Desde dos tempo antigos que os humanos tentam prever o futuro. Os chineses tinham o I Ching que surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.). Traduzido como Livro das Mutações ou Clássico das Mutações, é um texto clássico chinês, composto de várias camadas sobrepostas ao longo do tempo, é considerado um dos mais antigos e importantes livros de filosofia chinesa. O I Ching foi objeto de comentários de estudiosos e a base para a prática de adivinhação por séculos no Oriente, tendo também um papel influente no entendimento do pensamento oriental pelo Ocidente. Todavia, os oráculos gregos preferiam procurar respostas nas entranhas de animais.
Procurar saber o futuro através dos búzios, das cartas, a leitura de mãos, bola de cristal, horóscopo, etc, ainda faz parte de grande parte da população. Respeito a opinião de todos, que procuram esses caminhos para saber do futuro mas entendo que o futuro para nós é uma construção. É muito relativa essa coisa de prever o futuro para nós. Porque o futuro está em construção hoje. Entre as suas diversas frases famosas, o escritor Antoine de Saint Exupéry (1900-1944) o autor de um clássico da literatura “O Pequeno Príncipe”, escrito em 1943, nos diz: “O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino”.
Este tema me fez lembrar de um personagem da Escolinha do Professor Raimundo - Seu Joselino Barbacena – quando ele dizia “Quando eu era criança pequena lá em Barbacena...”. Pois bem, na minha adolescência, descobri na casa de meus avós paternos o livro “As Profecias de Nostradamus”. Confesso que li apenas algumas parte do livro, mas na época me impressionou muito. O livro conta a história e profecias do francês Michel de Notre-Dame que nasceu em 1503. Ao mudar seu sobrenome para Nostradamus (forma latinizada de Nostredame, que caía bem numa época em que a sabedoria da Antiguidade era redescoberta) e escrever centenas de versos enigmáticos que chamava de profecias, ele caiu nas graças dos poderosos de seu tempo, e ainda cativa quase todo mundo que tenha uma quedinha pelo sobrenatural.
Segundo o livro, ele tinha suas visões em seu quarto, numa bacia de água, fazendo previsões, por exemplo, sobre o fim dos tempos, bem como a previsão de três anticristos encarnados, em seres humanos. Previu que um eclipse do sol sucederá o mais escuro e tenebroso verão que jamais existiu desde a criação e a morte de Cristo. Esse eclipse estava prevista para 11 de outubro de 1999 (fato não acontecido). Até hoje ninguém conseguiu prever um acontecimento com base em sua obra. O que existe é a correlação após o fato.
O título de "profeta", aplicado a Nostradamus, conferiu-lhe, com o passar dos séculos, uma aura de santidade e credibilidade indevidas. Identificou-o erroneamente com os profetas bíblicos.
Importante esclarecer que os profetas bíblicos não eram meros prognosticadores do futuro. Suas mensagens não se resumiam em falar o que ia acontecer. A inspiração divina em seus lábios, tinha por objetivo revelar os planos de Deus e manifestar a vontade do Senhor. Anunciavam todo o propósito de Deus, relacionando-os com o futuro, somente quando assim era necessário.
Existem cerca de trezentas profecias que se cumpriram literalmente na vida de Jesus, como o Messias de Israel. Entre essas predições, muitas delas envolviam lugares e acontecimentos exatos, como a cidade onde nasceu, a forma como falou, a forma como morreu e o resultado de sua obra. Não há nada escondido, não é necessário tecer conjecturas e suposições arbitrárias para "interpretá-las".
A profecia, entendida como a revelação da vontade inerente de Deus para a sua igreja, cessou com os profetas do Antigo Testamento e com os apóstolos do Novo Testamento. A primeira pessoa a ser identificada como profeta na Bíblia foi Abraão (Gênesis 20:7). O último profeta da Bíblia, na tradição profética de Israel, foi João Batista. A prova de que João Batista encerrou a escola profética de Israel, foi dada pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Foi Jesus quem falou que a Lei e os Profetas duraram até João, e desde então é anunciado o Reino de Deus (Lucas 16:16).
Quando alguém diz ser profeta, devemos analisar o que diz à luz da Bíblia (1 Tessalonicenses 5:20-22). Nem todo que diz que é profeta vem de Deus. Também existem falsos profetas, que causam problemas.
O profeta de Deus não procura sua própria glória nem usa o dom de profecia para se tornar poderoso ou influente, não inventa novas doutrinas nem distorce o ensino da Bíblia, profetiza para ajudar outras pessoas, não para dar espetáculo nem para parecer importante, e se profetiza sobre o futuro, vai acontecer o que diz, senão não é profeta de Deus.
Por diversas vezes, humanos que se julgavam “profetas”, fizeram previsões sobre o fim do mundo. Por exemplo, São Gregório de Tours calculou que o fim do mundo aconteceria entre 799 e 806. Martim Lutero acreditava que o mundo acabaria até 1600. A peste negra (1346-1351) foi interpretada como um sinal do fim dos tempos.
Bem, quando ao fim do mundo e a volta de Jesus, melhor que acreditemos como está escrito nos evangelhos, por exemplo: "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. (Mateus 24:36). Enquanto isso, temos que continuar, procurando comemorar com muita alegria seu nascimento, viver seus ensinamentos e refletir sobre o sangue de Cristo, derramado na cruz do Calvário para cumprir sua missão neste mundo, que ele revolucionou com suas ideias e ações.
Infelizmente, muitos cristãos só se preocupam em celebrar o nascimento de Jesus (acredita-se que a celebração do nascimento de Jesus, surgiu entre os séculos III d.C. e IV d.C), enquanto isso, no período conhecido por “Quaresma”, que nos lembra a entrada de Jesus Cristo a Jerusalém e posteriormente a sua crucificação, torna-se para muitos, um grande feriadão.
Algumas pessoas gostam de fazer o seguinte questionamento: “Se Jesus nascesse hoje, aqui no Brasil ou em qualquer periferia do mundo, qual seria a reação das pessoas com suas atitudes? Possivelmente, seria xingado e atacado nas redes sociais como anarquista, manifestante, socialista revolucionário ou falso profeta. E se barrasse algum apedrejamentos, diriam que eram ligada a alguma ONGS defensora dos direitos humanos.
Se voltarmos o tempo, lembraremos que Jesus nasceu em Belém, em um estábulo, envolvido em panos e colocado numa manjedoura, porque não havia lugar para ele e seus pais em uma hospedaria. Isso nos mostra que Jesus não veio de uma família rica ou importante da época. Grande parte do povo do qual Jesus fazia parte vivia exatamente nessa condição. Eram pessoas, em sua maioria, destituídas de poder político e praticamente sem posse ou renda. Situação parecida a de muitos brasileiros nos dias de hoje
Desde que nasceu, Jesus foi perseguido pelos governantes. Conforme o evangelista Mateus (2:13-23), o governo sentiu-se ameaçado diante do menino nazareno, organizou um elaborado plano para matá-lo, de forma a eliminar uma possível ameaça. Na verdade, Jesus nasceu e viveu em meio a violência estrutural promovida pelo Império Romano.
Ele foi o primeiro a lutar pelos direitos humanos e a dizer para separarmos a política da religião. Suas palavras eram contra a injustiça e independente de qualquer linha ideológica. Jesus dedicou toda sua vida para defender os humildes como ele. Defendia e curava os miseráveis que circulavam pelas ruas da Galileia. E enfrentou os enganadores que lucravam com a fé do povo.
Os quatro evangelhos, escritos em tempos diferentes para comunidades distintas, nos atingem ainda hoje por retratar os desafios de Jesus de Nazaré, numa sociedade mergulhada em tensões e disputas de poder. Uma sociedade massacrada pela ocupação romana, que teve o apoio dos religiosos para manutenção das relações de exclusão e violência.
Jesus não morreu de velhice, de doença, tão pouco foi atropelado por um camelo nas esquinas de Jerusalém. Foi crucificado até a morte, sem direito a julgamento algum. Foi vítima de torturadores.
Jesus participou intensamente da plataforma de redenção dos pobres. Ele jamais se apartou das pessoas que se esperaria que ele evitasse. Ele permaneceu amigo dos marginalizados, da sociedade e tocou nos intocáveis e tidos como indesejáveis.
Para muitos cristãos, protestar é visto como algo errado ou mesmo pecaminoso. Imaginar Cristo, como um manifestante é visto como um ato de blasfêmia. Protestar é a antítese de ser apático, cúmplice, insensível e passivo. Portanto, os cristãos devem se consolar com o fato de que Jesus – o filho de Deus – não era apático, insensível nem passivo.
Ele incomodou tanto que acabou sendo preso, por perturbar o sistema à sua volta. Jesus criticou os fariseus e os chamou de hipócritas por darem o dízimo meticulosamente, mas falharem em aplicar o princípio mais profundo de justiça e igualdade. Nas estradas, nos montes ou mesmo no Templo, Sua voz ecoou em favor dos esquecidos, das crianças, das mulheres e dos marginalizados.
Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres. Foi assassinado pelos interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas.
O crime pelo qual Jesus foi eliminado foi ter apresentado um Deus completamente diferente daquele imposto pelos líderes religiosos, um Pai que nunca pede a seus filhos, mas que sempre dá.
“Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,37) é, de fato, o chocante anúncio de Jesus: apenas duas palavras que, no entanto, ameaçaram desestabilizar toda a economia de Jerusalém. Para obter o perdão de Deus, não havia mais necessidade de ir ao templo levando ofertas, nem de submeter-se a ritos de purificação, nada disso. Não, bastava perdoar, veem para ser imediatamente perdoado. Quando os escribas, a mais alta autoridade teológica no país, considerando o ensinamento infalível da Lei, vêem Jesus perdoar os pecados a um paralítico, imediatamente sentenciam: “Este homem está blasfemando!” (Mt 9,3). E os blasfemos devem ser mortos imediatamente (Lv 24,11-14).
A indignação dos escribas pode parecer uma defesa da ortodoxia, mas na verdade, visa salvaguardar a economia. Jesus Cristo não era um perigo para a teologia (no judaísmo havia muitas correntes espirituais que competiam entre si, mas que eram toleradas pelas autoridades), mas para a economia.
As lideranças político-religiosas dos judeus não sabiam o que fazer com Jesus, como também não sabiam o que fazer com outras tantas formas de inconformismo dos judeus, de Zelotas a Essênios, que não mediam consequências para acabar com a dominação romana e que levariam à destruição de Jerusalém e a devastação de sua nação.
Importante ressaltar, que os judeus nunca reconheceram Jesus como o Seu salvador e não o receberam como deveriam. Em João 1 está escrito: Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu.
Os judeus, esperavam um Messias poderoso e político, não um filho de carpinteiro que mal tinha onde dormir. Por isso se apegavam a qualquer figura que demonstrasse liderança e poder de convencimento. Olhavam para Jesus, como um profeta que fundou um movimento responsável, por um legado de violência e tentativa de conversões forçadas de seu povo durante um período longo e cinzento da história. Infelizmente, até hoje existem judeus que não reconhecem Jesus como Messias prometido. Eles ainda aguardam um Messias que não virá, pois já veio. Naquele tempo, Jesus já dizia: "Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra". E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los (Marcos 6:4,5).
Importante ressaltar, que todos os milagres de Jesus têm um significado espiritual, pois indicam uma realidade que não podemos ver, muito maior que a qual podemos ver e, com isto, se abre o plano da redenção da humanidade. Na Bíblia, há registro de 35 milagres que Jesus fez. Os maiores objetivos dos milagres de Jesus eram: glorificar o Pai, cumprir e provar a palavra dita e a revelação de Jesus como Messias, Filho de Deus. Os milagres de Jesus não indicavam que Ele seria um líder terreno, que iria libertar a nação da opressão estrangeira. Seus milagres indicavam que Ele, era o único que poderia libertar o seu povo da condenação do pecado, satisfazendo a justiça de Deus através de seu auto sacrifício expiatório.
É impossível, ao olharmos para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, não nos sentirmos culpados. No evangelho de Marcos 14, 24, o sangue é derramado em “favor de muitos” e, em Lucas 22,20, é “derramado em favor de vós”. Será que em pleno Século XXI, reconhecemos o que Jesus fez por nós? Será que se Jesus nascesse e vivesse nos dias de hoje o reconheceríamos? Acredito, o contexto da sua morte não seria diferente, até porque os líderes ainda possuem extrema dificuldade em acolher os mais excluídos da sociedade e a sociedade não muda.
Mas, sempre é tempo de reflexão, principalmente no período natalino. É a época para gente celebrar o quão maravilhoso e generoso Deus foi, por mandar o seu filho para a Terra para nos ensinar tantas coisas. Época para renovação da fé e da esperança e para união das famílias. Famílias que quase nunca conseguem se ver, mas fazem um esforço extra para estar juntos durante esse dia específico.
Celebrar o Natal nesses tempos de grandes ataques de escuridão simbolizados pela discórdia, pela corrupção, falsos messias, pelo confronto de ideologias política, pelo racismo, pela bandidagem, pelas guerras é um grande desafio para nossas famílias. Devemos portanto, pedir todos os dias que o Espírito Santo ilumine os nossos corações, para pue possamos reconhecer no Menino Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo ser humano e a todos os povos da terra.
Devemos lembrar que Jesus veio ao mundo para tirar os pecados da humanidade, por isso, Ele morreu na cruz, para arrancar o pecado do mundo, arrancar as ervas daninhas que matam o jardim da nossa alma.
Concluímos, lembrando de uma citação do Papa Francisco: “Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”.
Feliz Natal e Um Próspero Ano Novo!