Existe um ditado que diz: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda". Aliás, quase sempre não o é. Expressão popular que transmite a ideia de que a maioria dos homens nunca estão satisfeitos com as coisas que possuem, e acreditam que as coisas dos outros são sempre melhores. Na minha opinião esta velha máxima, está completamente enraizada na nossa cultura. Se caminharmos para área de consumidores, esta expressão fica mais latente. Na verdade, o que precisamos é nos tornarmos consumidores responsáveis e, assim, tornar verdadeira a frase de que “há aparências que não nos iludem”.
Este ditado nos faz lembrar do início das minhas atividades profissionais. Na empresa que trabalhei no início da década de 1980, os mecânicos só queriam utilizar óleos lubrificantes se fossem da Esso, Shell, Texaco ou Castrol, sem nenhuma explicação técnica. Qual quer outro tipo de óleo, como por exemplo, da Petrobras Distribuidora, era rejeitado pelos mesmos.
Importante lembrar o esforço da Petrobras, desde da inauguração em 1973 da Unidade de Lubrificantes, na refinaria Duque de Caxias (REDUC) e consequentemente a criação da logomarca LUBRAX, em colocar seus produtos na briga de mercado com os produtos de empresas estrangeiras. Ganhar o mercado no Brasil, levou alguns anos. Várias campanhas publicitária foram feitas, como por exemplo, recorrendo do slogan “Nossa gente, nosso óleo”.
Apesar de ser tricolor carioca, tenho que exaltar o papel do Flamengo que a partir de 1984, passou a estampar na camisa do time a marca Lubrax.
Em 24 de junho daquele ano, o Jornal do Brasil publicava matéria delineando a “guerra dos lubrificantes”: nada menos que oito marcas disputavam a preferência do consumidor, divididas em três patamares, de acordo com sua fatia no mercado. A Petrobras Distribuidora se mantinha no primeiro, ao lado da Shell e da Texaco. Um pouco abaixo vinham emboladas Esso, Atlantic e Ipiranga. E num plano inferior, Mobil e Castrol.
Em 1998, a Petrobras Distribuidora celebrava pela primeira vez a liderança do mercado, tendo o óleo Lubrax como produto “Top of Mind” de seu segmento, à frente de concorrentes da Texaco, Ipiranga e Shell. A marca Lubrax ficou na camisa do time por 22 anos (1984-2006).
Felizmente a aceitação desse tipo de produto pelos brasileiros tem tido uma mudança no decorrer dos últimos anos, porém infelizmente não ocorre com outros produtos, como por exemplo, perfumes, vinhos, etc.
Para os especialistas, os perfumes importados são sinônimo de sofisticação e excelente padrão de qualidade e que são preferidos às versões nacionais por serem mais duradouros, terem um cheiro mais agradável e por serem feitos com ingredientes de melhor qualidade.
Temos também perfumistas que garantem existirem marcas no mercado brasileiras de alto padrão oferecem fragrâncias tão boas ou melhores do que as importadas assinadas por grandes nomes da perfumaria Internacional.
Da mesma forma que os perfumes, a maioria dos brasileiros têm um grande preconceito com o vinho nacional. É comum observar a reação de desconfiança das pessoas quando lhes oferecem uma garrafa de vinho nacional, como também, é muito comum no espaço reservado aos vinhos de um supermercado, os consumidores passarem rapidamente pelos vinhos brasileiros, sem nem prestar atenção e irem direto à prateleira dos vinhos importados.
Bem, não sou enólogo, mas segundo esses profissionais que se dedica à ciência dos vinhos, a evolução do vinho nacional é notória. Foi a partir de 1990 que observou-se um grande avanço da vitivinicultura brasileira, principalmente no que diz respeito ao uso de tecnologias inovadoras em todo o processo de produção da uva e elaboração do vinho. Por isso é importante valorizarmos os bons vinhos nacionais, caso contrário vamos eternamente, em termos de vinho e perfume dizer o ditado: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda”.
Dentro deste contexto, outro provérbio popular bem conhecido do público é o que diz: "Santo de casa não faz milagre". Acredito que todos nós, em algum momento já passamos ou tivemos conhecimento de situações que refletem com exatidão este ditado.
Lembramos que a frase “santo de casa não faz milagre” é popular, tradicional, atual, ela tem origem em uma passagem bíblica no evangelho de Marcos, capítulo 6, versículos 4 e 5 onde Jesus expressa: “Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. Não se pode fazer ali milagre algum.”
Jesus foi o primeiro a vivenciar tal desprezo. Em sua própria terra, na cidade de sua família, Nazaré, Ele não passou do filho do carpinteiro. Era rejeitado por quem o viu crescer, diziam com desprezo: “Não é ele o carpinteiro?”, foi preciso sair de lá para ser recebido em Jerusalém no famoso “domingo de ramos”.
Jesus, pregando na Sinagoga de Nazaré, sentiu fortemente o descrédito dos seus conterrâneos, dos seus amigos de infância, dos seus parentes.
Isso que Jesus falou " um profeta só é desprezado na sua pátria" não foi uma foi uma afirmação ou uma reclamação. Foi uma lamentação. Não é que tem que ser assim. Infelizmente, é assim que acontece.
Certamente todos nós já vivemos uma vez na vida pelo que Jesus passou. Situações onde não tivemos o menor incentivo, onde sequer tivemos o menor apoio das pessoas próximas a nós. Por exemplo, de sermos elogiados pelo vizinho pela nossa conduta e criticados por alguém da própria família. Ou sermos bem referidos em outras empresas e poucos valorizados na nossa.
Tal situação me fez lembrar uma tese expressada e defendida pelo sociólogo francês Pierre Bourdie: “Os circuitos de consagração social serão tanto mais eficazes quanto maior a distância social do objeto consagrado”. Em outras palavras, você será reconhecido por seu esforço pelas pessoas que não convivem com você. Não espere aplausos, incentivo, elogios de familiares, esses gestos poderão sim ocorrer, mas é muito provável que ocorram de pessoas que não estão ao seu redor.
Vamos tirar o foco do nosso umbigo e pensar nas pessoas da nossa família... Pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa, irmão, irmã, tio, tia, primo, prima, sobrinho, sobrinha, avô, avó... Aquela pessoa que os outros falam tão bem, mas que nós nunca nos demos o trabalho de parar um pouco para pensar que ela pode ser a ajuda que Deus colocou do nosso lado, e que nós teimamos em não querer enxergar.
É fácil olhar para seu cônjuge e achar defeitos, ninguém é perfeito e certamente sua visão está cheia de projeções, assim como é fácil olhar para uma pessoa na rua, com quem tivemos pouco convívio, e ver apenas coisas boas porque foram gentis conosco.
Todo tipo de projeção é perigosa, embora seja inevitável e que é por isso que preferimos ouvir pessoas de fora, nas quais ainda não projetamos nossos defeitos do que as pessoas “de casa”, sobre quem já formamos uma opinião, seja ela equivocada ou não. É como as “travas” colocadas nos olhos de cavalos, evitam que vejam o que inevitavelmente está ao seu redor, apenas para manter-lhes calmos.
Reforço que todos são e/ou foram “santos da casa de alguém”, têm famílias, amigos próximos, colegas de profissão e talvez, quando eram “simples mortais” também foram desacreditados, criticados, ignorados, justamente por aqueles que poderiam ter sido os primeiros a reconhecer seus talentos.
Nas empresas não é diferente. É muito comum que os empregados de qualquer empresa digam que: “Na empresa não somos valorizados”, ou que “Aqui nossas ideias não são ouvidas” e até mesmo “Só valorizam em nossa empresa o que é feito por gente que é de fora. Claro que há situações em que as empresas precisam de um choque de novidades e nesse caso vale a pena trazer alguém de fora, mas muitas vezes os consultores externos são contratados apenas para fazer um compilado de sugestões dos próprios funcionários, apresentando no final o que todos já sabiam. Não se pode generalizar evidentemente, mas com certeza isso acontece.
Imaginemos aconselhar alguém que tanto amamos, e nosso conselho entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem a menor autoridade e expressão no que fora dito por nós, aí, alguém de fora, de grande status, de grande nome, com autoridade, diz a mesmíssima coisa, com algumas palavras diferentes e os olhos da pessoa que amamos brilham, e agora tudo faz sentido, o conselho é acatado e agarrado com unhas e dentes.
Bem, infelizmente só damos valor as pessoas quando perdemos. Às vezes, as estão diante dos nossos olhos o tempo todo mas só quando estão fora do nosso alcance é que percebemos o quanto são importantes para nós.
Muitos procuram acumular durante a vida bens materiais, que no momento da partida ficam para trás, sendo que essas pessoas nada levam, e no final desperdiçaram toda a sua vida, pois não souberam identificar o verdadeiro tesouro que está ao alcance de todos. Por isso devemos valorizar aqueles que nos valorizam. Quando reconhecemos o amor e o apoio que recebemos de pessoas especiais, fortalecemos os laços que nos unem.
Devemos continuar caminhando ao lado daqueles que realmente valem a pena e nos acrescentam algo na nossa vida. Principalmente quem nos enxerga e escuta. A vida é preciosa demais para desperdiçar com quem não merece seu amor e atenção. Não percamos tempo e energia com aqueles que não reconhecem a nossa essência, não nos tratam com o devido respeito e não reconhece nosso valor
Devemos nos cercar daqueles que nos enxergam, nos apoiam e nos fazem crescer. Por isso, é bastante importante nos cercarmos de pessoas amigas e que torcem para as nossas conquistas na vida e que estão do nosso lado, não pelo que temos, mas pelo que somos. Guarde-os como se fossem o maior tesouro que temos na vida, pois são verdadeiramente preciosos.
Um amigo verdadeiro é aquele que fica ao nosso lado nas tempestades, quer compartilhar conosco o que tem de melhor, se preocupa com o seu bem-estar e não aquele que apenas se lembra de você quando precisa de algo.
Enfim, se sabemos que temos uma grande companheira ou companheiro ao nosso lado, façamos de tudo para manter esta pessoa perto, pois esta qualidade é rara e merece ter todo o nosso valor e não caiamos na tentação de dizer que santo de casa não faz milagres.
Não tenha dúvida, se você olhar melhor ao seu redor, verá que há quem se preocupe verdadeiramente com você, e para quem você é importante. Essas são as pessoas que valem a pena manter por perto. As outras é melhor esquecer.
Como explicou Pablo Neruda: A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos”.