30/03/2025

A justiça é o que nos favorece; a injustiça, é o que nos contraria

De vez em quando vejo nos para-choques ou no vidro traseiro dos carros a frase, “Deus é fiel e justo”. E sempre me questiono se realmente quem divulga essa frase procura viver essa fidelidade e justiça. Deus queira que sim.

Sendo específico a palavra justo, sabemos que a justiça é uma qualidade fundamental da natureza Divina. A justiça de Deus está ligada à sua bondade e misericórdia (Salmos 116:5). Quem ama a Deus ama também a justiça, porque toda a justiça vem de Deus. A Justiça de Deus é reta e cheia de misericórdia. Ele reprova e condena a injustiça porque esta causa destruição e morte.

Acreditamos que a maioria das pessoas possuem algum senso de justiça. Todavia, sabemos de como é difícil ser justo nesse mundo de Deus. Mesmo tendo esta consciência de estar num mundo de injustiças e mesmo não sendo muito justos, reclamamos quando há falta de justiça.

Quantas vezes somos vítimas de injustiça, além de causar tristeza, é revoltante, mas a justiça dos homens nem sempre é justa. Infelizmente a justiça dos homens está carregada de injustiça.

A história da humanidade é repleta de momentos que evocam grandeza e progresso, mas também é marcada por tragédias e injustiças que abalaram o mundo. Algumas dessas injustiças ainda reverberam, causando impacto social, político e econômico nas gerações atuais.

Sócrates foi julgado em 399 a.C. Ele foi acusado de “desviar” a juventude. Sócrates disseminava ideias que incomodavam os poderosos de Atenas. Na sessão, adotou uma postura arrogante, desafiando os jurados. Acabou condenado a beber cicuta, um poderoso veneno. Pouco antes da execução, teve a oportunidade de fugir, mas preferiu cumprir a pena. Entendeu que a injustiça de seu julgamento e de sua pena reforçavam a sua causa.

Jesus, que pregava o amor, foi julgado duas vezes. Primeiro, pelo sinédrio, o tribunal judeu, onde foi acusado de blasfêmia. Mas os judeus não tinham, na Palestina, o poder de impor pena de morte. Em seguida, Jesus foi julgado pelos romanos. Seus seguidores haviam causado confusão, talvez fosse uma ameaça ao sistema. Num julgamento sumário, sem chance de defesa, foi, ao fim, crucificado.

Martinho Lutero, em 1517, denunciou os exageros da Igreja. Iniciou um movimento de protesto, mas, principalmente, de afirmação do livre arbítrio. Foi levado a julgamento em Worms, quando lhe foi oferecida a oportunidade de se arrepender de suas críticas. Lutero, corajosamente, preferiu manter-se firme aos seus propósitos e convicções. Foi obrigado a fugir e a viver escondido por anos. Plantou a semente do espírito crítico.

O Holocausto, é uma das maiores tragédias da história humana, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, que perseguiu e exterminou cerca de seis milhões de judeus e outras minorias, como ciganos, homossexuais e deficientes. Essa injustiça gerou consequências que impactam até hoje.

Na obra “Ética a Nicômaco”, o grego Aristóteles fala da justiça e injustiça. Segundo o filósofo, justo é o homem que cumpre e respeita a lei e injusto é o homem “sem lei” e ímprobo. Diante disso, surge o conceito de injustiça, que é o oposto da justiça, isto é, o estado em que a justiça está ausente, que viola os direitos das pessoas e que privilegia alguns em detrimento de outros (sem uma justificativa plausível para isso).

Mas, podemos afirmar que mundo realmente é um lugar totalmente injusto? Quando escutamos ou lemos nos noticiários as catástrofes que acontecem no mundo, podemos afirmar que é uma ação Divina para castigar o homem? Vamos raciocinar com calma. Quem provoca desmatamento, queimadas? Quem polui o ar com monóxido de carbono e outros contaminantes? Quem fica brincando com produtos radioativos ou fazendo bombas atômicas? Quem polui os oceanos com derramamento de petróleo ou com materiais plásticos? Os rios com agrotóxicos, com mercúrio e similares? Quem é culpado pela ganância humana que quer o poder e termina provocando guerras? Quem é culpado pela fome na face da terra mas se gasta bilhões de dólares na fabricação de armas e construção de foguetes para tentar ir a outros planetas? Quem é culpado pela ocupação das margens dos rios? Quem é culpado pela construção em encostas de morros? Quem é culpado pela imprudência nas estradas e nas cidades? Quem é culpado pela produção de drogas, venda e consumo? A lista é grande. O problema é que Deus no deu livre arbítrio. Devemos lembrar do Paraíso do Livro do Gênesis. Depois a culpa é dele.  Caíamos na real.

O filósofo Allan Kardec (1804-1869) explica que as desigualdades sociais não são obra do acaso e nem de Deus. Elas foram criadas pelos homens.  Ainda assim, há quem afirme que é fruto da ambição desmedida e do egoísmo daqueles que querem, para si, toda a riqueza e poder. 

Falar de desigualdades significa falar de injustiça, pelo menos numa das suas expressões, que é a impossibilidade de determinadas pessoas terem acesso a determinados recursos. Falamos não só de recursos económicos, mas também de recursos políticos, culturais, ambientais, etc.

As situações não faltam. No nosso cotidiano às vezes ficamos “revoltados” com alguns fartos que acontecem conosco. Isto me fez lembrar de uma frase dita por Tancredo Neves, eleito presidente do Brasil, que não chegou a assumir o mais alto cargo da nação, pois foi vitimado por uma insidiosa doença. Ao perceber que não chegaria a ocupar o ambicionado posto e em plena agonia, exclamou: “Eu não merecia isto!”.

Na nossa vida estudantil: "Professor, é uma verdadeira INJUSTIÇA, o senhor me reprovar por faltas, só por que não vim...".

Muitas famílias se revoltam quando um filho que se desviou do caminho, perdendo-se nos labirintos do crime, das drogas, ou morrendo prematuramente. O primeiro questionamento: “O que é que eu fiz para merecer isto?” Imaginemos o pensamento de uma pessoa no estado terminal: Porque eu?

Quem nunca passou por um momento em que fez tudo certo, seguiu todos os passos, mas não obteve o resultado esperado? Ou então, viu alguém que parecia estar “errado” ou agindo de maneira injusta ser recompensado de alguma forma?

Infelizmente, quase todos nós, em algum momento, sentimos este gosto amargo que é ser injustiçado por alguém ou em alguma situação.

Existe uma diferença muito grande entre entender que existem situações injustas e acreditar que a vida inteira é uma grande injustiça.

No ambiente de trabalho é um local onde acontecem injustiças, porém não é porque um chefe foi injusto com você em uma empresa que todos os chefes que você terá ao longo da carreira serão injustos com a sua conduta profissional.

Na verdade vivemos em um mundo mergulhado em trevas. Por isso, precisamos nos manter sempre próximos de Deus, para ter uma percepção clara daquilo que é certo aos olhos dEle.

Na prática, ser justo significa atender às exigências que Deus faz. Neste sentido, não há nenhuma pessoa completamente justa além de Deus.

O apóstolo Paulo mostra os parâmetros que envolvem o sentido da justiça na bíblia, quando ele diz: “Nele se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’” (Rm 1,17). Isso significa que a justiça está em sintonia com a vontade de Deus e na realização autêntica dos atos do ser humano na relação com as pessoas e com toda a natureza.

Todavia, as leis humanas são promulgadas para fazer acontecer, na prática, o cumprimento da justiça entre as pessoas. Os fariseus e doutores da lei quiseram incriminar Jesus dizendo que Ele não observava as leis de seu tempo. Ele era inclusive colocado à prova porque não poderia ser contra as leis. Mas para Jesus,  a pessoa humana está acima da lei, principalmente quando o seu cumprimento ocasiona injustiça.

Importante ressaltar que justiça e injustiça são termos em sua definição abstratos e que dependem de perspectiva e, com isso, algumas situações que para uns são consideradas injustas, para outros não são.

Quando pensamos em justiça, logo nos vem à mente o castigo e a punição merecidos por algo que se fez de errado. Sabemos que a justiça humana é falha, parcial, corrompível e muitas vezes oportunista. Isto é, segundo a nossa "justiça", o outro merece sempre ser punido e pagar as consequências dos seus erros. Mas, se somos nós os culpados, buscamos parcialidade ou uma brecha para nos inocentar.

Em outras palavras podemos dizer que a justiça é sempre mais rigorosa quando a requeremos em nosso favor. Quando somos injustiçados exigimos a punição e o castigo alheio, mas não o contrário. Buscamos a nossa justiça própria, quando queremos ser favorecidos, mas a esquecemos quando ela nos acusa. Tem uma frase que diz: A justiça é o que nos favorece; a injustiça, é o que nos contraria.

Esse frase me faz lembrar de um ex-deputado federal chamado Daniel Silveira que votou em 2022 favor da proposta de um projeto de lei para acabar com a possibilidade de saídas temporárias nos feriados para visitar familiares. Como agora ele está de tornozeleira eletrônica e preso em regime semiaberto, a poucos dias pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o direito à saída temporária para visitar a família no feriado da Páscoa.

O escritor e político inglês Daniel Defoe, escreveu: “A justiça sempre parece violenta a quem a recebe, pois cada pessoa é, aos seus próprios olhos, inocente”,

O profeta Isaias em 59:4 no diz: “Ninguém pleiteia sua causa com justiça, ninguém faz defesa com integridade. Apoiam-se em argumentos vazios e falam mentiras; concebem maldade e geram iniquidade”. Em outras palavras: “Não é para procurar a justiça que vão ao tribunal, e ninguém diz a verdade ao juiz. Todos confiam em mentiras e falsidades; inventam maldades e praticam crimes”.

Para entender por que precisamos da Justiça, se faz necessário imaginar um mundo perfeito, onde as pessoas, por meio da caridade, do amor, da igualdade e de outras coisas boas, conseguissem resolver os seus problemas e as suas diferenças. Um lugar onde todos os tipos de problemas existentes entre os indivíduos fossem resolvidos por esses próprios indivíduos, sem a necessidade da interferência de uma terceira pessoa. Infelizmente este é um mundo utópico.

A principal função da justiça, hoje em dia, é garantir que todos os cidadãos sejam tratados de forma igual e justa, sem discriminação ou favoritismo, tendo seus direitos respeitados. Mas segundo o estadista grego Sólon (638 a.C.–558 a.C.): “As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insetos e são rasgadas pelos grandes”.

Existem muitas pessoas injustas no mundo, mas nós não devemos presumir que todas as pessoas sejam. É importante dar um voto de confiança aos novos indivíduos que chegam às nossas vidas. Muitos deles têm um senso de justiça apurado e certamente vão reconhecer os nossos méritos. Quando não somos justos com nós mesmos e com os outros passamos a julgar aquilo que não nos acomete. Ao passo que, quando paramos para refletir de forma justa sobre as nossas ações, passamos a olhar para a nossa vida de outra maneira, de modo que as escolhas se tornam mais coerentes.

Tem pessoas que acham que são os donos da verdade. No entanto, Deus não nos colocou no mundo para que sejamos juízes. Destacarmos que a própria Bíblia já nos diz: não julgueis para que não sejais julgado, pois à medida em que você julgar, será julgado na mesma proporção. E, ainda, diz que: antes de julgar “tire o cisco de seu próprio olho”.

Importante que busquemos sempre levar uma vida em justiça, isto é, correspondendo ao que Deus espera de todos nós. O que não podemos justificar determinados erros instrumentalizando a aplicação das leis, fazendo injustiça.

As repetidas práticas de injustiça acabam chegando a um final desconcertante. Como diz o ditado: “Mais cedo ou mais tarde a casa cai”. Significa que a injustiça não se justifica e não tem estabilidade.

Relembrar uma grande injustiça, com rancor no coração, é revivê-la. Lembre-se do que Platão já dizia: Quem comete uma injustiça é mais infeliz que o injustiçado.

Os julgamentos injustos jamais acabam, não têm fim. Seguem ecoando em nossas consciências.

24/12/2024

A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos

Existe um ditado que diz: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda". Aliás, quase sempre não o é. Expressão popular que transmite a ideia de que a maioria dos homens nunca estão satisfeitos com as coisas que possuem, e acreditam que as coisas dos outros são sempre melhores. Na minha opinião esta velha máxima, está completamente enraizada na nossa cultura. Se caminharmos para área de consumidores, esta expressão fica mais latente. Na verdade, o que precisamos é nos tornarmos consumidores responsáveis e, assim, tornar verdadeira a frase de que “há aparências que não nos iludem”.

Este ditado nos faz lembrar do início das minhas atividades profissionais. Na empresa que trabalhei no início da década de 1980, os mecânicos só queriam utilizar óleos lubrificantes se fossem da Esso, Shell, Texaco ou Castrol, sem nenhuma explicação técnica. Qual quer outro tipo de óleo, como por exemplo, da Petrobras Distribuidora, era rejeitado pelos mesmos.

Importante lembrar o esforço da Petrobras, desde da inauguração em 1973 da Unidade de Lubrificantes, na refinaria Duque de Caxias (REDUC) e consequentemente a criação da logomarca LUBRAX, em colocar seus produtos na briga de mercado com os produtos de empresas estrangeiras. Ganhar o mercado no Brasil, levou alguns anos. Várias campanhas publicitária foram feitas, como por exemplo, recorrendo do slogan “Nossa gente, nosso óleo”.

Apesar de ser tricolor carioca, tenho que exaltar o papel do Flamengo que a partir de 1984, passou a estampar na camisa do time a marca Lubrax.

Em 24 de junho daquele ano, o Jornal do Brasil publicava matéria delineando a “guerra dos lubrificantes”: nada menos que oito marcas disputavam a preferência do consumidor, divididas em três patamares, de acordo com sua fatia no mercado. A Petrobras Distribuidora se mantinha no primeiro, ao lado da Shell e da Texaco. Um pouco abaixo vinham emboladas Esso, Atlantic e Ipiranga. E num plano inferior, Mobil e Castrol.

Em 1998, a Petrobras Distribuidora celebrava pela primeira vez a liderança do mercado, tendo o óleo Lubrax como produto “Top of Mind” de seu segmento, à frente de concorrentes da Texaco, Ipiranga e Shell. A marca Lubrax ficou na camisa do time por 22 anos (1984-2006).

Felizmente a aceitação desse tipo de produto pelos brasileiros tem tido uma mudança no decorrer dos últimos anos, porém infelizmente não ocorre com outros produtos, como por exemplo, perfumes, vinhos, etc.

Para os especialistas, os perfumes importados são sinônimo de sofisticação e excelente padrão de qualidade e que são preferidos às versões nacionais por serem mais duradouros, terem um cheiro mais agradável e por serem feitos com ingredientes de melhor qualidade.

Temos também perfumistas que garantem existirem marcas no mercado brasileiras de alto padrão oferecem fragrâncias tão boas ou melhores do que as importadas assinadas por grandes nomes da perfumaria Internacional.

Da mesma forma que os perfumes, a maioria dos brasileiros têm um grande preconceito com o vinho nacional. É comum observar a reação de desconfiança das pessoas quando lhes oferecem uma garrafa de vinho nacional, como também, é muito comum no espaço reservado aos vinhos de um supermercado, os consumidores passarem rapidamente pelos vinhos brasileiros, sem nem prestar atenção e irem direto à prateleira dos vinhos importados.

Bem, não sou enólogo, mas segundo esses profissionais que se dedica à ciência dos vinhos, a evolução do vinho nacional é notória. Foi a partir de 1990 que observou-se um grande avanço da vitivinicultura brasileira, principalmente no que diz respeito ao uso de tecnologias inovadoras em todo o processo de produção da uva e elaboração do vinho. Por isso é importante valorizarmos os bons vinhos nacionais, caso contrário vamos eternamente, em termos de vinho e perfume dizer o ditado: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda”.

Dentro deste contexto, outro provérbio popular bem conhecido do público é o que diz: "Santo de casa não faz milagre". Acredito que todos nós, em algum momento já passamos ou tivemos conhecimento de situações que refletem com exatidão este ditado.

Lembramos que a frase “santo de casa não faz milagre” é popular, tradicional, atual, ela tem origem em uma passagem bíblica no evangelho de Marcos, capítulo 6, versículos 4 e 5 onde Jesus expressa: “Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. Não se pode fazer ali milagre algum.”

Jesus foi o primeiro a vivenciar tal desprezo. Em sua própria terra, na cidade de sua família, Nazaré, Ele não passou do filho do carpinteiro. Era rejeitado por quem o viu crescer, diziam com desprezo: “Não é ele o carpinteiro?”, foi preciso sair de lá para ser recebido em Jerusalém no famoso “domingo de ramos”.

Jesus, pregando na Sinagoga de Nazaré, sentiu fortemente o descrédito dos seus conterrâneos, dos seus amigos de infância, dos seus parentes.

Isso que Jesus falou " um profeta só é desprezado na sua pátria" não foi uma foi uma afirmação ou uma reclamação. Foi uma lamentação. Não é que tem que ser assim. Infelizmente, é assim que acontece.

Certamente todos nós já vivemos uma vez na vida pelo que Jesus passou. Situações onde não tivemos o menor incentivo, onde sequer tivemos o menor apoio das pessoas próximas a nós. Por exemplo, de sermos elogiados pelo vizinho pela nossa conduta e criticados por alguém da própria família. Ou sermos bem referidos em outras empresas e poucos valorizados na nossa.

Tal situação me fez lembrar uma tese expressada e defendida pelo sociólogo francês Pierre Bourdie: “Os circuitos de consagração social serão tanto mais eficazes quanto maior a distância social do objeto consagrado”. Em outras palavras, você será reconhecido por seu esforço pelas pessoas que não convivem com você. Não espere aplausos, incentivo, elogios de familiares, esses gestos poderão sim ocorrer, mas é muito provável que ocorram de pessoas que não estão ao seu redor.

Vamos tirar o foco do nosso umbigo e pensar nas pessoas da nossa família... Pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa, irmão, irmã, tio, tia, primo, prima, sobrinho, sobrinha, avô, avó... Aquela pessoa que os outros falam tão bem, mas que nós nunca nos demos o trabalho de parar um pouco para pensar que ela pode ser a ajuda que Deus colocou do nosso lado, e que nós teimamos em não querer enxergar.

É fácil olhar para seu cônjuge e achar defeitos, ninguém é perfeito e certamente sua visão está cheia de projeções, assim como é fácil olhar para uma pessoa na rua, com quem tivemos pouco convívio, e ver apenas coisas boas porque foram gentis conosco.

Todo tipo de projeção é perigosa, embora seja inevitável e que é por isso que preferimos ouvir pessoas de fora, nas quais ainda não projetamos nossos defeitos do que as pessoas “de casa”, sobre quem já formamos uma opinião, seja ela equivocada ou não. É como as “travas” colocadas nos olhos de cavalos, evitam que vejam o que inevitavelmente está ao seu redor, apenas para manter-lhes calmos.

Reforço que todos são e/ou foram “santos da casa de alguém”, têm famílias, amigos próximos, colegas de profissão e talvez, quando eram “simples mortais” também foram desacreditados, criticados, ignorados, justamente por aqueles que poderiam ter sido os primeiros a reconhecer seus talentos.

Nas empresas não é diferente. É muito comum que os empregados de qualquer empresa digam que: “Na empresa não somos valorizados”, ou que “Aqui nossas ideias não são ouvidas” e até mesmo “Só valorizam em nossa empresa o que é feito por gente que é de fora. Claro que há situações em que as empresas precisam de um choque de novidades e nesse caso vale a pena trazer alguém de fora, mas muitas vezes os consultores externos são contratados apenas para fazer um compilado de sugestões dos próprios funcionários, apresentando no final o que todos já sabiam. Não se pode generalizar evidentemente, mas com certeza isso acontece.

Imaginemos aconselhar alguém que tanto amamos, e nosso conselho entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem a menor autoridade e expressão no que fora dito por nós, aí, alguém de fora, de grande status, de grande nome, com autoridade, diz a mesmíssima coisa, com algumas palavras diferentes e os olhos da pessoa que amamos brilham, e agora tudo faz sentido, o conselho é acatado e agarrado com unhas e dentes.

Bem, infelizmente só damos valor as pessoas quando perdemos. Às vezes, as estão diante dos nossos olhos o tempo todo mas só quando estão fora do nosso alcance é que percebemos o quanto são importantes para nós.

Muitos procuram acumular durante a vida bens materiais, que no momento da partida ficam para trás, sendo que essas pessoas nada levam, e no final desperdiçaram toda a sua vida, pois não souberam identificar o verdadeiro tesouro que está ao alcance de todos. Por isso devemos valorizar aqueles que nos valorizam. Quando reconhecemos o amor e o apoio que recebemos de pessoas especiais, fortalecemos os laços que nos unem.

Devemos continuar caminhando ao lado daqueles que realmente valem a pena e nos acrescentam algo na nossa vida. Principalmente quem nos enxerga e escuta. A vida é preciosa demais para desperdiçar com quem não merece seu amor e atenção. Não percamos tempo e energia com aqueles que não reconhecem a nossa essência, não nos tratam com o devido respeito e não reconhece nosso valor

Devemos nos cercar daqueles que nos enxergam, nos apoiam e nos fazem crescer. Por isso, é bastante importante nos cercarmos de pessoas amigas e que torcem para as nossas conquistas na vida e que estão do nosso lado, não pelo que temos, mas pelo que somos. Guarde-os como se fossem o maior tesouro que temos na vida, pois são verdadeiramente preciosos.

Um amigo verdadeiro é aquele que fica ao nosso lado nas tempestades, quer compartilhar conosco o que tem de melhor, se preocupa com o seu bem-estar e não aquele que apenas se lembra de você quando precisa de algo.

Enfim, se sabemos que temos uma grande companheira ou companheiro ao nosso lado, façamos de tudo para manter esta pessoa perto, pois esta qualidade é rara e merece ter todo o nosso valor e não caiamos na tentação de dizer que santo de casa não faz milagres.

Não tenha dúvida, se você olhar melhor ao seu redor, verá que há quem se preocupe verdadeiramente com você, e para quem você é importante. Essas são as pessoas que valem a pena manter por perto. As outras é melhor esquecer.

Como explicou Pablo Neruda: A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos”.