas entranhas de animais.

Procurar saber o futuro através dos búzios, das cartas, a leitura de mãos, bola de cristal, horóscopo, etc, ainda faz parte de grande parte da população. Respeito a opinião de todos, que procuram esses caminhos para saber do futuro mas entendo que o futuro para nós é uma construção. É muito relativa essa coisa de prever o futuro para nós. Porque o futuro está em construção hoje. Entre as suas diversas frases famosas, o escritor Antoine de Saint Exupéry (1900-1944) o autor de um clássico da literatura “O Pequeno Príncipe”, escrito em 1943, nos diz: “O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino”.

Este tema me fez lembrar de um personagem da Escolinha do Professor Raimundo  - Seu Joselino Barbacena – quando ele dizia “Quando eu era criança pequena lá em Barbacena...”. Pois bem, na minha adolescência, descobri na casa de meus avós paternos o livro “As Profecias de Nostradamus”. Confesso que li apenas algumas parte do livro, mas na época me impressionou muito. O livro conta a história e profecias do francês Michel de Notre-Dame que nasceu em 1503. Ao mudar seu sobrenome para Nostradamus (forma latinizada de Nostredame, que caía bem numa época em que a sabedoria da Antiguidade era redescoberta) e escrever centenas de versos enigmáticos que chamava de profecias, ele caiu nas graças dos poderosos de seu tempo, e ainda cativa quase todo mundo que tenha uma quedinha pelo sobrenatural.

Segundo o livro, ele tinha suas visões em seu quarto, numa bacia de água, fazendo previsões, por exemplo, sobre o fim dos tempos, bem como a previsão de três anticristos encarnados, em seres humanos. Previu que um eclipse do sol sucederá o mais escuro e tenebroso verão que jamais existiu desde a criação e a morte de Cristo. Esse eclipse estava prevista para 11 de outubro de 1999 (fato não acontecido). Até hoje ninguém conseguiu prever um acontecimento com base em sua obra. O que existe é a correlação após o fato.

O título de "profeta", aplicado a Nostradamus, conferiu-lhe, com o passar dos séculos, uma aura de santidade e credibilidade indevidas. Identificou-o erroneamente com os profetas bíblicos.

Importante esclarecer que os profetas bíblicos não eram meros prognosticadores do futuro. Suas mensagens não se resumiam em falar o que ia acontecer. A inspiração divina em seus lábios, tinha por objetivo revelar os planos de Deus e manifestar a vontade do Senhor. Anunciavam todo o propósito de Deus, relacionando-os com o futuro, somente quando assim era necessário.

Existem cerca de trezentas profecias que se cumpriram literalmente na vida de Jesus, como o Messias de Israel. Entre essas predições, muitas delas envolviam lugares e acontecimentos exatos, como a cidade onde nasceu, a forma como falou, a forma como morreu e o resultado de sua obra. Não há nada escondido, não é necessário tecer conjecturas e suposições arbitrárias para "interpretá-las".

A profecia, entendida como a revelação da vontade inerente de Deus para a sua igreja, cessou com os profetas do Antigo Testamento e com os apóstolos do Novo Testamento. A primeira pessoa a ser identificada como profeta na Bíblia foi Abraão (Gênesis 20:7). O último profeta da Bíblia, na tradição profética de Israel, foi João Batista. A prova de que João Batista encerrou a escola profética de Israel, foi dada pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Foi Jesus quem falou que a Lei e os Profetas duraram até João, e desde então é anunciado o Reino de Deus (Lucas 16:16).

Quando alguém diz ser profeta, devemos analisar o que diz à luz da Bíblia (1 Tessalonicenses 5:20-22). Nem todo que diz que é profeta vem de Deus. Também existem falsos profetas, que causam problemas.

O profeta de Deus não procura sua própria glória nem usa o dom de profecia para se tornar poderoso ou influente, não inventa novas doutrinas nem distorce o ensino da Bíblia, profetiza para ajudar outras pessoas, não para dar espetáculo nem para parecer importante, e se profetiza sobre o futuro, vai acontecer o que diz, senão não é profeta de Deus.

Por diversas vezes, humanos que se julgavam “profetas”, fizeram previsões sobre o fim do mundo. Por exemplo, São Gregório de Tours calculou que o fim do mundo aconteceria entre 799 e 806. Martim Lutero acreditava que o mundo acabaria até 1600. A peste negra (1346-1351) foi interpretada como um sinal do fim dos tempos.

Bem, quando ao fim do mundo e a volta de Jesus, melhor que acreditemos como está escrito nos evangelhos, por exemplo: "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. (Mateus 24:36).  Enquanto isso, temos que continuar, procurando comemorar com muita alegria seu nascimento, viver seus ensinamentos e refletir sobre o sangue de Cristo, derramado na cruz do Calvário para cumprir sua missão neste mundo, que ele revolucionou com suas ideias e ações.

Infelizmente, muitos cristãos só se preocupam em celebrar o nascimento de Jesus (acredita-se que a celebração do nascimento de Jesus, surgiu entre os séculos III d.C. e IV d.C), enquanto isso, no período conhecido por “Quaresma”, que nos lembra a entrada de Jesus Cristo a Jerusalém e posteriormente a sua crucificação, torna-se para muitos, um grande feriadão.

Algumas pessoas gostam de fazer o seguinte questionamento: “Se Jesus nascesse hoje, aqui no Brasil ou em qualquer periferia do mundo, qual seria a reação das pessoas com suas atitudes? Possivelmente, seria xingado e atacado nas redes sociais como anarquista, manifestante, socialista revolucionário ou falso profeta. E se barrasse algum apedrejamentos, diriam que eram ligada a alguma ONGS defensora dos direitos humanos.

Se voltarmos o tempo, lembraremos que Jesus nasceu em Belém, em um estábulo, envolvido em panos e colocado numa manjedoura, porque não havia lugar para ele e seus pais em uma hospedaria. Isso nos mostra que Jesus não veio de uma família rica ou importante da época. Grande parte do povo do qual Jesus fazia parte vivia exatamente nessa condição. Eram pessoas, em sua maioria, destituídas de poder político e praticamente sem posse ou renda. Situação parecida a de muitos brasileiros nos dias de hoje

Desde que nasceu, Jesus foi perseguido pelos governantes. Conforme o evangelista Mateus (2:13-23), o governo sentiu-se ameaçado diante do menino nazareno, organizou um elaborado plano para matá-lo, de forma a eliminar uma possível ameaça. Na verdade, Jesus nasceu e viveu em meio a violência estrutural promovida pelo Império Romano.

Ele foi o primeiro a lutar pelos direitos humanos e a dizer para separarmos a política da religião. Suas palavras eram contra a injustiça e independente de qualquer linha ideológica. Jesus dedicou toda sua vida para defender os humildes como ele. Defendia e curava os miseráveis que circulavam pelas ruas da Galileia. E enfrentou os enganadores que lucravam com a fé do povo.

Os quatro evangelhos, escritos em tempos diferentes para comunidades distintas, nos atingem ainda hoje por retratar os desafios de Jesus de Nazaré, numa sociedade mergulhada em tensões e disputas de poder. Uma sociedade massacrada pela ocupação romana, que teve o apoio dos religiosos para manutenção das relações de exclusão e violência.

Jesus não morreu de velhice, de doença, tão pouco foi atropelado por um camelo nas esquinas de Jerusalém. Foi crucificado até a morte, sem direito a julgamento algum. Foi vítima de torturadores.

Jesus participou intensamente da plataforma de redenção dos pobres. Ele jamais se apartou das pessoas que se esperaria que ele evitasse. Ele permaneceu amigo dos marginalizados, da sociedade e tocou nos intocáveis e tidos como indesejáveis.

Para muitos cristãos, protestar é visto como algo errado ou mesmo pecaminoso. Imaginar Cristo, como um manifestante é visto como um ato de blasfêmia. Protestar é a antítese de ser apático, cúmplice, insensível e passivo. Portanto, os cristãos devem se consolar com o fato de que Jesus – o filho de Deus – não era  apático, insensível nem passivo.

Ele incomodou tanto que acabou sendo preso, por perturbar o sistema à sua volta. Jesus criticou os fariseus e os chamou de hipócritas por darem o dízimo meticulosamente, mas falharem em aplicar o princípio mais profundo de justiça e igualdade. Nas estradas, nos montes ou mesmo no Templo, Sua voz ecoou em favor dos esquecidos, das crianças, das mulheres e dos marginalizados.

Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres. Foi assassinado pelos interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas.

O crime pelo qual Jesus foi eliminado foi ter apresentado um Deus completamente diferente daquele imposto pelos líderes religiosos, um Pai que nunca pede a seus filhos, mas que sempre dá.

“Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,37) é, de fato, o chocante anúncio de Jesus: apenas duas palavras que, no entanto, ameaçaram desestabilizar toda a economia de Jerusalém. Para obter o perdão de Deus, não havia mais necessidade de ir ao templo levando ofertas, nem de submeter-se a ritos de purificação, nada disso. Não, bastava perdoar, veem para ser imediatamente perdoado. Quando os escribas, a mais alta autoridade teológica no país, considerando o ensinamento infalível da Lei, vêem Jesus perdoar os pecados a um paralítico, imediatamente sentenciam: “Este homem está blasfemando!” (Mt 9,3). E os blasfemos devem ser mortos imediatamente (Lv 24,11-14).

A indignação dos escribas pode parecer uma defesa da ortodoxia, mas na verdade, visa salvaguardar a economia. Jesus Cristo não era um perigo para a teologia (no judaísmo havia muitas correntes espirituais que competiam entre si, mas que eram toleradas pelas autoridades), mas para a economia.

As lideranças político-religiosas dos judeus não sabiam o que fazer com Jesus, como também não sabiam o que fazer com outras tantas formas de inconformismo dos judeus, de Zelotas a Essênios, que não mediam consequências para acabar com a dominação romana e que levariam à destruição de Jerusalém e a devastação de sua nação.

Importante ressaltar, que os judeus nunca reconheceram Jesus como o Seu salvador e não o receberam como deveriam. Em João 1 está escrito: Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu.

Os judeus, esperavam um Messias poderoso e político, não um filho de carpinteiro que mal tinha onde dormir. Por isso se apegavam a qualquer figura que demonstrasse liderança e poder de convencimento. Olhavam para Jesus, como um profeta que fundou um movimento responsável, por um legado de violência e tentativa de conversões forçadas de seu povo durante um período longo e cinzento da história. Infelizmente, até hoje existem judeus que não reconhecem Jesus como Messias prometido. Eles ainda aguardam um Messias que não virá, pois já veio. Naquele tempo, Jesus já dizia: "Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra". E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los (Marcos 6:4,5).

Importante ressaltar, que todos os milagres de Jesus têm um significado espiritual, pois indicam uma realidade que não podemos ver, muito maior que a qual podemos ver e, com isto, se abre o plano da redenção da humanidade. Na Bíblia, há registro de 35 milagres que Jesus fez. Os maiores objetivos dos milagres de Jesus eram: glorificar o Pai, cumprir e provar a palavra dita e a revelação de Jesus como Messias, Filho de Deus. Os milagres de Jesus não indicavam que Ele seria um líder terreno, que iria libertar a nação da opressão estrangeira. Seus milagres indicavam que Ele, era o único que poderia libertar o seu povo da condenação do pecado, satisfazendo a justiça de Deus através de seu auto sacrifício expiatório.

É impossível, ao olharmos para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, não nos sentirmos culpados. No evangelho de Marcos 14, 24, o sangue é derramado em “favor de muitos” e, em Lucas 22,20, é “derramado em favor de vós”. Será que em pleno Século XXI, reconhecemos o que Jesus fez por nós? Será que se Jesus nascesse e vivesse nos dias de hoje o reconheceríamos? Acredito, o contexto da sua morte não seria diferente, até porque os líderes ainda possuem extrema dificuldade em acolher os mais excluídos da sociedade e a sociedade não muda.

Mas, sempre é tempo de reflexão, principalmente no período natalino.  É a época para gente celebrar o quão maravilhoso e generoso Deus foi, por mandar o seu filho para a Terra para nos ensinar tantas coisas. Época para renovação da fé e da esperança e para união das famílias. Famílias que quase nunca conseguem se ver, mas fazem um esforço extra para estar juntos durante esse dia específico.

Celebrar o Natal nesses tempos de grandes ataques de escuridão simbolizados pela discórdia, pela corrupção, falsos messias, pelo confronto de ideologias política, pelo racismo, pela bandidagem, pelas guerras é um grande desafio para nossas famílias. Devemos portanto, pedir todos os dias que o Espírito Santo ilumine os nossos corações, para pue possamos reconhecer no Menino Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo ser humano e a todos os povos da terra.

Devemos lembrar que Jesus veio ao mundo para tirar os pecados da humanidade, por isso, Ele morreu na cruz, para arrancar o pecado do mundo, arrancar as ervas daninhas que matam o jardim da nossa alma.

Concluímos, lembrando de uma citação do Papa Francisco: “Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”.

Feliz Natal e Um Próspero Ano Novo!

15/05/2023

TESOUROS LITERÁRIOS

Os tempos mudaram, principalmente quando se trata de tecnologia. Essa revolução tecnológica, principalmente nos meios de comunicação, atingiu em cheio as relações interpessoais, de forma a mudar inclusive, os relacionamentos. Referimo-nos, especificamente, a uma carta escrita à mão. Alguns bons anos atrás, uma conquista amorosa exigia trabalho, esforço, romantismo e um pouco de sorte. E para isso não havia Internet, redes sociais e todas as facilidades de que dispomos hoje em dia.

Os meios de comunicação passaram por grandes transformações. A invenção da internet modificou tudo aquilo que conhecíamos a respeito das formas de comunicação. Essa rede que integra mundialmente, milhares de computadores foi capaz de aproximar pessoas, diminuindo longas distâncias e reduzindo o tempo de transmissão de uma informação. Atualmente, os celulares são um dos meios de comunicação mais utilizados no mundo.

Longe de mim de ser contra as mudanças ou o progresso. Nada disso! Mas é sempre positivo podermos lembrar ou recuperar os costumes do passado e aplicá-los, por exemplo, aos nossos relacionamentos, a fim de recuperar os gestos românticos.

O romantismo era mais atenuado em anos anteriores, não era como hoje que as pessoas agem diferente. Quando alguém se apaixonava por uma pessoa, elas escreviam uma carta, perfumavam e mandavam uma lembrancinha. Um ato bem romântico que deixou de existir com a chegada da tecnologia.

A mudança da escrita é tão clara que atualmente, em vista da evolução da tecnologia, a caligrafia que tinha tanta relevância, acabou perdendo o primor por conta do acesso aos computadores.

Um pedaço de papel com palavras escritas a caneta ou a lápis, era responsável por manter as pessoas informadas sobre a vida de amigos e de familiares.

Hoje em dia estamos tão acostumados com a comunicação instantânea que parece perda de tempo só pensar em usar uma caneta. Porque dá mais trabalho: escrever, envelopar, selar, postar, esperar. É muito mais fácil enviar um e-mail ou conversar por vídeo.

A comunicação surgiu da necessidade do ser humano de passar informação uns aos outros. Após o surgimento da escrita, a carta tornou-se um meio de comunicação bastante utilizado para enviar informações, estabelecendo uma comunicação interpessoal.

A história da escrita começou no período da pré-história, quando os homens faziam desenhos nas paredes das cavernas como uma forma de se comunicar. Esses desenhos, chamados de pinturas rupestres, consistiam na transmissão de ideias desses povos, pois representavam seus desejos e necessidades. A arte rupestre foi o início da comunicação entre os seres humanos. As primeiras formas de escrita eram diferentes e surgiram na Mesopotâmia, China, Egito e América Central.

Durante sua história, a carta foi escrita em muitos tipos de materiais e muitos foram os canais pelos quais era enviada. Assim, as primeiras cartas foram escritas com um material chamado de papiro, um tipo de papel feito com uma planta chamada papiro, 3.000 anos antes de Jesus nascer. Muitos anos depois, no século 2 antes de Cristo, em uma região na Turquia chamada de Pérgamo, foi inventado o pergaminho, um tipo de papel feito de pele de carneiros e bezerros. O papel que utilizamos nos dias atuais foi inventado 100 anos depois do nascimento de Cristo por um chinês chamado T’sai Lun.

Outro importante fato histórico, a ser observado, se refere ao modo como as cartas chegavam até seu destinatário. Os pombos foram utilizados por muito tempo como meio de envio de mensagens. Os cavalos foram também uma outra forma de envio postal utilizada.  Já no Egito, mais de 4 mil anos antes da Era Cristã, já existiam os sigmanacis, mensageiros que levavam recados escritos a pé ou montados em cavalos e camelos.

Através dos séculos a troca de informações define impérios, governos e até mesmo guerras. Enviar mensagens para longas distâncias em pouco tempo sempre foi um desafio. Por isso, o telégrafo foi uma revolução no século 18. Com essa máquina, era possível digitar uma mensagem que chegava em poucos instantes no local desejado através de código.

No Brasil, as cartas chegaram junto com os primeiros portugueses. Assim que a esquadra de Cabral aportou, Pero Vaz de Caminha enviou uma correspondência ao rei, comunicando o descobrimento das novas terras. Na carta, Pero Vaz de Caminha mostra como foi o primeiro encontro entre os portugueses e os indígenas. Um pequeno trecho: “Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel.”

“A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência.”

A história epistolar está cheia de cartas abertas, aqueles que são escritos com a intenção de serem lidos por um grande público.

Por exemplo, a carta escrita por Martin Luther King Júnior destinada aos Companheiros Clérigos, conhecida com a Carta da prisão de Birmingham. King escreveu: “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”. “'Qualquer pessoa que vive dentro dos Estados Unidos nunca pode ser considerada um estranho em qualquer lugar dentro de seus limites”.

Temos a carta de Gandhi para Adolf Hitler: “É evidente que, no momento, o senhor é a única pessoa do mundo capaz de impedir uma guerra que pode reduzir a humanidade ao estado de barbárie. O senhor pagaria esse preço, por mais valioso que lhe pareça o objetivo que tem em mente?” A carta, datada de 23 de julho de 1939, pedia que o ditador evitasse conflitos armados. O escrito nunca chegou ao destinatário por uma intervenção do governo britânico. Poucos meses depois, em setembro, a Alemanha invadiu a Polônia no episódio que marcou o início da Segunda Guerra Mundial.

Não podemos esquecer, entre os livros que formam a Bíblia, as 21 cartas escritas por Paulo e outros seguidores de Cristo, direcionadas aos povos, como os romanos e os habitantes da cidade de Corinto, na Grécia Antiga.

Algumas cartas marcam a história do nosso país, como por exemplo, as escritas por Princesa Isabel, Getúlio Vargas e Jânio Quadros.

Por uma carta, mais especificamente uma carta de lei, a Princesa Isabel, em 1888, extinguiu a escravidão do Brasil. O documento, escrito com caligrafia rebuscada, brasão imperial e tinta em tons de preto, azul, vermelho e dourado, ficou conhecido como Lei Áurea.

Ressaltamos, também, as duas cartas deixadas por Getúlio Vargas, horas antes do suicídio, em 24 de agosto de 1954, e dirigida ao povo brasileiro. Uma carta escrita e outra datilografada, que a imprensa divulgou como oficial. Há controvérsias quanto a autoria, mas nunca conseguiu-se provar quem realmente teria escrito se não o próprio Vargas.  Em ambas, destaca-se o final contundente: “... lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história. ”

E dentro do mesmo contexto, a carta melancólica de despedida de Jânio Quadros. Getúlio Vargas, está longe de ser o único presidente a usar cartas para justificar ou tomar decisões. O ex-presidente do Brasil Jânio Quadros (1917-1992) usou o recurso para anunciar sua renúncia, depois de sete meses no comando do país. “Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores”, escreveu.

Importante lembrar, o filme “Central do Brasil”, obra cinematográfica de Walter Salles. No filme, a personagem de Fernanda Montenegro, através da personagem Dora, uma amargurada ex-professora, escreve cartas para pessoas que não aprenderam a ler e escrever. Infelizmente, para não fugir da regra, ela embolsa o dinheiro sem sequer postar as cartas. No filme, conhecemos fragmentos de histórias de um povo sofrido, mas cheio de sonhos e esperança.  Nesse contexto, se apresenta o problema do analfabetismo, falta de oportunidades, desigualdade no país e a desonestidade brasileira. Esse filme, recebeu diversas premiações em Festivais no mundo todo, sendo indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte de sua estreia.

As cartas sempre estiveram presentes em minha vida, na infância e pré-adolescência escrevia cartas para meus avós e quando cheguei na juventude, comecei escrever cartas de amor para minha amada Maria. Até hoje guardo as 34 cartas que escrevi no período, principalmente de namoro/noivado, sem contar as cartas também escritas por ela, nesse período.  Todas elas me levam de volta ao passado. Considero meu “tesouro literário”. O ato de abrir o envelope e ler algumas palavras de quem a gente gosta, a quem queremos bem, tem um valor indizível, invisível, incomensurável. Eu me lembro de quando contava os dias para receber a resposta das cartas enviadas.

A escrita ajudava-nos muitas vezes a expressar de forma mais clara os sentimentos que palpitam no nosso interior. Para escrever uma boa carta de amor não era preciso ser um Pablo Neruda. Ele dedicava-se a esta arte. 

Escrever uma carta, dedicar tempo a pensar em versos, em frases que encantam, ou mesmo, de maneira simples tentar traduzir sentimentos em palavras de amor, parece distante para muitas pessoas  na correria dos dias atuais.

A carta manuscrita ainda é um meio carinhoso de comunicação com às pessoas amadas. A carta carrega coragem em suas linhas, e os “ecos vibrantes da saudade” nas entrelinhas. Ela tem singularidades incomparáveis. Sempre irá carregar um pouco de quem você é, de como está, como se sente. A carta escrita à mão carrega muito mais do que palavras. É troca de amor e de dor, de alegria e tristeza, de sabedoria e aprendizado, de mudança e permanência. Enfim, é veículo de sentimentos reais.

Conforme escreveu o professor português Vasco Botelho de Amaral, “As cartas amorosas imortalizam vivências e sentimentos do casal. Funcionam não apenas como um modo de comunicar, mas em especial de tornar presente, de substituir aquele que a escreveu – e que está ausente – pelo que está escrito”.

Em meio a tantas palavras é difícil não se emocionar, não se divertir, não se remeter a um mundo que quase não existe mais. É tão bom ler cartas! Não sei se meus filhos ou netos lerão cartas. Acho que só "e-mails" que possivelmente serão rapidamente deletados. É uma pena...

A carta é um abraço dado à distância. É a expressão do amor em silêncio. É por isso que o papel que contém palavras impressas do e-mail recebido nunca será a mesma coisa que a carta escrita de próprio punho.

Em um mundo onde tudo é tão rápido e instantâneo, dedicar tempo e emoção para escrever uma carta é realmente uma demonstração de apreço pelo destinatário da carta.

Hoje, só abrimos as seguintes correspondências: contas, propagandas, panfletos de ofertas. Só. Uma lástima.

Ainda bem que existe o período do Natal, pois é nessa época que aumenta a demanda de cartas pessoais, pois Papai Noel é o responsável por esse aumento.

O evangelho diz que o homem sábio sabe tirar do seu tesouro coisas velhas e coisas novas (Mateus 13, 52). Portanto, precisamos saber tirar lições do passado e do presente, para direcionar melhor o nosso futuro! Ter a coragem de enxergar aquilo que funciona e que não funciona, e fazer escolhas livres, conscientes e responsáveis.

Se por um lado é verdade que algumas coisas do passado não servem mais para hoje, também é verdade que precisamos resgatar muitas coisas, que deram e podem continuar dando certo hoje.

18/12/2022

O Homem que abalou os alicerces da história humana através de sua própria história

Todos sabemos que o mês de dezembro é um mês doce e cheio de significado para as nossas vidas ou melhor, para toda humanidade cristã, pois comemoramos no dia 25 de dezembro o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

É tempo de repensar valores, de ponderar sobre a vida e tudo que a cerca. É momento de deixar nascer essa criança pura, inocente e cheia de esperança que mora dentro de nossos corações.

É tempo de refletir sobre o significado de comemorar o nascimento de Jesus, o que Ele significa para o ser humano e que Ele veio para nos salvar dos pecados e nos dá a vida eterna com Deus.

Fazendo um pequeno retrospecto, podemos dizer que a história de Jesus Cristo teve particularidades em toda a sua trajetória: do nascimento à morte. Ele abalou os alicerces da história humana através de sua própria história. Seu viver e seus pensamentos atravessaram gerações, varreram os séculos, embora de nunca tenha procurado status social ou político.

Ele cresceu sem se submeter à cultura clássica do seu tempo. Quando abriu a boca, produziu pensamentos de inconfundível complexidade. Tinha pouco mais de trinta anos, mas perturbou profundamente a inteligência dos homens mais cultos de sua época.

Sua vida sempre foi árida, sem nenhum privilégio econômico ou social. Conheceu intimamente as dores da existência. Contudo, em vez de se preocupar com as suas próprias dores e querer que o mundo gravitasse em torno das suas necessidades, ele se preocupava com as dores e necessidades alheias.

Teve um nascimento indigno, e os animais foram suas primeiras visitas. Provavelmente, até as crianças mais pobres têm um nascimento mais digno do que o dele. Quando tinha dois anos, deveria estar brincando, mas já enfrentava grandes problemas. Era ameaçado de morte por Herodes. Poucas vezes uma criança frágil e inocente foi tão perseguida como ele. Fugiu com seus pais para o Egito, fez longas jornadas desconfortáveis, a pé ou no lombo de animais.

Com apenas 12 anos de idade, os doutores da lei, admirados, sentavam ao seu redor para ouvir sua sabedoria (Lucas 2, 39-44). Seus discípulos ficavam continuamente atônicos com sua inteligência, enquanto seus opositores emudeciam diante do seu conhecimento e faziam “plantão” para ouvir suas palavras (Mateus 22:22). Tornou-se um carpinteiro, tendo de labutar para sobreviver. 

A inteligência do carpinteiro de Nazaré era tão impressionante que ele discursava sobre temas que só seriam abordados pela ciência 19 séculos depois, com o surgimento da psiquiatria e da psicologia. Cristo se adiantou no tempo e discorreu sobre a mais insidiosa das doenças psíquicas, a ansiedade (Mateus 6, 25-34).

Cristo tanto prevenia a ansiedade como discursava sobre o prazer de viver. Dizia: “Olhai os lírios dos campos” (Mateus 6:28). Queria que as pessoas fossem alegres, inteligentes, mas simples. Porém, assim como seus discípulos, nós não sabemos comtemplar os lírios dos campos, ou seja, não sabemos extrair o prazer dos pequenos momentos da vida. A ansiedade estanca esse prazer.

Ao analisar a história de Jesus, fica claro que os invernos existenciais pelos quais ele passava não o destruíam, pelo contrário, geravam nele uma bela primavera existencial, manifesta em sua sabedoria, amabilidade, tranquilidade, tolerância.

Foi incompreendido, rejeitado, zombaram dele, cuspiram em seu rosto. Foi ferido física e psicologicamente. Porém, apesar de tantas misérias e sofrimentos, não desenvolveu uma emoção agressiva e ansiosa; pelo contrário, exalava tranquilidade diante das mais tensas situações e ainda tinha fôlego para discursar sobre o amor no seu mais poético sentido.

Jesus não tinha preconceitos. Falava com as pessoas em qualquer ambiente. Não perdia oportunidade para conduzir o ser humano a se interiorizar. Era de tal forma contra a discriminação que fazia com que os moralistas da sua época tivessem calafrios diante das suas palavras. Teve a coragem de dizer aos fariseus que os corruptos coletores de impostos e as meretrizes os precederiam em seu reino (Mateus 21:31). Os coletores de impostos eram odiados e as prostitutas eram apedrejadas na época. Todavia, o plano transcendental de Cristo arrebata a psicologia humanista. Nele alguém considerou tão dignas pessoas tão indignas. Nunca alguém exaltou tanto pessoas tão desprezadas. Nunca alguém incluiu tanto pessoas tão excluídas.

Quando queria demonstrar que era contra qualquer tipo de discriminação, economizava no discurso e tinha atitudes inesperadas. Se queria demonstrar que era contra a discriminação por razões estéticas ou doenças contagiosas, ia fazer suas refeições na casa de Simão, o leproso. Quando queria demonstrar que era contra a discriminação das mulheres, tinha complacência e gestos amorosos para com elas diante das pessoas mais rígidas. Se era contra a discriminação social, ia jantar na casa de coletores de impostos, que eram a “raça” mais odiada pela cúpula judaica.

Sua delicadeza para incluir e cuidar das pessoas excluídas socialmente representava um belo retrato de sua elevada humildade. Era tão sociável que participava continuamente de festas. Participou da festa em Caná da Galileia, da festa da Páscoa, do tabernáculo e de muitas outras.

A proposta de Cristo do perdão é libertadora. A maior vingança contra um inimigo é perdoá-lo. Ao perdoá-lo, nos livramos dele, pois ele deixa de ser nosso inimigo. O maior favor que fazemos a um inimigo é odiá-lo ou ficarmos magoados com ele. O ódio e a mágoa cultivam os inimigos dentro de nós.

Cristo viveu a arte do perdão, Perdoou quando rejeitado, quando ofendido, quando incompreendido, quando ferido, quando zombada, quando injustiçado; perdoou até quando estava morrendo na cruz. No ápice da sua dor, disse: “Pai, perdoai-os pois eles não sabem o que fazem...” (Lucas 23:24). Esse procedimento tornou a trajetória de Cristo livre e suave.

A prática do perdão de Cristo era fruto da sua capacidade incontida de amar. Com essa prática, todos tinham contínuas oportunidades de revisar a sua história e crescer diante dos seus erros. O amor de Cristo é singular, ninguém jamais pode explicá-lo.

Cristo se doou e se preocupou ao extremo com a dor do “outro”, mas ninguém se preocupou com a sua dor. Foi ferido e rejeitado sem oferecer motivos para tanto. Era tão dócil, e sofreu tanta violência. Não queria o trono político, mas o trataram como se fosse o mais agressivo dos revolucionários.

Se Cristo vivesse nos dias de hoje, também seria uma ameaça para o governo local? Seria drasticamente rejeitado? Provavelmente, sim. Embora preferisse o anonimato e não fizesse propaganda de si mesmo, não conseguiu se esconder. É impossível esconder alguém que fale o que ele falou e faça o que ele fez.

Mesmo que Cristo não tivesse feito nenhum milagre, os seus gestos e pensamentos foram tão eloquentes e surpreendentes que, ainda assim, ele teria dividido a história... Depois que ele passou por essa sinuosa e turbulenta existência, a humanidade nunca mais foi a mesma. Se o mundo político, social e educacional tivesse vivido minimamente o que Cristo viveu e ensinou, nossas misérias teriam sido extirpadas, e teríamos sido uma espécie mais feliz...

O Natal é simplesmente uma ternura do passado, o valor do presente e a uma esperança do futuro. Que o Natal nos traga a paz e iluminação Divina, e esperança para um ano novo de sementes e frutos de felicidade, paz, amor e saúde. E que os ensinamentos de Nosso Jesus Cristo nos faça derrubar as barreiras criadas por ideologias políticas e que aprendamos a construir pontes de união e fraternidade.

Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

Referência bibliográfica:

Cury, Augusto Jorge, O Mestre dos Mestres. Rio de Janeiro. Editora Sextante, 2006.

24/09/2022

Se as palavras ensinam, os exemplos arrastam

Nas diversas fases de nossa caminha nesse mundo de Deus, convivemos ou conhecemos pessoas que tivemos a alegria de exaltar pela sua conduta ou melhor dizendo pelo seu exemplo de vida. Não tenho dúvida que para a maioria das pessoas, os pais e os avós foram os primeiros a serem colocados neste universo. Na maioria das vezes perpetuam por toda vida.  Em determinada fase, que chamamos escolar, nosso círculo social começa ter uma abrangência bem maior. Novos exemplos de vida começam ser observados por nós. Sejam professores ou até mesmos colegas.

Graças a Deus, nos meus sessenta de três anos de vida, tive a felicidade de conviver e conhecer muitas pessoas, que pelos seus exemplos de vida, ajudaram nas minhas decisões e atitudes. Vou apenas ressaltar, com muito orgulho, os ensinamento do meu pai (já falecido), principalmente pelo seu senso de justiça e honestidade, de minha mãe pela simplicidade, humildade, e a preocupação de sempre ajudar o próximo, e de minha Comadre Azinete, como exemplo de fé.  Ela, mesmo com os reveses da vida, tais como, perda trágica do seu filho Luiz Henrique (meu afilhado) e os problemas de saúde do seu marido Djalma (falecido), buscou na religião ou melhor nos braços de Jesus a força necessária para continuar sua missão neste mundo de Deus. Como ela uma vez me disse: “Eu sou apenas uma humilde serva do meu Senhor Jesus”. Não podemos esquecer que para vivermos uma fé verdadeira, precisamos crer incondicionalmente na manifestação de Deus em nossa vida.

Fazendo uma abrangência, podemos afirmar que em qualquer segmento da sociedade, seja em instituições públicas e privadas, religiosas, políticas e esportiva, etc., é possível de encontrar pessoas que sejam exemplos de vida. Infelizmente atualmente está difícil de se encontrar nas instituições políticas.

Ao longo da história muitos líderes políticos, religiosos, educadores, e atletas, foram exemplo no seu tempo. Muitas dedicaram integralmente suas vidas a fazer o bem ao próximo. Por exemplo: São João Paulo II que teve uma juventude muito dura pelo ambiente de ódio e destruição da Segunda Guerra Mundial. Durante seus mais de 25 anos de pontificado, São João Paulo II teve um espírito missionário. Promoveu o diálogo inter-religioso. Um de seus gestos mais recordados foi pedir perdão pelos pecados da Igreja em toda sua história. 

A Beata Albanesa Teresa de Calcutá, de coração indiano fundou, a pedido de Deus, uma congregação religiosa ao serviço dos mais pobres entre os habitantes da Índia. Dedicou-se a percorrer os bairros pobres, visitou famílias, lavou as feridas das crianças e ajudou os necessitados, entre eles os leprosos e os chamados “intocáveis”, a casta hindu mais baixa. 

O ativista norte-americano Martin Luther King que lutou contra a discriminação racial e tornou-se um dos mais importantes líderes dos movimentos pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

O Sul-Africano Nelson Mandela que foi um símbolo de resistência na luta contra o movimento Apartheid, legislação que segregava os negros no país. Nelson Mandela se tornou referência mundial na busca por uma sociedade democrática e igualitária.

A religiosa católica brasileira Irmã Dulce (1914-1992) que dedicou a sua vida a ajudar os doentes, pobres e os mais necessitados. Foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010, passando a ser reconhecida com o título de "Bem-aventurada Dulce dos Pobres".

No futebol brasileiro, na minha opinião, o nosso Pelé ou melhor Edson Arantes do Nascimento, foi um dos profissionais do esporte que podemos considerar como exemplo tanto dentro como fora do campo. Maior mito do futebol nacional de todos os tempo.

Antigamente, nas cidadezinhas do interior do País, a população reconhecia as três maiores autoridades do município: o padre, o prefeito e o delegado. Nos município que tinha Juiz de Direito, entrava também no rol das autoridades.

Cada qual, à sua maneira, exercia influência específica sobre o comportamento das pessoas, principalmente diante de algum entrevero, que inevitavelmente exigia uma providencial interferência dessas personalidades. Independentemente do tempo, sempre serão pessoas que precisam dar bons exemplo de conduta.

Não podemos esquecer que tudo começa dentro da unidade familiar. Da mesma forma que os pais são exemplos de autoridade dentro da família, eles são também modelos para seus filhos, que observam seus comportamentos o tempo todo. Todavia, assim como os pais, os avós, os tios e os irmãos mais velhos, devem também ser inspiração para os filhos como exemplo de vida. Nossos filhos, desde o momento em que nascem, são esponjas que estão aprendendo sobre tudo ao seu redor. Nossas ações são muito mais poderosas do que qualquer palavra que digamos.

É incrível parar e pensar o quanto somos exemplo para nossas crianças 24 horas por dia. Os pais são a primeira referência comportamental da criança, portanto é comum que copiem deles não só o falar e andar, como também atitudes e hábitos de vida. Os filhos são como espelhos.

Não há discurso mais equivocado do que o famoso: “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”. Apesar de ser importante se comunicar de forma objetiva e coerente, as nossas atitudes precisam estar alinhadas na mesma direção de nossa fala.

Em I Coríntios 11.1, Paulo diz à igreja: “Tornem-se meus imitadores, como eu sou de Cristo”. A Palavra foi dirigida à igreja do Senhor, mas poderia ser aplicada dentro do lar, para pais e filhos. Paulo quis dizer que ele era exemplo de uma pessoa que obedecia a Deus e orientou a igreja a que o seguisse. Com base nesse ensinamento, temos que sempre manter a coerência e evitar o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Lembramos que nos círculos sociais, que os nossos filhos estão inseridos, como por exemplo no sistema educacional, tanto os diretores quanto os professores têm responsabilidade de serem exemplo de conduta. Assim como os orientadores religiosos, sejam padres, pastores ou religiosas. Os mesmos foram escolhidos por Deus, do meio do Povo, com a missão de ensinar o caminho certo, de colaborar com a santificação do Povo de Deus e de governar com justiça a comunidade que lhe é confiada. Consequentemente, têm uma responsabilidade muito grande quando falamos em “ser exemplo”.

De qualquer forma, uma coisa tenhamos certeza, pai ou mãe serão provavelmente o maior exemplo, o maior ponto de referência, que os filhos terão na vida.

Como exorta o Proverbio 22.6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar. E, ainda quando for velho, não se desviará dele”.

Não podemos esquecer de ser exemplo de conduta no ambiente de trabalho, independentemente de estar ou não numa posição de liderança. Vivemos num momento em que cada atitude que tomamos fica registrada de alguma forma, exigindo de nós grande atenção quanto aos nossos compromissos e ética. Ser uma pessoa ética em sua vida pessoal reflete diretamente na sua capacidade de servir de exemplo para os seus colegas. Imaginem um CEO (Chief Executive Officer) fazendo uma visita de rotina no chão de fábrica, sem óculos de segurança, numa área onde existe a obrigatoriedade de se utilizar o óculos de segurança. Que exemplo de segurança este administrador está passando para todo quadro de funcionário? Ou ainda, um agente da Policia Rodoviária Federal, dirigindo uma moto sem capacete?  

Infelizmente em nosso pais, parece que as lideranças políticas esqueceram que precisam de diversas competências para exercer a função com excelência, entre estas atribuições fundamentais, destaca-se o “ser exemplo”. Nunca poderão esquecer que suas atitudes podem ecoar de maneira positiva ou negativa na população. O que eles dizem ou fazem podem se tornar fios desencapados que ocasionem curtos circuitos e faíscas, e produzir pequenos ou grandes incêndios na estabilidade social e econômica da nação.

Temos a consciência que dizer o que outras pessoas precisam fazer é fácil, mas tomar atitude e fazer para ser exemplo não é tão fácil assim. Não há quem nunca ouviu alguém dizer: “falar é fácil, difícil é fazer”. Porém se não tivermos a consciência e perseverança de que ser exemplo é a luz que pode iluminar os nossos caminhos e principalmente das pessoas que caminha ou passam por nós na estrada da vida, não cumpriremos nossa missão nessa terra e fiquemos certo que nossos tropeços serão muito maiores que as conquistas.

Sempre devemos lembrar do nosso maior exemplo de vida: Jesus Cristo. Dedicou toda a sua vida em benefício do próximo. Inclusive, Jesus defendia padrões de morais e ética, os quais já haviam sido esquecidos pela sociedade religiosa e hipócrita daquela época. Ser um exemplo de Jesus Cristo é um grande privilégio. Não é tão fácil como parece, mas precisamos sempre trabalhar e policiarmos na nossa maneira de ser e agir para que esse objetivo seja alcançado. Para ser diferente e exemplo de vida é preciso mudar. Não somente devemos ser exemplos em nossa linguagem, procedimento e amor para com outros, mas também devemos ser um espelho em nossas atitudes interiores

Na dúvida, lembre-se da sabedoria do provérbio: “se as palavras ensinam, os exemplos arrastam”. Ou seja, se tiver que começar por algum ponto, comece por si mesmo. Reavalie suas atitudes antes de mais nada, pois só assim conseguirá transmitir ensinamentos verdadeiros e inspiradores.

Lembrando de uma frase de Barack Obama: “Você não precisa provar nada a ninguém. Seus atos e comportamentos dirão quem você é."

Se a vida é uma grande escola onde permanecemos em constante aprendizagem, o que falta para sermos exemplo de Vida?

06/05/2022

Mãe, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba

O mês de maio é recheado de celebrações importantes que chamam as pessoas a refletir sobre diversos temas. As datas comemorativas revestem-se de importância por representarem o esforço de se manter vivo na memória coletiva algum acontecimento ou homenagem com certa relevância social. Nesse nosso artigo vamos lembrar de quatro datas, ou melhor, acontecimentos, com destaque para um deles.

Primeiramente, o dia 1°de maio, que é marcado como o Dia Mundial do Trabalho ou o Dia Nacional e Internacional do Trabalhador. Uma greve da classe operária nos Estados Unidos em 1886, deu início ao que hoje é comemorado o Dia do Trabalho em muitos países.

Segundo acontecimento, a data da abolição da escravatura, que foi o acontecimento histórico mais importante do Brasil, após a Proclamação da Independência, em 1822. No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravos no país. Sobre este dia, Machado de Assis escreveu anos depois na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de Notícias: “Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto”.

Neste mesmo dia da assinatura da Lei Áurea, os católicos recordam a primeira das aparições de Nossa Senhora aos três Pastorinhos - Jacinta, Francisco e Lúcia - que ocorreu na cidade de Fátima, em Portugal, no ano de 1917. Sendo, portanto, comemorado o dia de Nossa Senhora de Fátima.

Por último, o dia das mães que é uma data comemorativa celebrada, no Brasil, no segundo domingo do mês de maio, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento, no sentido da bondade e da solidariedade humana.

Considera-se que o Dia das Mães surgiu nos Estados Unidos, bem no começo do século XX. Apesar disso, os historiadores enxergam algumas semelhanças entre essa data comemorativa e algumas celebrações realizadas na Antiguidade clássica, isto é, na Grécia e Roma antigas. Não existe uma associação direta, entre a celebração moderna e a realizada na Antiguidade, mas os historiadores pontuam-nas em diálogo para demonstrar que festivais em homenagem à figura materna não são uma exclusividade do mundo contemporâneo. Na Grécia, por exemplo, celebrava-se Reia, a mãe dos deuses. Podemos observar então que, desde tempos muito remotos, as mães são enxergadas como figuras importantes dentro da família e da sociedade.

A norte-americana Anna Maria Jarvis (1864-1948) é considerada a idealizadora do modelo contemporâneo do Dia das Mães. Em 1905, ela perdeu a mãe, que também se chamava Ann Jarvis, e entrou em depressão.

Preocupadas com ela, suas amigas resolveram dar uma festa, para perpetuar a memória da mãe de Anna e, ao mesmo tempo, tentar animá-la. Anna quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, independentes de estarem vivas ou mortas, e em pouco tempo a comemoração se propagou por todo país. Em 1914, a data foi oficializada pelo presidente Woodrow Wilson, e passou a ser comemorada no dia 9 de maio. Aos poucos, a homenagem foi se espalhando para outros países.

Sua mãe era reconhecida como uma "grande mãezona" na comunidade onde vivia, no Estado americano da Virgínia Ocidental.  Conhecida por realizar trabalho social, com outras mães, sobretudo no período da Guerra Civil Americana. Participante da Igreja Metodista, dedicou sua vida ao ativismo social.

A popularização dessa data nos Estados Unidos fez com que ela fosse exportada para o Brasil. Os historiadores falam que a primeira celebração do tipo aconteceu aqui em 12 de maio de 1918, quando uma organização cristã realizou essa comemoração em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. O Dia das Mães só foi oficializado no Brasil na década de 1930, quando o presidente Getúlio Vargas emitiu o Decreto nº 21.366, em 5 de maio de 1932. Por meio desse documento, determinou-se o segundo domingo de maio, como momento para comemorar os sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana.

Interessante, que a data só se consolidou anos depois, durante o regime militar (1964 a 1985).

Já pensaram o que seria o mundo sem as mães? Um caos total. As mães são essenciais para a sociedade, possuem uma tarefa árdua de ensinar, cuidar e amar. Elas possuem forte influência sobre seus filhos e seu amor é incomparável.

Ser mãe, é gerenciar diariamente crises, ser enfermeira, professora, psicóloga, chefe de cozinha, economista e uma série de outras profissões

Muitos estudiosos afirmam que durante a primeira infância, isto é, até seis anos, o caráter da criança já está moldado em 75%. Por isso, seu modo de amar, de agir, de repreender e falar, têm grande interferência em seus filhos e uma mãe sábia, cria filhos sábios e que são motivo de orgulho para ela e não de vergonha. Como está escrito em Provérbios 22:6: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”.

Ser mãe, é sonhar com o filho antes mesmo dele existir no ventre. Ser mãe, é se desdobrar em cuidados e atenção aos filhos. Ser mãe, é ver o perigo antes mesmo dele existir. Ser mãe, é dormir tarde e acordar cedo para conciliar todas as suas outras atividades. Ser mãe, é amar incondicionalmente. Ser mãe, é amar sem esperar nada em troca.

Ser mãe, é ter seu ventre abençoado por Deus e a incumbência de educar, ensinar, amar, cuidar, zelar e se doar. Educar não apenas oferecendo uma boa escola e atividades extracurriculares. Educar, vai muito além disso, nos leva a refletir no espiritual também, ensinar o Caminho da Verdade. Essa é a responsabilidade das mães, ensinar que os filhos não estarão sozinhos, após a nossa partida, eles sempre terão a companhia de Deus.

Enfim: “Ser mãe é dom de Deus!”. 

Nesse momento não tenho como não falar em Maria, mãe de Jesus. Mulher escolhida soberanamente por Deus pela qual nosso Senhor e Salvador veio ao mundo. Ela também é conhecida como Maria de Nazaré. Pouco se sabe sobre quem foi Maria, e sobre seus pais, especialmente com respeito a detalhes biográficos. Mas a história de Maria, conforme narrada nos Evangelhos, já é suficiente para entendermos a importância dessa mulher.

Ela foi uma mulher bem-aventurada e digna de ser imitada, pelo seu exemplo de humildade, fidelidade e abnegação diante dos planos de Deus. Infelizmente algumas pessoas, que criticam a teologia católica, menosprezam e subestimam completamente a mulher a quem Deus escolheu soberanamente para receber a incalculável honra de dar à luz a Jesus Cristo.

Depois desse passeio na história, sobre a criação do dia das mães e a importância dessa homenagem, quero exaltar três mulheres em minha vida.

Primeiramente minha mãe Ruth que me colocou no mundo pela graças de Deus. Me ensinou o caminho do bem, da gratidão e da justiça. O seu coração é tão grande e generoso quanto a imensidão do universo. Tem uma expressão popular que ela sempre gosta de me dizer: “se a vida te der um limão, faça uma limonada”. Esse frase carrega um sentido muito forte, que podemos utilizar como uma filosofia para superar as adversidades em nossa vida. Enfim, sempre tem uma palavra que acalma e orienta.

A segunda mulher, minha querida Maria José, minha companheira. Uma mãe guerreira sempre disposta a lutar pela felicidade de seus filhos e agora seu neto. Uma mãe fenomenal. Exemplo de força e dedicação.

A terceira mulher, minha filha Nanda. Uma mãe amorosa, carinhosa, atenta. Posso dizer, uma mãe recente mas que desde cedo carrega no coração e traduz em ações o que é ser mãe.

Concluindo, quero celebrar o dia das mães, agradecendo a todas as mães pela dedicação, amor e carinho que dão aos seus filhos diariamente, lembrando de um pequeno trecho da música “Mãe, um pedacinho do céu, composta pela dupla de compositores da Jovem Guarda Ed Wilson e Carlos Colla, gravada originalmente pelo pernambucano Leonardo Sullivan:

“Para mim sou grande.  Mas pra ela pequenino.  Sou adulto mas pra ela sou menino

Quando olha pra mim seus olhos brilham.  Um amor feito de sonho. De alegria e de esperança.

Se estou junto dela sou criança.  O mundo é muito mais bonito.  Sem pecado e sem perigo.

E ninguém no mundo vai gostar de mim.  Como ela gosta.

Se eu estou errado ou certo não importa. Na alegria ou na tristeza ela está sempre comigo.

Na hora do prazer me lembro dela.  Mas na hora da tristeza e da saudade é meu abrigo.

Por mim ela não mede sacrifícios.  Pode parecer difícil que alguém ame desse jeito.

Acontece que ela é a minha mãe.  E mãe é sempre assim.

Mãe, palavra que Deus inventou.  Um anjo que à Terra chegou.  Voando nas asas do amor.

Mãe, palavra mais doce que o mel.  Talvez um pedacinho do céu. Que Deus transformou em mulher”.

17/03/2022

Duas vezes trinta

Nos meus primeiros anos escolares, após a fase de alfabetização, uma das matérias que eu mais gostava era “História do Brasil”.  Possivelmente, se alguém naquela época me perguntasse a razão, eu não saberia dizer. Hoje responderia que essa ciência que estuda a vida do homem através do tempo, investigando o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais, nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer em nosso tempo.

Em resumo, a história é a ciência do passado e do presente. Todavia, o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado tem que ser recriado, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo.

De qualquer forma, ao estudarmos história, as datas relacionadas a fatos históricos passam a ter uma importância significativa, pois fazem a gente viajar no tempo em determinado ponto específico do passado.

Não tenho dúvida que a minha primeira viagem no tempo foi quando me ensinaram sobre o descobrimento do Brasil. Assim sendo a data de 22 de abril de 1500, ficou sendo uma data marcante em minha infância,

Mas na nossa trajetória terrestre, vamos mudando de fase, passamos de criança para adolescente e depois adolescente-jovem, até atingirmos a fase de adulta e em complemento as datas relacionadas a fatos históricos, outras datas começam a marcar ou ter uma importância significativa em nossas vidas. Sejam datas de aniversários de familiares, de pessoas que passamos a conviver em nosso ciclo de amizade ou datas que marcam nossa existência.

Para mim, essa data ocorreu no dia 03 de dezembro de 1977. Já se passaram quarenta e cinco anos. Esse foi o dia que começou minha caminhada com a minha alma gêmea. A conclusão desse ciclo ocorreu em 10 de dezembro de 1982 quando através da Lei dos Homens e os Mandamentos de Deus estabelecemos nosso vínculo matrimonial. Lembrando do Livro do Gênesis (2:24): “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”.

A partir do início de um novo ciclo, novas datas relevantes passaram a fazer parte de nossas vidas. Primeiro ocorreu em 08 de janeiro de 1986 no nascimento de nossa primogênita Nanda. Depois em 26 de maio de 1989, nascimento do nosso filho Ewerton.

Outros fatos relevantes ocorreram nessa caminhada, como por exemplo as formaturas de Nanda e Ewerton, o casamento de Nanda com Thiago e por último nascimento do nosso neto Lucas.

Mas a vida continua, as vezes marcada por eventos felizes, outras vezes eventos tristes, mas isso está na mão de Deus. Enquanto isso vamos comemorando as vitórias em nossas vidas e também os aniversários dos nossos entes queridos.

Pois bem, hoje tenho uma data importantíssima para comemorar, a passagem de minha alma gêmea Maria José para uma nova fase da vida. Nesse 19 de março de 2022 (Dia de São José), minha Maria completa sessenta anos.

Desses sessenta anos, participei de sua vida quarenta e cinco anos como namorado, noivo e amante a moda antiga. Quantas cartas escritas recheadas de muito paixão na fase de namoro. Quantos sonhos que se tornaram realidades na fase de noivado. Quantos desafios e conquistas passamos juntos principalmente no início do nosso casamento e nos primeiros anos de vida de nossos filhos. Em muitas vezes você foi mãe e pai em decorrência da minha vida laboral. Teve uma participação ativa na vida escolar dos nossos pequenos, indo levá-los e busca-los na escola no nosso velho Buggy Tropical. Uma torcedora vibrante nos jogos escolares de nossos filhos. Um mulher guerreira sempre disposta a lutar pela felicidade de seus filhos e agora seu neto. Uma mãe fenomenal!

Quero reforçar e lembrar a importância da nossa fé cristã durante toda essa caminha, sem nunca esquecer que o casamento foi criado por Deus, trata-se de uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher e que deve ser tratada com respeito e reverência. O segredo para um casamento feliz é convidar que Jesus faça parte do relacionamento, para que o casal possa ser usado para a glória de Deus, sendo uma bênção para outras pessoas. “Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe" (Mateus 19:6).

Hoje você completa sessenta anos, e que linda idade, que lindo número é esse, principalmente com este seu espírito jovem. Você demonstra todos os dias como a idade não passa de um número, e que a juventude se sente no coração e não na carteira de identidade.

Fique certa que fazer 60 anos deixa a vida leve. Parece que passamos por todas as fases complicadas e agora estamos com o poder de ressignificar nossa história.

Os japoneses consideram fazer 60 anos uma honra, e chamam à celebração é “Kanreki”. Essa etapa da vida é vista como um renascimento. Eles acreditam que quando uma pessoa completa 60 anos, ela já passou pelo ciclo do zodíaco chinês cinco vezes e agora está de volta ao seu zodíaco original.  O significado da palavra “Kanreki” deriva das palavras kan (retorno) e reki (calendário). Simplificando, fazer 60 anos é visto como sua chance de começar de novo.

Assim, lembre-se que a idade, em si, é o menos importante. O que importa é o seu momento de vida, que é um caderno em branco pronto para ser escrito.

Enfim, feliz aniversário, minha querida esposa. Que você continue sendo sempre essa mulher apaixonante e iluminada, com quem aprendi a amar. Que Deus ilumine seus passos, aonde quer que você vá. Que Ele encha seus caminhos de alegrias, te dê muitas felicidades e continue renovando seu espírito com fé, alegria e esperança, ano após ano. Que o Senhor te acompanhe todas as horas. Que Ele nunca solte a sua mão e lhe proteja contra tudo e todos.

Feliz aniversário, minha querida amada Maria!

08/01/2022

DÁDIVA DE DEUS

Antes de entrar em uma nova fase da minha vida, denominada aposentado, eu trabalhava na Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC).

Durante um determinado período, tivemos um gerente Recursos Humanos que todas as vezes que a equipe comemorava o aniversário de um colega, na sua mensagem para o aniversariante, lembrava dos acontecimentos históricos daquela data.

Copiando a ideia colega Guilherme Poetzscher, relembro de alguns eventos históricos que ocorreram alguns anos atrás na data de 08 de janeiro. Em 1935 nasce o cantor e ator norte-americano Elvis Presley e em 1976 tivemos o nascimento do cantor e compositor brasileiro Alexandre Pires. Também podemos lembrar que nessa mesma data, sendo em 1959, ano que eu nasci, Fidel Castro chega a Havana, a capital de Cuba, depois de derrubar Fulgêncio Batista e assumir o poder. Talvez esses acontecimentos sejam importantes para os fãs clubes e os analista políticos. Não para mim.

Bem, da mesma forma que destaquei a aposentadoria como uma nova fase da minha vida, posso afirmar que em 08 de janeiro de 1986, também iniciei uma nova fase. Não como profissional, mas como pai.

O jornalista Hélio Fraga no seu livro “Ser pai”, escreveu: “Não se brinca de casar e nem de ser pai e mãe. O casamento tem de ser assumido na plenitude de sua dignidade, de seu compromisso e de sua responsabilidade. Filhos não são objetos descartáveis. São seres humanos, gerados com amor e por amor. Não para serem usados e manipulados, mas para serem valorizados e amados. Entre todas as graves e sérias responsabilidades que um homem pode assumir, ao longo de sua existência, a maior delas é a de ser pai.

Ser pai é muito mais importante (nobre e relevante) que ser ministro do Supremo, CEO da mais poderosa multinacional, general de 4 estrelas, secretário de Estado, governador, prefeito, conselheiro ou diretor de qualquer entidade. Mais importante até que a Presidência da República. Na hora de gerar um filho, todo homem deveria tremer em seus alicerces, não de prazer, mas de viva emoção diante da responsabilidade que está assumindo naquele momento, porque é um ato de múltiplas repercussões presentes e futuras”.

Nanda, minha filha. Não tenho dúvida que ser pai é descobrir que o amor incondicional existe, o maior e mais sincero de todos está bem diante de nós. E foi assim que me senti, quando vi você pela primeira vez, logo após o parto, nos braços de uma enfermeira. Branquinha e vermelhinha. Que emoção. Principalmente quando lhe segurei no colo pela primeira vez sabendo que você chegou ao mundo perfeita e cheia de saúde. Senti naquele momento que você seria uma das pessoas mais especiais que eu teria na minha vida.

Naquela manhã de 08 de janeiro de 1986, eu e Maria José, deixávamos de ser apenas um casal para sermos pais. Uma verdadeira família. Nunca podemos esquecer que os filhos são uma dádiva de Deus.

Mas, os como bem definiu o escritor libanês Khalil Gibran, nossos filhos não são nossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de nós, mas não de nós. E embora vivam conosco, não nos pertencem. Somos apenas os arcos dos quais nossos filhos são arremessados como flechas vivas nesse mundo de Deus.

Já faz algum tempo minha pequena Nanda, que você também está numa nova fase da vida. Não sozinha, mas com o jovem Thiago que através da aliança matrimonial começaram uma vida conjugal.

Há três anos atrás essa caminhada conjugal, gerou o pequeno Lucas -  a coroa dos avós como citado na Bíblia em Provérbios 17:6.

A escritora Raquel na sua crônica “A arte de ser avó”, que mais parece uma declaração de amor do que uma crônica, diz que os netos são como heranças: “você os ganha sem merecer”.

Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...

Filha, hoje você completa mais um ano de vida. É um dia muito especial e cheio de felicidade!  

Parabéns, filha querida! Obrigado pelo eterno privilégio de ser o seu pai e por me dar mais orgulho a cada ano que passa porque é um exemplo de pessoa íntegra, e se comporta de maneira digna em todas as áreas da sua vida.

Que a cada manhã Jesus abençoe seus passos e que nunca lhe falte o brilho do sol para os dias difíceis, a luz da lua para as noites inquietas e o fulgor das estrelas iluminando o seu caminho. Eu estarei sempre aqui, torcendo muito por você e para você, auxiliando os seus dias no que for preciso enquanto nosso Deus me mantiver nessa terra no cumprimento de minha missão.

Um balde de amor, saúde, paz, sucesso e uma chuva de felicidade é o que mais lhe desejo! Não importa a idade que você complete. Você será para sempre a minha pequena Nanda. Feliz aniversário, filha querida!

20/12/2021

Meus amigos

Estamos chegando ao final de mais um Ano e com ele muitas lembranças, muitas histórias para contar, muitos sonhos realizados e outros que ficaram por realizar.

A pandemia da Covid-19 surpreendeu o mundo inteiro e, como disse o Papa Francisco, “deixou a descoberto as nossas falsas seguranças’.  Esse período virou nossa sociedade pelo avesso e mostrou suas entranhas de desigualdades e contradições.

Essa revirada desarrumou o habitual, estacionou o contínuo progredir, fechou empresas e comércios, desempregou. Acentuou algo que nos últimos cinco anos já contaminava o país e nossa gente: polarizações agressivas em todas as áreas, inclusive a religiosa. Há os envenenados por ideologias negacionistas da realidade e, contaminados, recusam a busca da unidade e do desfazer-se do ódio rancoroso.

Mas, tudo isso não impediu que as pessoas continuassem a se comunicar com familiares e amigos, mesmo que não fosse fisicamente, considerando que nos tempos atuais o que não falta é meios de comunicação. 

Nunca podemos esquecer que a amizade é um fio invisível a interligar pessoas num círculo, onde a convivência fraterna faz desabrochar virtudes trazidas pelas forças do amor. O Apostolo Pedro, quando disse: “Granjeai novos amigos”, provavelmente, tinha em mente que essa corrente pudesse se espalhar como um rastilho abraçando a todos os seres.

Para cada fase da nossa longa jornada do berço ao tumulo, são colocadas em nosso caminho pessoas diversas que aparentemente são saídas do nada e que passam a representar um papel importante em nosso viver. São os amigos que suavemente, vão trazendo sua confiança em nosso desempenho, seu apoio para os nossos projetos de vida, sua alegria para os nossos momentos de melancolia, sua reserva e discrição para com os nossos mais íntimos segredos, de tal maneira que, de um momento para outro eles passam a ser imprescindíveis. Um sentimento de mutua satisfação é a tônica que coroa essa convivência. A alegria em estar junto e partilhar aqueles pontos em comum.

A vida, entretanto, não mantém os mesmos amigos em etapas diferentes. De repente essa página é virada em nossa existência e passamos para uma outra fase de vida. Por algum motivo perdemos o contato com aquela amizade que parecia ser eterna.

Nessa nova etapa, novos amigos vão surgindo, outras amizades vão aparecendo, e aquelas antigas se vão e às vezes nem notamos sua ausência. Mas tudo isso faz parte da nossa caminhada nesse mundo de Deus.

Segundo o poeta Drummond, o tempo em anos, meses, semanas e dias foi uma divisão generosa, para nos dar fôlego. Temos sempre planos que pretendemos implantar no próximo ano, tarefas que deixamos para o dia seguinte e por aí vai, sem nos lembrarmos do famoso ditado que diz que "vida é aquilo que acontece enquanto estamos ocupados fazendo planos".

E assim, influenciados por esses princípios, somos inclinados a sentir e pensar coisas típicas desta época de final de ano: sentimentos de angústia, de lamento pelo que deixamos de fazer, de tempo perdido. Tudo isso mesclado com promessas e esperanças de futuras realizações, de melhores tempos e de sonhadas conquistas. Enfim, tempo de reflexão.

Mas, jamais poderemos deixar que o Sol Nascente, que é Jesus Cristo, não brilhe sobre nós. Ora a luz de Jesus é o amor! Quando permitimos que o amor ilumine nossa vida, todas as trevas são dissipadas. Mesmo os momentos difíceis e dolorosos que passamos ganham um sentido novo quando sabemos que Deus nos ama.

A vida como ela é requer de nossa inteligência amorosa e espiritual a disponibilidade, chave para que o melhor aconteça a partir dos sustos, medos e ansiedades.

Maria e José nos apontam um caminho para evitar que, nas surpresas da vida e no inesperado tenhamos a consciência de estar em Deus e não permaneçamos ora superficiais, ora agressivos.

Se nossa busca de serenidade, equilíbrio, saúde mental, em meio às tristezas geradas sem cessar pela pandemia, se inspirar no exemplo da família de Nazaré, ganharemos resiliência, um tanto bom de coragem, de alegria, de crescimento na gestão de nossas emoções.

Jesus, nasce pobre e no meio dos pobres para realizar uma missão de bondade e de amor de modo que todo o mundo se converta para uma vida nova e marcada pela simplicidade.

A criança do presépio, Jesus, nosso Senhor, manifesta o cuidado de Deus Pai para com todas as pessoas do mundo, especialmente as mais abandonadas. Por isso que é importante as famílias manterem a bela tradição de preparar o Presépio, nos dias que antecedem ao Natal.

O Presépio é como um Evangelho vivo que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo templo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade daquele que se fez homem a fim de se encontrar com todo homem, e a descobrimos que ele nos ama tanto que se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a ele.

A origem do Presépio, nos leva a mente a Gréccio, na Valada de Rieti. As Fontes Franciscanas narram, detalhadamente, o que aconteceu em Gréccio. Quinze dias antes do Natal, Francisco (que na época ainda não era São Francisco) chamou João, um homem da região, para lhe pedir que ajudasse a concretizar um desejo:” Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos de que ele padeceu pela falta do necessário a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha de uma manjedoura, entre o boi e o burro”. Mal acabou de ouvi-lo, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado, tudo o que era preciso segundo o desejo do Santo. No dia 25 de dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de vários lugar, e também homens e mulheres das casas da região. Trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro. À vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes. Depois o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura, mostrando também, desse modo, a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia. Assim nasceu a nossa tradição.

Já que Natal significa: nascer, nasçamos então dia 25, e peçamos ao Deus Menino nos conceda o perdão dos nossos atos praticados e que possamos deixar de lado toda mágoa, tristeza, discórdia, desunião, inveja e todo qualquer sentimento negativo que possa nos distanciar do espírito de natal. Mas é importante, que renasça em cada um de nós o orgulho de olhar para o espelho e ver a imagem refletida de uma pessoa ética, honesta, limpa, cristalina que respeite os outros em sua integridade. Renasça aquela pessoa que todos sentem prazer em ter ao seu lado. Renasça o firme propósito de cuidar mais das coisas permanentes e definitivas da vida – família, amigos, saúde.

Lembrando a mensagem do professor e Gestor Educacional Geziel Moreira Jordão, que diz: “Quisera, neste Natal, armar uma árvore dentro do meu coração e nela pendurar em vez de presentes, os nomes de todos os meus amigos. Os amigos de longe e de perto. Os antigos e os mais recentes. Os que vejo a cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos”.

Meus amigos, que o nosso aniversariante, “Jesus”, nos permita realizar seu aniversário com muito amor, paz, alegria e muita fraternidade, e amizade entre nós continue eterna e tenha sempre um lugar especial em nossos corações.

Para finalizar, transcrevemos a letra da canção “Quero Ver”: Quero ver, você não chorar, não olhar para trás, nem se arrepender do que faz. Quero ver, o amor vencer, mas se a dor nascer, você resistir, e sorrir. Se você, pode ser assim, tão enorme assim, eu vou crer.  Que o Natal existe, e ninguém é triste.  Que no mundo há sempre amor. Bom Natal, um Feliz Natal, muito amor e paz, pra você, pra vocês!

Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegria, saúde e paz !!!

06/12/2021

Tempo bom, não volta mais. Saudade… de outros tempos iguais!

1970, 1991, 2008 Analfabetismo, evasão, baixo nível. Fonte: Veja

De vez enquanto, numa roda de amigos, escuto alguém pronunciar as seguintes afirmações: "antigamente as coisas eram melhores", "as músicas tinham mais poesia", "as pessoas eram mais românticas", "a vida era mais fácil", "as pessoas se olhavam nos olhos", "brincávamos na rua, não havia essa violência de hoje em dia", "era melhor a educação escolar e a saúde pública", "eu era feliz e não sabia", etc.

Elas são expressões de nostalgia. Muitas pessoas fazem confusão entre nostalgia e saudade, mas segundo Carolina Falcão, professora de psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), não são sentimentos iguais. "Somos sujeitos atravessados por saudades, já que ao longo da vida vamos deixando experiências, pessoas e prazeres para trás". A diferença dos nostálgicos, ela diz, "é que além de sentirem saudade, entendem que o que tinham ou viviam no passado era melhor do que o que têm e vivem hoje".

O mais engraçado, é gente que talvez nem viveu esse passado, fica superestimando algo que nem sabe como realmente funcionava.

Por exemplo, em 2013 a Banda Paulo Mesquita & Os Brancos fizeram uma música com o título “Em Meu Tempo Era Melhor”. Nas duas primeiras estrofes ele escreveram: Os antigos me diziam "Em meu tempo era melhor". Atuais dizem "Hoje nada presta". Os jovens falam alto que seu tempo é melhor. Atuais dizem "Hoje é o que resta".

No final dos anos 60, o humorista Lilico (Olivio Henrique da Silva Fortes), estreou no programa "A Praça da Alegria", onde lançou seu personagem mais famoso: o homem do bumbo. Lilico entrava em cena cantando ‘Tempo bom, não volta mais, saudade de outros tempos iguais’. Por que será que nessa época da nossa história ela já dizia esse bordão?

A falta de informação de antigamente se transformou no excesso de informação e informações falsas que aparecem o tempo inteiro a nossa frente. Muitas pessoas, quando dizem 'antigamente' apenas se referem à sua infância e/ou juventude e não, de fato, ao passado longínquo.

Por que as pessoas sempre acham que as coisas antigas são sempre melhores que as coisas atuais? Talvez a solução para descobrir se realmente elas estão certas é colocar duas pessoas numa máquina para voltar ao passado, assim como ocorrido no filme "Túnel do Tempo". O ideal que uma das pessoas tenham nascido na década de 60 e outra na década de noventa.

Como essa máquina ainda não existe, vamos passear um pouco nas décadas de 50, 60, 70 e 80 para conhecer os fatos marcantes.

Os anos 50, década de 50 ou “Anos Dourados” ficou conhecido como a época das transições. É uma década de revoluções tecnológicas com evidentes implicações sociais, especialmente quando consideramos o ponto de vista comunicacional. O rádio cresceu no início dos anos 50, tendo ocorrido um aumento da publicidade. As populares radionovelas, por exemplo, tinham como complemento propagandas de produtos de limpeza e toalete.  Houve um aumento da tiragem dos jornais e revistas, e popularizaram-se as fotonovelas, lançadas no início da década. Em setembro de 1950, é inaugurada a TV Tupi, sendo este o primeiro canal de televisão da América Latina.

As mudanças que aconteceram na moda, música, fotografia, cultura, arquitetura e na arte em geral, influenciam até os dias atuais.

A moda dos anos 50 foi marcada pela sofisticação e luxo. As mulheres se mostravam cada vez mais femininas e delicadas, e por vezes excêntricas. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido. As saias e os vestidos alcançavam um comprimento abaixo do joelho e marcavam a cintura. O uso da luva também foi característico. O penteado era composto por um coque ou rabo de cavalo. Já os homens foram influenciados pelo estilo da moda colegial, inspirada no sportswear. Usavam calça, cintos e topetes bem definidos.

Com muito rock e um estilo dançante, Elvis Presley começa a fazer sucesso em 1956. O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso. Os maiores representantes deste movimento foram: Tom Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto. No final da década de 1950, é formada a banda de rock Beatles.

Houve um aumento da população urbana, sendo que 24% da população rural migraram para as cidades na década de 1950. Este processo ocorreu, devido ao aumento da intensificação das indústrias brasileiras.

Nos anos 1950 cerca de 50% dos brasileiros eram analfabetos, mesmo assim começou a ter um aumento em escala da escolarização, sendo que na década subsequente o número de analfabetismo cai para 39%.

Há violência tinha outra cara. Os jornais noticiavam, por exemplo, jovens que estavam tendo aulas sobre como assaltar turistas no Aeroporto Santos Dumont. Foram presos quando aprendiam a dizer “Hands up”, ou seja, mãos ao alto. Ou então, a prisão de uma quadrilha que dopava cavalos no Jockey para ganhar as apostas.

No fim dos anos 50, a revista “Cruzeiro”, importante publicação da época, estampava na capa a manchete: “O Rio enfrenta o crime noite e dia”. A reportagem dizia que se matava mais no Rio em um mês do que em Londres no ano todo. O tráfico de drogas ainda não era um desafio para a segurança pública. O tráfico era localizado. Havia pequenas bocas de fumo nas favelas, geralmente gerenciadas por senhoras, moradoras que atendiam ao consumidor típico. Na época era o chamado maconheiro e era geralmente o malandro, ou o artista, ou um marginal já nesse sentido que se dava ao bandido dos anos 60. Mas, mesmo em menor escala, a violência, na época, já era uma preocupação.

Consolidava-se a chamada sociedade urbano-industrial, sustentada por uma política desenvolvimentista que se aprofundaria ao longo da década.

Os anos 50 também trouxe mudanças no papel da mulher na sociedade, passando a desempenhar funções de esposa, mãe e dona de casa mais consciente e ativa. 

A década de 1960 pode ser dividida em duas etapas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos.

Na política, os anos 60 no Brasil não foram anos de orgulho. Foi uma época de revoluções, lutas, repressões e censura. No ano de 68 o Ato Constitucional Nº5 é decretado. Com este ato, considerado um dos mais repressivos da ditadura militar, juízes foram aposentados, o habeas corpus foi cancelado, manifestações políticas foram proibidas, a censura aumentou e a violência da polícia e do exército também.

Antes do regime militar, as forças militares serviam para proteger o Estado. O policiamento de rua era feito por corporações não militarizadas. Ela era utilizada em momentos específicos, como em manifestações e greves. As ações do cotidiano eram feitas por forças menores e civis. O governo do regime militar foi quem passou essa atividade de policiamento ostensivo à Força Pública. A partir daquele momento, os militares estavam responsáveis pela atividade de policiamento. O governo militar extinguiu a guarda civil, os membros foram incorporados à Força Pública e isso deu origem à PM.

Pra molecada que não sabe, o slogan ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’ era usado pelos militares para justificar a repressão aos movimentos sociais contrários a ditadura.

Nesta época teve início uma grande revolução comportamental como a Segunda Onda do feminismo. O surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor [flower power], do negro [black power], do gay [gay power] e da liberação da mulher [women's lib]. Faziam parte desse novo comportamento, cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas.

O Rock and Roll ganha crescente popularidade no mundo, associando-se ao final da década à rebeldia política.

A moda masculina, por sua vez, foi muito influenciada, nos início da década, pelas roupas que os quatro garotos de Liverpool usavam, especialmente os paletós sem colarinho de Pierre Cardin e o cabelo de franjão. O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher ousava se vestir com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. A minissaia, entretanto, é a principal marca da década de 60. Nas praias, um modelo muito usado nos anos 60 era o chamado "engana-mamãe", que de frente parecia um maiô, com uma espécie de tira no meio ligando as duas partes, e, por trás, um perfeito biquíni.

No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda. Wanderléa de minissaia, Roberto Carlos, de roupas coloridas e como na música, usava botinha sem meia e cabelo na testa. A palavra de ordem era "quero que vá tudo pro inferno".

Surge o Tropicalismo. Movimento cultural que misturava influências do pop, rock e cultura brasileira. As letras criticavam a ditadura e muitos dos representantes desse movimento foram presos e exilados.

Os anos de 1967-1968 tornam-se o auge dos festivais da canção, no Brasil, que eram uma forma alternativa de expressão político-ideológica da juventude, diante da repressão do regime militar. Em 1968, Geraldo Vandré lança a histórica música "Pra não dizer que não falei das flores", sendo logo depois censurada pelo AI-5.

No Brasil, a TV Tupi faz a primeira transmissão experimental a cores no dia 1 de maio de 1963. No entanto, quase ninguém pode ver a transmissão colorida. Não havia produção de aparelhos receptores de transmissão a cores, e a importação custava caro. Isso fez com que a implantação da TV a cores fosse adiada por cerca de uma década. Em 26 de abril de 1965 é inaugurada a Rede Globo de Televisão no Rio de Janeiro.

A década de 1970 foi marcada por um abalo das ideias dos ícones existentes nos anos 60, levando ao surgimento de diversas manifestações mais desregradas, como festivais de rock ao ar livre, pregando amor, drogas e vida alternativa. Os jovens eram embalados pelo lema sexo, drogas e Rock and Roll. Toda a sua busca por êxtase em métodos físicos e químicos eram incansáveis. Muitos cantores tiveram mortes prematuras devido ao excesso de drogas.

Foi neste período que o regime militar no Brasil atingiu seu auge popular, graças ao ‘milagre econômico’, coincidindo com o momento que aplicava censura em todos os meios de comunicação, torturava e exilava. Muitos jovens idealistas levaram a cabo sua luta política por meio do combate armado, na clandestinidade, para combater o regime militar.

Na Economia, as crises do petróleo foram os eventos econômicos que mais marcaram e desestabilizaram os países durante os anos 70. Triplicou o preço do barril de petróleo, elevando, o que provocou uma escassez de combustíveis no mercado mundial, inclusive levando os EUA a entrarem em recessão. O Brasil não passou impune pelas crises que se sucederam, pois queimara suas reservas oriundas do “milagre econômico”. O aumento dos preços dos combustíveis descontrolou o índice de inflação do País.

A década de 70 é também conhecida como a década da discoteca, devido ao surgimento da dance music. Surgia também o movimento punk com suas calças rasgadas, rebites, alfinetes, jaquetas de couro e cabelos com cortes e cores diferenciadas.

Uma das fortes heranças da moda dos Anos 70 foi a calça boca de sino (estampadas). Cabelos longos e barba longa fizeram parte do estilo da população da década de 1970.

Os biquínis começaram a ganhar popularidade entre os anos 60 e 70. E ele não parou por ai, com mais e mais avanços, a peça se tornou cada vez mais ousada.

Na esfera musical, deve-se destacar o surgimento uma nova geração, com Belchior, Gonzaguinha, Djavan e Ivan Lins, todos influenciados pelos festivais da década anterior.

Nos esportes destacamos o tricampeonato mundial do Brasil no Futebol (21 de junho de 1970) e a conquista do campeonato mundial de Formula 1 pelo piloto Emerson Fittipaldi.

Dentro da estrutura da família nos anos 70, a educação dada aos filhos seguia a estrutura que o Brasil teve desde sempre, o homem como centro. Os meninos eram educados para serem futuros chefes de família e as meninas para a serem donas de casa.

Quanto a saúde, os serviços de saúde no Brasil atendiam basicamente às necessidades dos grupos sociais de maior poder aquisitivo. As pessoas que não tinham carteira assinada não tinham acesso a consultas, exames, cirurgias. Mas, na verdade, as coisas eram um pouco mais complexas. Isso porque embora a classe média tivesse carteira assinada e pudesse usar a medicina previdenciária, ela pagava. “Era totalmente natural”, diz a pesquisadora Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A classe média nunca foi atendida pelo setor público. Ela pagava consulta particular, pagava os procedimentos, que eram muito mais baratos. As pessoas pagavam parto, cirurgia”.

A situação da saúde no Brasil na década de 70 foi muito bem colocada pelo professor de filosofia Eurivaldo Tavares no seu livro “Subsídios para o Estudo de Problemas Brasileiros” em 1979: “Infelizmente temos que constatar o baixo nível sanitário de nossa população, em geral. Pelo elevado índice de doenças infecciosas parasíticas e pelo alarmante índice de mortalidade infantil.  A esses problemas, junta-se um enorme déficit de médicos, de enfermeiras e de leitos hospitalares, além do alto custo da medicina e produtos farmacêuticos”.

Os anos 80 foram uma época de muitas mudanças. Uma das décadas mais importantes do século XX. Foi palco de complexos acontecimentos tão acelerados em seus movimentos contínuos de violências, esvaziamentos, sentidos desconhecidos, que se for contada com rigor apresentará expressões velozes de um século em dez anos. Década de importantes movimentos na política e na sociedade. Tecnologias que hoje são tão naturais começavam a dar seus primeiros passos. Transição de um tempo lento para um tempo acelerado.

A moda nos anos 80 foi marcada pelos excessos. As misturas de estampas, a cintura alta, maquiagem carregada, bandanas, croppeds e a inesquecível pochete eram marcas registradas do estilo da época. Os cortes de cabelo mais comuns eram o blunt cut e pixie. Os cabelos com bastante volume e tamanhos variados eram moda entre os jovens.

Durante os anos 80 surgiram os biquínis, como o provocante enroladinho, o asa-delta e o de lacinho nas laterais, além do sutiã cortininha. E quando o biquíni já não podia ser menor, surgiu o imbatível fio-dental, ainda o preferido entre as mais jovens.

Diversos cantores e bandas nacionais fizeram sucesso nos anos 80, tais como: Ney Matogrosso, Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Roberto Carlos, RPM, Cazuza, Engenheiros do Havai, Biquine Cavadão, Ultraje a Rigor, Barão Vermelho, Leo Jaime, Legião Urbana, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil.

A população brasileira, se comparada à década de 1960, praticamente dobrou. Passou de cerca de 70 milhões para quase 120 milhões. Na educação, o número de analfabetos caiu de 43% da população em 1960 para 33,6% em 1980.

Entre os diversos ensinamentos da década de 1980 esteve presente o tema do endividamento familiar. Os salários eram corroídos pela inflação e pelos respectivos planos econômicos que, para conter os danos, eram severos com os trabalhadores.

A geração 80 cresceu e começou a se preocupar com o emprego, o consumo e o estudo. O primeiro, com mais centralidade do que os outros dois. Eu sou testemunha viva dessa falta de empregos. Foi justamente no início dos anos 80 que terminei meu curso universitário. Oportunidades de emprego era no Iraque para trabalhar em Campos de Petróleo ou fazer concurso para Petrobras, Banco do Brasil ou Caixa Econômica.

As escolas técnicas exerciam fascínio e produziam possibilidades reais sobre o futuro explicitamente incerto.

Ser adolescente nos anos 80 também não era tarefa fácil. As câmeras fotográficas não eram digitais. Você tirava a foto e esperava o filme acabar para revelar todas e saber se alguma ficou boa. Celular também ainda não existia. Só telefone. Pra piorar, a maioria das casas tinha só um telefone, de uso comum, ou seja, conversar com amigos e amigas, a família toda ouvia a conversa.

Nos anos 80, a internet ainda era discada, os programas simples e os fóruns e bate-papos online já eram moda. Já as contas poderiam ser uma surpresa. E ainda reclamam quando a internet cai hoje em dia.

Para ouvir o seu ídolo era preciso ter um toca-discos e comprar um vinil, ou apostar no acessório mais moderno de todos: um toca-fitas.

As comunicações era feitas através de cartas enviadas pelos correio e sem notificação de recebimento. Uma carta chegar ao destinatário e voltar com a resposta, passavam-se no mínimo uns 10 ou 15 dias. Pelo menos não tínhamos as fakenews.

As baladas de hoje eram os “assustados” de anos atrás, que aconteciam nas garagens de algum amigo. Para os que já podiam consumir bebida alcoólica, não podia faltar o velho Rum Montilla com Coca-Cola. Não havia convite impresso. Bastava dizer: “vai ter um assustado na casa de fulano. Bora?” E lá ia a turma toda, pouco importando se o dono da festa era conhecido ou não.

Os álbuns de figurinha foram uma febre dessa década, reunindo principalmente crianças e jovens com o objetivo de completar todas as figurinhas.

Os anos 1980 foram de despedidas das cadeiras na rua, portas abertas, puladas de muros, escritas no chão e muito convívio em diversos espaços do bairro. As ruas ainda eram o palco do verbo conviver, transitar, dialogar. Mas existia também a presença real de nomináveis fantasmas que reiteravam suas presenças para nos tirar das ruas.

Assim como nas ruas e nas casas, algo foi mudando na escola. Em meio à rigidez dos hinos, à uniformização dos corpos e dos saberes. Abriam-se as portas para a poesia, a prosa e o verso presentes no verbo.

A geração nascida entre as duas primeiras décadas de ditadura cresceu. Da infância à juventude nossa geração vivenciou mudanças substantivas sem conseguir ver os bastidores que compunham o palco da aparente ordem e progresso. A impressão que eu tenho, que essa geração sobreviveu a todo esse autoritarismo, mas não necessariamente nada aprendeu.

O envelhecer é um processo bastante desafiador porque envolve uma reconfiguração da vida diante de perdas que são contundentes e inerentes este momento do ciclo vital. Muitas vezes, esse passado fica idealizado como um tempo no qual existia muita felicidade. Numa oposição muito desleal com o presente que, certamente, impõe frustrações. Esse olhar distorcido atrapalha algumas pessoas de verem a época lembrada exatamente como ela era. Os aspectos bons são valorizados e os maus simplesmente desaparecem.

Acredito que nunca tenha havido épocas melhores ou piores do que a atual. Há pontos negativos e pontos positivos. Sempre há uma espécie de equilíbrio entre coisas boas e ruins. É apenas uma opinião pessoal de quem começou sua vida no fim da década de 50.

A grande maioria das coisas que dizem que eram melhores ou que hoje estão perdidas, na verdade só mudaram. Muita coisa evoluiu do que existia no passado, e outras são simplesmente diferentes. Muitos problemas novos surgiram, mas isso não quer dizer que sejam problemas maiores ou piores que os antigos.

A expectativa de vida hoje é bem mais longa do que foi na história, por causa da melhor alimentação, dos cuidados médicos, do progresso da Medicina e do saneamento básico. Quantas doenças hoje erradicadas mesmo nos países mais pobres e que, no passado, faziam milhares, até milhões de vítimas. Milhões de pessoas vivem graças ao surgimento de vacinas, antibióticos e práticas de higiene básica. Podemos considerar também, à maior oferta de alimentos, de atendimento médico (mesmo em condições que, hoje em dia, possamos considerar ruins) e a uma maior consciência em relação à própria saúde.

Durante muito tempo, as mães eram as grandes e principais responsáveis pela saúde e educação dos filhos. Por conta de uma relação cultural, não era conveniente que as mulheres participassem do mercado de trabalho, dessa forma, o tempo para se dedicarem à educação dos filhos era maior. Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a educação das crianças passou a ser da responsabilidade de toda a família.

Antigamente, era difícil o acesso à educação por parte de famílias pobres. Essas famílias que dependiam do ensino público, esperavam em filas enormes para conseguir efetuar a matricula de seus filhos. Atualmente, sobram vagas para o ensino básico.

Imaginem quem habitava, por exemplo, no meio da Caatinga. Sendo trabalhador ou dono de terra, o acesso aos serviços ficava longe, tinha que mandar os filhos para estudar na capital. Se havia um problema de doença, não tinha serviço de saúde disponível. Energia elétrica nem pensar.

Quanto a saúde, na década de 90 tivemos a regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS). Único sistema público de saúde do mundo que atende uma população com mais de 200 milhões de pessoas gratuitamente, universal (para todos). Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada. Antes da implantação do SUS, o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) só atendia as pessoas que tinham carteira assinada e contribuíam para a Previdência. Mas, como tudo no Brasil, o SUS ainda sofre desafios do mau gerenciamento e a insuficiência de investimentos financeiros.

Hoje, as estradas são melhores, há novas escolas rurais e urbanas, há postos de saúde espalhados pelo território. Infelizmente, a qualidade dos serviços ainda deixa muito a desejar. Novos problemas surgem. Temos cidades grandes, com novos tipos de problemas de deslocamento e de infraestrutura urbana.

Tudo bem, as crianças não brincam mais na rua de pular elástico, brincar de barbante com os dedos, andar de carrinho de rolimã, trocar figurinhas, etc. Mas possuem outras diversões que são do seu tempo. Não temos mais os orelhões alimentados por fichas de latão ou cobre usadas para fazer contato com os bares da cidade em busca dos fujões, mas temos os celulares que tiram fotos, mandam mensagens (verdadeiros correios), tocam músicas e nos mostram inclusive a localização desses fujões. Não temos mais o cheiro da nicotina impregnada no corpo, na roupa e na alma toda vez que a gente entrava em ambientes fechados como restaurantes, escritórios e casas noturnas, todavia tivemos um aumento significativo do consumo de drogas (maconha, cocaína, crack, LSD…) entre principalmente adolescentes e jovens.

No centro das discussões sobre a segurança pública no Brasil e no mundo está a relação entre a violência e o tráfico de drogas. O comércio de drogas alimenta o crime organizado e as facções. Comunidades vulneráveis controladas por traficantes se transformam em áreas de alta criminalidade. Pobreza, pouca educação e marginalização social continuam sendo fatores importantes que aumentam o risco de ocorrência de transtornos associados ao aumento da violência dos dias de hoje.

Nos dias atuais é difícil acreditar que a televisão era um artigo de luxo e que a imagem não passava de alguns chuviscos difíceis de decifrar. Mas, o tempo passou. A tecnologia evoluiu. A partir de 1990, a Internet começou a ser usada pela população em geral, através de serviços de empresas que começaram a oferecer conexão de Internet empresarial e residencial. Ela mudou nossa vida, dando a cada pessoa a oportunidade de ser escutada e permitindo acesso a um conhecimento antes restrito a enciclopédias caras e livros inacessíveis. Nem tudo são flores, a Internet através das ferramentas de relacionamento (redes sociais) conseguem aproximar pessoas com pensamentos em comum em qualquer lugar do mundo, todavia em muitas vezes distanciam pessoas próximas.

No âmbito geral, e que talvez seja nossa maior vitória, nos tornamos menos ignorantes e começamos a questionar sempre que não achamos algo correto.

Continuamos na luta, a vida continua sendo injusta quando permite que uns poucos tenham muito mais do que os muitos. Ainda temos muitos problemas, mas cada época da História tem os seus impasses e suas demandas de compreensão. Os sofrimentos contemporâneos estão de alguma forma ligados à velocidade e à ansiedade comuns do mundo hoje, e ainda estamos tentando lidar com isso.

O segredo é aceitar o que se foi. Não anular ou esquecer. É usar aquilo como riqueza, como ganho. Somos produtos da nossa história, com seus aspectos felizes e desafiadores. Fazer o alinhavo de todas essas experiências é, sem dúvida, o maior desafio de qualquer pessoa.

No meu tempo, era diferente. Aliás, 'no meu tempo' não, porque hoje, agora, também é meu tempo. "O mundo é assim agora e não vai voltar atrás. Você vai ficar lá ou aqui?".