22/11/2022

“Juro pela minha honra que hei de dizer toda a verdade e só a verdade”

Neste período de política, me trouxe a lembrança do Pantaleão, um dos centenas de personagens do genial Chico Anysio. Pantaleão era um senhor de idade, vivido, barbas longas e brancas, usando um par de óculos, cuja lente escura ficava apenas cobrindo o olho esquerdo. Pantaleão passava o dia numa cadeira de balanço contando estórias e mais estórias. Tinha prazer em ser um mentiroso, preceito básico para uma mentira pegar. Contava seus causos fabulosos e perguntava à esposa: É mentira, Terta? Ela respondia: Verdade!

A mentira é algo tão estrutural na história da humanidade que Deus precisou colocá-la no rol de suas proibições nos 10 mandamentos: “Não levantarás falso testemunho”. Jesus intitulou o demônio como o autor e o ‘pai da mentira”. E nós, tragicamente, inventamos um dia do calendário (1º de abril) para celebrá-la.

O dia da mentira surgiu no início do século XVI, na França. Nessa época o ano novo se iniciava no dia 25 de março, data que marca o começo da primavera e como de costume, havia troca de presentes e felicitações. Porém, em 1564, o Papa decretou que o ano novo cristão se iniciaria no dia 1º de janeiro, como é até hoje, fazendo com que alguns franceses resistissem à mudança.

Essas pessoas consideradas conservadoras, passaram a ser chamadas de "bobos de abril" e eram ridicularizados com brincadeiras nessa data (convites para festas inexistentes e falsos presentes). A prática se espalhou pelo mundo inteiro, começando pela Inglaterra (quase 200 anos depois do ocorrido) e até hoje o dia 1º de abril é comemorado ao redor do mundo.

No Brasil, a tradição foi introduzida em 1848, com o noticiário impresso mineiro “A Mentira”, que trazia em sua primeira edição a morte de Dom Pedro II na capa e foi publicado justamente em 1º de abril. Dois dias depois o jornal teve que desmentir a publicação, visto que muita gente realmente acreditou na notícia. Dom Pedro II nasceu em 1825 e faleceu em 1891.

Apesar da permissão lúdica no dia 1º de abril, na verdade, é que a mentira acarreta uma série de transtornos em nossa vida prática, e não é fácil conviver com pessoas que têm o hábito de sempre inventar as coisas.

A mentira, é qualquer forma de comportamento que forneça informações falsas ou privar alguém das verdadeiras. Mentir pode ser um ato consciente ou inconsciente, verbal ou não verbal, declarado ou não declarado. Nesse sentido, um sorriso falso é uma mentira.

Acredito que todos nós já sofremos ou fizemos alguém sofrer por causa de uma mentira. Negar isso é recusar que somos parte da humanidade. A quem diga que somos mentirosos por natureza.

É difícil imaginar um mundo ao nosso redor sem a existência da mentira. A mentira está presente em todos os momentos da nossa vida. Os outros mentem, nós mentimos, há grandes mentiras históricas, a mídia mente…

Encontramos no dia a dia, os mentirosos compulsivos, que são aquelas pessoas que apresentam um transtorno de personalidade, e o comportamento de inventar histórias que pode ser observado desde a sua infância. A mentira tornou-se um hábito em sua vida, as invenções ficam cada vez mais extravagantes com o passar do tempo.

Também temos os mentirosos conscientes que são aqueles onde eu, você e 99% da população estamos incluídos. Aquela mentirinha para “sair bem na foto”, aquela história inventada para ser aceito no grupo ou “ficar por cima” nas situações do cotidiano. A diferença é que, nesse caso, a pessoa tem consciência de que está fazendo algo errado.

Um exemplo prático pode ser o de uma pessoa que está passando por uma dificuldade financeira e tenta esconder essa condição do seu círculo de amizades. Ao tentar mostrar que se está próspero, acaba se endividando ainda mais. Para manter as aparências, o indivíduo banca situações incompatíveis com suas possibilidades, assumem compromissos que não têm como honrar, pegam empréstimos e afundam-se ainda mais na sua mentira.

Mas, em outros, se caracteriza como uma doença. O mitômano, ou mentiroso crônico, como é chamado o paciente com essa patologia, faz isso sem mesmo perceber. A mentira é algo tão compulsivo para esse indivíduo que interfere até mesmo a sua capacidade de julgar racionalmente uma situação, seja nos seus relacionamentos, seja na sua vida em sociedade.

Muitas pessoas acreditam que é preciso mentir para viver em sociedade. Na realidade, as vezes mentimos para tirar alguma vantagem, ou nos livrarmos de alguma culpa. Para pouparmos alguém de uma notícia dura ou garantir a própria sobrevivência. Mentimos ao dizer que, sim, está tudo bem, quando não está.

Algumas pessoas inventam histórias para serem mais felizes, para alegrar ou não magoar os outros. Para proteger alguém ou a si mesmas. Para conquistar um par, para conseguir uma vaga de emprego ou uma promoção. Para evitar as consequências negativas de um erro e preservar a própria reputação. Por medo, por amor, por vaidade, por pena. É uma prática comum em todos os aspectos da vida que envolvam relações sociais.

A vida em sociedade e seu jogo de aparências em muito é uma mentira. Estamos sempre tentando parecer aos outros o que de perto não somos.

Todavia, inventar uma mentira é como uma bola de neve, quanto mais a história vai crescendo, mas vai ganhando novos elementos. O pior é que a pessoa que mente fica presa a sua mentira, uma vez que não poderá jamais esquecer o que relatou.

Além das mentiras existem a “meia verdade”, os exageros, as omissões, os esquecimentos providenciais, o blefe, o perjúrio, a dissimulação, o fingimento e outras formas de burlar a verdade. Mentir é um ato que aperfeiçoamos com o tempo, até que nos tornemos especialistas.

Há pessoas que acreditam não mentir, ou que dizem fazê-lo apenas raramente. Essas pessoas estão enganando a si mesmas. Estão mentindo para si mesmas sobre mentir.

O Professor Cândida Silva Joaquim (português), com bacharelado em Filologia, em seu artigo "Mentiras" in Sociologia - Problemas e Práticas (revista Sociologia, Problemas e Práticas -1991), argumenta que “mentir é só uma das muitas maneiras de enganar, embora a única que se distingue pelas suas características especificamente linguísticas”.

Segundo pesquisadores, nunca se mentiu tanto com a popularização e acesso facilitado aos meios de comunicação. O conceito de fake news ganhou forma. Notícias falsas espalham-se rapidamente. O ambiente virtual torna muito mais difícil distinguir sinceridade de falsidade, verdades de mentiras. Embora a tecnologia tenha facilitado o trabalho de revelar verdade, por outro, manipular a realidade passou a ser bem mais comum. As fake news nas redes sociais estão na maioria das vezes, sendo usadas apenas para criar boatos e reforçar um pensamento, por meio de mentiras e da disseminação de ódio.

Outro ponto a se destacar, é a mentira no ambiente de trabalho. É tóxica e causa grandes danos. Quem fala a verdade tem boa reputação e alta credibilidade com relação aos demais. Hoje em dia, isso é precioso e abre muitas portas e oportunidades. Uma pessoa que fala a verdade, é vista como alguém confiável, a confiança é o principal elo entre as relações. Os benefícios de uma boa reputação, não se estende somente às pessoas, mas às empresas que são admiradas pelo mercado. Este, por sua vez, é implacável com as companhias que não são éticas. Os custos da mentira são caríssimos, não só com a perda do valor das ações, mas com a reação e boicote dos clientes.
Entre todas as profissões, a dos políticos é a que tem os mentirosos mais eficazes. Os políticos mentem mais vezes, com mais intensidade e melhor do que outros mortais.

Os políticos são vendedores, e o que eles vendem, são muitas vezes, ilusões. Eles são mestres de manipular nossos medos, esperanças e apresentar imagens falsas ou enganosas de si mesmos, do estado do mundo e do que eles farão. Parece que é simplesmente impossível ser um político de sucesso, sem ser um mentiroso habilidoso.

Um político que se vê como um messias sempre acha que suas mentiras são por um bem maior.  Os maus exemplos são tantos que daria um livro imenso de casos e citações que dificilmente seriam contestados, porque ocorreram, continuam ocorrendo e irão continuar acontecendo.

Infelizmente o brasileiro tem razão para desacreditar na classe política por tudo que ouve e vê acontecer no cenário político brasileiro. Nada muda na vida deste povo. É mentira ali, mentira aqui.

A bem da verdade, a mentira é um comportamento social, aprendido e reproduzido desde os primeiros anos de idade. Embora a natureza nos tenha presenteado com o dom da verdade, a mentira é aprendida. E isso acontece por que as crianças são cercadas por adultos que mentem. Não tenho dúvida que desde pequenos, os pais costumam ensinar aos filhos que mentir é errado, porém em alguns momentos, as atitudes dos pais confundem a cabeça das crianças. Por exemplo, quando um telefone/celular toca e o filho atende. Muitas vezes o pai pede ao filho para perguntar quem é e acrescenta: “Se for fulano, diga que não estou!”. E a criança explica, sem cerimônia: “Meu pai mandou dizer que não está”. São centenas de exemplos que as crianças recebem diariamente dos adultos. Vendo os pais contando essas mentiras corriqueiras geram na criança a possibilidade de ela fazer a mesma coisa.

Importante ressaltar, apesar do aprendizado adquirido com os pais, as crianças mentem principalmente para obter o quer precisam e para evitar o que temem. Mas não podemos esquecer que somos o maior exemplo para nossos filhos.

Já as histórias como Papai Noel e Coelho da Páscoa não devem ser consideradas como mentiras, já que fazem parte da imaginação dos pequenos e são simbólicas, muito diferente de distorcer fatos reais. Essas fantasias são saudáveis durante a infância, e não há problema deixar a criança acreditar em personagens fictícios por um tempo. Agora, é importante que a relação entre pais e filhos deva ser baseada na confiança, e isso requer um esforço dos adultos em contar sempre a verdade.

A mentira é uma escravidão! Sofre o mentiroso e sofre o que se sente enganado com a mentira. Quando se fala a verdade, liberta-se dos medos, alivia a tensão, diminui o stress e restabelece uma harmonia com o corpo e a alma. Falar a verdade é um princípio que alimenta a nossa essência, logo contribui para a saúde integral.

Falar a verdade para os outros, ajuda a amadurecer a relação e a desenvolver as pessoas envolvidas. Enquanto, mentir desgasta e pode até acabar com a relação.

A verdade, não só liberta do passado como previne males futuros. Mesmo que seja doído ou vergonhoso, falar a verdade pode evitar sofrimentos maiores.

Não tenho dúvida que a veracidade, a capacidade de dizer a verdade, é a base de todas as virtudes. Todos somos capazes de dizer a verdade com muita honestidade. Quando inventamos pequenas mentiras para o outro e para nós mesmos, estamos nos afastando de quem somos.

Qualquer pessoa que já tenha se debruçado sobre a Bíblia, sabe que a mentira é altamente condenável. Manipular pessoas, através da mentiram é altamente condenável pela Bíblia Sagrada. Segundo o Provérbios 6:16-19: "Existem sete coisas que o SENHOR Deus detesta e que não pode tolerar: o olhar orgulhoso, a língua mentirosa, mãos que matam gente inocente, a mente que faz planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que diz mentiras e a pessoa que provoca brigas entre amigos."   

Concluindo, afirmo que é difícil falar sobre mentira. Pensei muito antes de escrever sobre esse assunto. A escritora Virginia Woolf escreveu que você só pode falar sobre alguma pessoa, se você conseguir falar a verdade sobre si mesmo.  O quanto conseguimos todos os dias dizer todas as verdades sobre nós mesmos?

Assim, se alguém te disser “eu nunca minto”, você pode ter certeza de que essa pessoa está mentindo para você. Quem não tiver teto de vidro que atire a primeira pedra.

"Quando o Diabo mente, está apenas fazendo o que é o seu costume, pois é mentiroso e é o pai de todas as mentiras." (João 8:44b)

24/09/2022

Se as palavras ensinam, os exemplos arrastam

Nas diversas fases de nossa caminha nesse mundo de Deus, convivemos ou conhecemos pessoas que tivemos a alegria de exaltar pela sua conduta ou melhor dizendo pelo seu exemplo de vida. Não tenho dúvida que para a maioria das pessoas, os pais e os avós foram os primeiros a serem colocados neste universo. Na maioria das vezes perpetuam por toda vida.  Em determinada fase, que chamamos escolar, nosso círculo social começa ter uma abrangência bem maior. Novos exemplos de vida começam ser observados por nós. Sejam professores ou até mesmos colegas.

Graças a Deus, nos meus sessenta de três anos de vida, tive a felicidade de conviver e conhecer muitas pessoas, que pelos seus exemplos de vida, ajudaram nas minhas decisões e atitudes. Vou apenas ressaltar, com muito orgulho, os ensinamento do meu pai (já falecido), principalmente pelo seu senso de justiça e honestidade, de minha mãe pela simplicidade, humildade, e a preocupação de sempre ajudar o próximo, e de minha Comadre Azinete, como exemplo de fé.  Ela, mesmo com os reveses da vida, tais como, perda trágica do seu filho Luiz Henrique (meu afilhado) e os problemas de saúde do seu marido Djalma (falecido), buscou na religião ou melhor nos braços de Jesus a força necessária para continuar sua missão neste mundo de Deus. Como ela uma vez me disse: “Eu sou apenas uma humilde serva do meu Senhor Jesus”. Não podemos esquecer que para vivermos uma fé verdadeira, precisamos crer incondicionalmente na manifestação de Deus em nossa vida.

Fazendo uma abrangência, podemos afirmar que em qualquer segmento da sociedade, seja em instituições públicas e privadas, religiosas, políticas e esportiva, etc., é possível de encontrar pessoas que sejam exemplos de vida. Infelizmente atualmente está difícil de se encontrar nas instituições políticas.

Ao longo da história muitos líderes políticos, religiosos, educadores, e atletas, foram exemplo no seu tempo. Muitas dedicaram integralmente suas vidas a fazer o bem ao próximo. Por exemplo: São João Paulo II que teve uma juventude muito dura pelo ambiente de ódio e destruição da Segunda Guerra Mundial. Durante seus mais de 25 anos de pontificado, São João Paulo II teve um espírito missionário. Promoveu o diálogo inter-religioso. Um de seus gestos mais recordados foi pedir perdão pelos pecados da Igreja em toda sua história. 

A Beata Albanesa Teresa de Calcutá, de coração indiano fundou, a pedido de Deus, uma congregação religiosa ao serviço dos mais pobres entre os habitantes da Índia. Dedicou-se a percorrer os bairros pobres, visitou famílias, lavou as feridas das crianças e ajudou os necessitados, entre eles os leprosos e os chamados “intocáveis”, a casta hindu mais baixa. 

O ativista norte-americano Martin Luther King que lutou contra a discriminação racial e tornou-se um dos mais importantes líderes dos movimentos pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

O Sul-Africano Nelson Mandela que foi um símbolo de resistência na luta contra o movimento Apartheid, legislação que segregava os negros no país. Nelson Mandela se tornou referência mundial na busca por uma sociedade democrática e igualitária.

A religiosa católica brasileira Irmã Dulce (1914-1992) que dedicou a sua vida a ajudar os doentes, pobres e os mais necessitados. Foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010, passando a ser reconhecida com o título de "Bem-aventurada Dulce dos Pobres".

No futebol brasileiro, na minha opinião, o nosso Pelé ou melhor Edson Arantes do Nascimento, foi um dos profissionais do esporte que podemos considerar como exemplo tanto dentro como fora do campo. Maior mito do futebol nacional de todos os tempo.

Antigamente, nas cidadezinhas do interior do País, a população reconhecia as três maiores autoridades do município: o padre, o prefeito e o delegado. Nos município que tinha Juiz de Direito, entrava também no rol das autoridades.

Cada qual, à sua maneira, exercia influência específica sobre o comportamento das pessoas, principalmente diante de algum entrevero, que inevitavelmente exigia uma providencial interferência dessas personalidades. Independentemente do tempo, sempre serão pessoas que precisam dar bons exemplo de conduta.

Não podemos esquecer que tudo começa dentro da unidade familiar. Da mesma forma que os pais são exemplos de autoridade dentro da família, eles são também modelos para seus filhos, que observam seus comportamentos o tempo todo. Todavia, assim como os pais, os avós, os tios e os irmãos mais velhos, devem também ser inspiração para os filhos como exemplo de vida. Nossos filhos, desde o momento em que nascem, são esponjas que estão aprendendo sobre tudo ao seu redor. Nossas ações são muito mais poderosas do que qualquer palavra que digamos.

É incrível parar e pensar o quanto somos exemplo para nossas crianças 24 horas por dia. Os pais são a primeira referência comportamental da criança, portanto é comum que copiem deles não só o falar e andar, como também atitudes e hábitos de vida. Os filhos são como espelhos.

Não há discurso mais equivocado do que o famoso: “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”. Apesar de ser importante se comunicar de forma objetiva e coerente, as nossas atitudes precisam estar alinhadas na mesma direção de nossa fala.

Em I Coríntios 11.1, Paulo diz à igreja: “Tornem-se meus imitadores, como eu sou de Cristo”. A Palavra foi dirigida à igreja do Senhor, mas poderia ser aplicada dentro do lar, para pais e filhos. Paulo quis dizer que ele era exemplo de uma pessoa que obedecia a Deus e orientou a igreja a que o seguisse. Com base nesse ensinamento, temos que sempre manter a coerência e evitar o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Lembramos que nos círculos sociais, que os nossos filhos estão inseridos, como por exemplo no sistema educacional, tanto os diretores quanto os professores têm responsabilidade de serem exemplo de conduta. Assim como os orientadores religiosos, sejam padres, pastores ou religiosas. Os mesmos foram escolhidos por Deus, do meio do Povo, com a missão de ensinar o caminho certo, de colaborar com a santificação do Povo de Deus e de governar com justiça a comunidade que lhe é confiada. Consequentemente, têm uma responsabilidade muito grande quando falamos em “ser exemplo”.

De qualquer forma, uma coisa tenhamos certeza, pai ou mãe serão provavelmente o maior exemplo, o maior ponto de referência, que os filhos terão na vida.

Como exorta o Proverbio 22.6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar. E, ainda quando for velho, não se desviará dele”.

Não podemos esquecer de ser exemplo de conduta no ambiente de trabalho, independentemente de estar ou não numa posição de liderança. Vivemos num momento em que cada atitude que tomamos fica registrada de alguma forma, exigindo de nós grande atenção quanto aos nossos compromissos e ética. Ser uma pessoa ética em sua vida pessoal reflete diretamente na sua capacidade de servir de exemplo para os seus colegas. Imaginem um CEO (Chief Executive Officer) fazendo uma visita de rotina no chão de fábrica, sem óculos de segurança, numa área onde existe a obrigatoriedade de se utilizar o óculos de segurança. Que exemplo de segurança este administrador está passando para todo quadro de funcionário? Ou ainda, um agente da Policia Rodoviária Federal, dirigindo uma moto sem capacete?  

Infelizmente em nosso pais, parece que as lideranças políticas esqueceram que precisam de diversas competências para exercer a função com excelência, entre estas atribuições fundamentais, destaca-se o “ser exemplo”. Nunca poderão esquecer que suas atitudes podem ecoar de maneira positiva ou negativa na população. O que eles dizem ou fazem podem se tornar fios desencapados que ocasionem curtos circuitos e faíscas, e produzir pequenos ou grandes incêndios na estabilidade social e econômica da nação.

Temos a consciência que dizer o que outras pessoas precisam fazer é fácil, mas tomar atitude e fazer para ser exemplo não é tão fácil assim. Não há quem nunca ouviu alguém dizer: “falar é fácil, difícil é fazer”. Porém se não tivermos a consciência e perseverança de que ser exemplo é a luz que pode iluminar os nossos caminhos e principalmente das pessoas que caminha ou passam por nós na estrada da vida, não cumpriremos nossa missão nessa terra e fiquemos certo que nossos tropeços serão muito maiores que as conquistas.

Sempre devemos lembrar do nosso maior exemplo de vida: Jesus Cristo. Dedicou toda a sua vida em benefício do próximo. Inclusive, Jesus defendia padrões de morais e ética, os quais já haviam sido esquecidos pela sociedade religiosa e hipócrita daquela época. Ser um exemplo de Jesus Cristo é um grande privilégio. Não é tão fácil como parece, mas precisamos sempre trabalhar e policiarmos na nossa maneira de ser e agir para que esse objetivo seja alcançado. Para ser diferente e exemplo de vida é preciso mudar. Não somente devemos ser exemplos em nossa linguagem, procedimento e amor para com outros, mas também devemos ser um espelho em nossas atitudes interiores

Na dúvida, lembre-se da sabedoria do provérbio: “se as palavras ensinam, os exemplos arrastam”. Ou seja, se tiver que começar por algum ponto, comece por si mesmo. Reavalie suas atitudes antes de mais nada, pois só assim conseguirá transmitir ensinamentos verdadeiros e inspiradores.

Lembrando de uma frase de Barack Obama: “Você não precisa provar nada a ninguém. Seus atos e comportamentos dirão quem você é."

Se a vida é uma grande escola onde permanecemos em constante aprendizagem, o que falta para sermos exemplo de Vida?

04/04/2022

O Exemplo do Mar

No Brasil, convencionou-se dizer que o ano começa depois do Carnaval. Máxima que se tornou quase um ditado popular. Cultura enraizada no nosso país. Entendo que tem um pouco de lógica, pelas datas comemorativas, que temos a partir do Natal até a Quarta-feira de Cinzas.

Oficialmente o Carnaval termina na quarta-feira de cinzas, data que foi criada pela religião católica para celebrar o início da Quaresma, ou seja, os 40 dias que antecedem a Páscoa.

Como sabemos, a origem da Quarta-feira de Cinzas é puramente religiosa. A tradição católica, diz que, se deve fazer jejum e não comer carne. Isso já existe há muitos anos e tem como intuito fazer com que os fiéis se identifiquem com o sacrifício de Jesus, se privando de uma coisa de que gostam, neste caso, a carne.

A Quarta-feira de Cinzas representa o primeiro dia da Quaresma no calendário gregoriano. Neste dia, é celebrada a tradicional missa das cinzas, quando temos a imposição de cinzas cuja ideia é lembrar a todos que nós, humanos, somos finitos. A concepção da celebração, remete à mitologia egípcia, especificamente ao mito da Fênix, um pássaro que não morre, é queimado, mas ressurge das cinzas.

O tempo da Quaresma é um tempo de reflexão e de penitência. Tempo de conversão e da mudança de vida, para recordar a passageira fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

A Quaresma é uma prática realizada por fiéis de tradição católica, assim como por devotos da Igreja Ortodoxa, anglicanos e luteranos.

Na última semana do período da Quaresma, temos a Semana Santa, que inicia no Domingo de Ramos. É um período religioso do Cristianismo e do Judaísmo que celebra a subida de Jesus Cristo ao Monte das Oliveiras. Temos a crucificação de Jesus, na sexta-feira da Semana Santa e a sua ressurreição, que ocorre no domingo de Páscoa.

As tradições envolvendo a Sexta-feira Santa, conhecida também como Sexta-feira da Paixão, eram bem mais arraigadas no passado. A Igreja Católica sempre aconselhou os fiéis a fazerem algum tipo de penitência, como jejum, abstinência de carne e exclusão de coisas que dê prazer a eles. Pessoas mais velhas, ainda seguem às tradições a risca. No entanto, muitos jovens não conhecem muito bem esses costumes.

A única carne permitida é a de peixe. O Peixe é uma das representações que simbolizam a vida e a fé das pessoas em Jesus Cristo.

Na Sexta-feira da Paixão, também não se deve ouvir música alta e nem dançar. Mas, você pode ouvir músicas religiosas para refletir sobre esse dia.  Nada de consumo de bebidas alcoólicas. Não convém nem mesmo vinho. As pessoas devem evitar brigar e falar palavrões.

Na atualidade, a Igreja mostra mais flexibilidade e tolerância quanto a ações dos fiéis na data. Antigamente, os familiares evitavam fazer qualquer tipo de limpeza no lar. A mãe cobria as imagens de santos, quadros e fotografias com panos roxos, para simbolizar o luto, pela morte de Jesus. 

Um lamentável costume antigo, que ainda pode ser localizado em algumas cidades brasileiras, com maior força na região Nordeste, é o ato de roubar galinhas durante a Semana Santa.

Na madrugada da Sexta-Feira Santa para o Sábado de Aleluia, jovens e adultos saíam pelas ruas da vizinhança em que moravam em busca de casas em que eram criadas galinhas para assim poder roubá-las.

Uma das explicações para essa prática, se deve a crença de que como Jesus estava morto (ressuscitaria no Domingo de Páscoa), este não poderia ver os pecados dos ladrões de galinhas, que praticavam seus “crimes” sem “culpa”.

O fato, é que é uma prática cultural controversa. O crime muitas vezes levado em tom de brincadeira pode parar na Justiça, resultando em condenação.

Pelo fato, de ter nascido no seio de uma família católica, minha formação religiosa foi toda dentro da doutrina do catolicismo. Quando chegamos a uma certa idade, as influências externas ou outros fatores, podem fazer as pessoas seguirem outra religião, diferente da qual fomos catequizados, mas no meu caso posso afirmar que isso não ocorreu, pelo contrário, consegui fortalecer ainda mais minha convicção religiosa, a católica.

Não tenho dúvidas que essa catequese religiosa que tive, influenciou significativamente na formação do meu caráter. Assim sendo, dentro dessa influência religiosa, desde criança, aprendi que devemos vivenciar a Semana Santa. Por isso, é bom lembrar que a Semana Santa, assim como outros momentos de Festa da Igreja, não é nenhum tipo de feriado, onde podemos simplesmente viajar para descansar ou realizar passeios turísticos, pelo contrário é momento de viver intensamente a celebração, meditando o sofrimento de Cristo por amor à humanidade.

Vivemos numa época de mudanças. Os costumes de duas ou três décadas atrás apresentam tendência a se diluírem. A sociedade era marcada pelo cristianismo e pelo catolicismo, hoje não é mais assim. Conforme pesquisa da Data Folha, realizada no Brasil em 2020, a população brasileira católica atingiu 50%. Ressaltamos que no censo demográfico de 1940, totalizava 95%.

Ao contrário, do que ocorre entre os católicos, a Igreja Evangélica não altera sua programação devido ao período de Páscoa, nem estabelece um cronograma específico para a Semana Santa.

Dessa forma, a Semana Santa não é tão enfatizada, sendo lembrada nas celebrações como os dias que antecedem o sacrifício de Jesus na cruz. Já o domingo de Páscoa, costuma ser o dia mais importante na tradição reformada, uma vez que simboliza a redenção da humanidade. Portanto, os evangélicos enxergam esse período como um momento para refletir e levar a palavra de Cristo para mais pessoas.

Para os membros da Igreja Evangélica, não é proibido comer nada. Segundo os pastores, o que prejudica o homem não é o que entra pela boca, mas sim, o que sai dela. No entanto, os evangélicos não condenam os membros que só comem peixe, nos Dias Santos.

Para a Doutrina Espírita, não existe a chamada Semana Santa, nem tão pouco à Sexta-feira Santa. A Sexta-feira Santa, para o espiritismo é um feriado nacional e uma prática católica.

Os espíritas, veem Jesus como um mestre por excelência, um educador, que ensina como agir rumo ao sumo bem. Não seria o derramamento do sangue do Cristo que teria significado, mas toda sua trajetória.

Na Doutrina Espírita, não há restrição à carne vermelha, na Sexta-feira Santa ou em qualquer outra data. Eles consideram essa restrição uma prática de outra religião que eles respeitam, mas não adotam.

Para o Espiritismo, a Páscoa significa libertação. “A passagem representa a libertação, desde que sigamos os ensinamentos. Comemoramos a festa da Páscoa, com muito empenho e alegria, porque Jesus vivenciou a morte e nos mostrou que somos espíritos mortais”.

Os rituais da Umbanda também acompanham a Quaresma. Na Quarta-feira de cinzas, por exemplo, os Orixás da casa são vestidos e cada filho de santo lhes oferece a sua comida preferida. Os atabaques são lavados e guardados, e só são acordados no Sábado de Aleluia.

Para a Umbanda, a Semana Santa representa a criação do mundo, por isso, durante esse período, os Umbandistas se vestem de branco, principalmente na Sexta-feira Santa. Além da roupa branca, eles se alimentam somente com comidas dessa cor, como a canjica, arroz doce e pães. Esse é o dia em que os Orixás descem do Orún (mundo espiritual), para conhecer a grande criação de Olorum (Grande Criador, Divino, Deus criador de tudo).

Os seguidores da religião judaica, não celebram a Semana Santa como os católicos, comemoram apenas a Páscoa judaica (do hebraico Pessach = passagem). A Páscoa significa para a comunidade judaica, a libertação do povo judeu do cativeiro do Egito. É comemorado no mundo inteiro. Oferecem um jantar especial na Páscoa Judaica. Um cerimonial, ritual diferente com alimentos como manda a tradição judaica.

Importante ressaltar a missa realizada no Sábado de Aleluia, o primeiro dia depois da crucificação e morte de Jesus Cristo e o dia anterior ao Domingo de Páscoa. A missa de Lava-Pés, celebra humildade com fiéis, relembrando o gesto de Jesus. Ao lavar os pés dos seus discípulos, Jesus tinha como objetivo deixar mais um exemplo de amor ao próximo e de humildade.

A humildade é um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer suas próprias limitações, com modéstia e ausência de orgulho. Humildade é ter um conceito equilibrado de si mesmo, sem buscar honra para si. A justiça não se pode praticar sem humildade, porque o orgulho exagera os seus direitos em detrimento dos do próximo.

A pessoa humilde sabe que todos os seus talentos e sucessos vêm de Deus. O humilde trabalha e se esforça, mas nunca se esquece que foi Deus quem lhe deu a vida e todas as coisas melhores que tem. A pessoa humilde não faz as coisas para ganhar tratamento especial nem para parecer melhor que outras pessoas. Faz o que é certo, porque é certo, não porque vai parecer “santo”. A pessoa humilde, reconhece que não é perfeita nem faz tudo certo. Não fica cheia de orgulho por se achar melhor que os outros.

Madre Teresa nos ensinou que “a humildade consiste em calar as nossas virtudes e deixar que os outros as descubram”, e assim, sendo tolerante com as diferenças, respeitando os nossos limites, podemos então trilhar o caminho do crescimento.

O escritor e blogueiro brasileiro Paulo Roberto Gaefke (1961, no livro “Quando é preciso Viver” página 29), escreveu: “Você sabe por que o mar é tão grande? Tão imenso? Tão poderoso? É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios, não seria mar, mas sim uma ilha. Toda sua água iria para os outros e estaria isolado”.

Antes de concluir, quero lembrar a origem da palavra humildade. Humildade tem origem no Latim humus, “terra fértil”, derivado por sua vez do Indo-Europeu ghyom-, “terra”. 

Assim, precisamos nos questionar, não só no período da Quaresma, mas em todos momentos de nossa vida, se temos vivido uma vida produtiva, uma vida fértil em fazer o bem, em aprender, evoluir e partilhar, ou se estamos pelo contrário, vivendo de forma improdutiva, de forma a não fertilizarmos nada de positivo no convívio com os outros. Essa é uma reflexão, que carrego comigo sempre e creio que seja esse o significado que devemos reconhecer e buscar, incorporar em nosso dia a dia, alguém humilde, é alguém que é capaz de produzir bons frutos, de fertilizar o bem e fazer a diferença nesse mundo.

Independente de religião, a Quaresma é um período em que todos são convidados a refletir, a repensar na vida, no modo de encarar o cotidiano, de como pode ser melhor dentro de casa, com o próximo no trabalho e na comunidade.

E que a Páscoa seja um período para agradecermos a Jesus, pelo sacrifício e também para pensar em todos os nossos atos e renovar os votos perante Deus, para sermos cada vez melhores e dignos desse ato tão nobre para nos libertar e nos dar a vida.

Viva uma Semana Santa de paz, de tranquilidade e de novos tempos. Seja gentil, reflita, respire. A mudança em sua vida, para melhor, deve começar por você mesmo! Sempre!

08/03/2022

HERÓI DOS HERÓIS

Na década de 60 a televisão tornou-se um meio de comunicação em massa. Sem dúvida, a televisão revolucionou o mundo, influenciou comportamentos, marcou décadas e hoje é o meio de comunicação com maior penetração e importância no mundo, mesmo depois da popularização da Internet.
Foi a década da minha infância. Nos meus primeiros contatos com esse meio de comunicação, gostava de assistir um série que fez grande sucesso no Brasil, denominada “As aventuras de Rin Tin Tin. Narrava a história de Rin Tin Tin , o cachorro que acompanhava uma unidade da Cavalaria dos Estados Unidos no final do século XIX, sediada no Forte Apache. Seu melhor amigo era o Cabo Rusty (Lee Aaker, nascido em 1943), um garoto que perdeu os pais em um ataque dos índios e foi adotado pela corporação, se tornando uma espécie de mascote. Sempre que havia algum problema e Rusty necessitava da ajuda de seu amigo canino, gritava Yo ho Rinty! e Rin Tin Tin aparecia para ajudar. Nessa época, fazia também sucesso, a série Zorro que narrava a história de um justiceiro mascarado, que usava o chicote e a espada para defender o povo, e também o faroeste ''Bat Masterson''. O herói desta série da televisão, raramente apelava para a força das armas, preferindo derrotar seus rivais lutando. Todavia, naquela época, foi o cachorro da série Rin Tim Tim, que adotei como meu herói. Interessante que meu neto Lucas, atualmente com três anos, passou a adotar os pequenos filhotes de cachorro do desenho “A Patrulha Canina” como seus heróis. O desenho lúdico usa uma linguagem próxima das crianças, com mensagens que representam bem a intenção de incentivar nos pequenos a habilidade de resolução de problemas, assim como a coragem e o trabalho em equipe. Um menino de 10 anos comanda um time de filhotes muito espertos, para resolver problemas e salvar a cidade.
Fui crescendo e passei a gostar cada vez mais de futebol. No início da década de 70, o Brasil ganhou a Copa do Mundo. Não teve por onde, alguns craques como o Rei Pelé, Rivelino, Gerson, Jairzinho, Tostão e tantos outros, passaram a fazer parte da galeria de ídolos da garotada daquela época. Todos queriam jogar com o número desses jogadores, estampado nas costas. Importante diferenciar um herói de um ídolo. A maioria das pessoas pensam que "herói" e "ídolo" são usados ​no mesmo contexto. Mas o fato é que os dois são diferentes. “Herói" é uma palavra que foi cunhada do grego "heróis", que significa "guerreiro, protetor, herói ou defensor". Também é semelhante a Hera, uma deusa, conhecida como guardiã do casamento. "Herói" é atribuído a uma pessoa por sua coragem, nobreza e realizações extraordinárias. Um verdadeiro guerreiro. Aquele que fez algo de bom para a sociedade ou arriscou sua vida pela sociedade. O herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas – liberdade, fraternidade, sacrifício, coragem, justiça, moral, paz.
Através das histórias em quadrinhos, do cinema e de outras mídias, a cultura de massa popularizou a figura do super-herói, que são indivíduos dotados de atributos físicos extraordinários, como corpo à prova de balas, capacidade de voar, etc.
Fora das telas, os heróis da vida real têm reconhecimentos mais discretos (sem holofotes), que são sentidos dia a dia, ao lograr sucesso em cada missão. Eles não têm superpoderes, mas usam todas as suas habilidades, com coragem e destemor. Podemos, por exemplo, lembrar dos Bombeiros, que arriscam as suas vidas para proteger as pessoas, as cidades e as florestas do risco de incêndios, desastres naturais, desabamentos, também ajudam a socorrer animais em perigo e auxiliar pessoas que enfrentam situações de grande stress, como tentativas de suicídio, afogamentos, desaparecimentos e traumas provocados por acidentes. Além de desenvolverem vários projetos sociais e educativos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Não podemos esquecer de considerarmos heróis os policias civis e militares que, buscando proteger a sociedade, se colocam em situações de risco, sejam investigando crimes ou na captura de criminosos. Acrescentamos as ações de solidariedade e salvamentos.
No início de 2020, ano do grande teste sanitário da humanidade, os profissionais de saúde foram autênticos anjos da guarda. Foram verdadeiros heróis da pandemia. Com resiliência e coragem, colocaram a própria saúde em risco para salvar vidas, se isolando de suas famílias, dedicando uma atenção extrema. Incessantes guerreiros.
Além desses profissionais, outros profissionais como os cientistas e pesquisadores, que têm trabalhado incansavelmente em busca de remédios e vacinas, merecem ser chamados de heróis.
Assim como os bombeiros, profissionais da saúde, policiais civis e militares, não podemos esquecer de personagens que ultrapassaram barreiras sociais e antropológicas de uma época, lutaram contra políticos e culturas e até arriscaram suas vidas para romper dogmas, preconceitos, políticas antiquadas e formas de administrar atrasadas, desrespeitosas e cruéis, para tornar nosso país e nosso mundo um lugar melhor para se viver, como Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, Martin Luther King Jr., Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama e Malala.
"Ídolo" é uma palavra derivada do antigo "ídolo" francês, que significa "uma imagem de uma divindade como um objeto de adoração". Pessoa a quem se atributa grande admiração, demasiado respeito, excessivo afeto ou pessoa pela qual se tributam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente. Personalidade que desfruta de grande popularidade (artistas populares, esportistas e etc).
Bem, quanto aos ídolos, diferente dos heróis reais, influenciam significativamente tanto as crianças, como jovens e adultos. Por exemplo, as crianças tendem a imitar os seus ídolos. Os ídolos normalmente lhes ensina um padrão a seguir, lhes transmite uma série de valores (positivos ou negativos) e incentivam sua imaginação. Muitas crianças podem criar uma imagem falsa do seu ídolo. É então que os pais devem agir. Uma obsessão pelo seu ídolo pode gerar nas crianças falsas expectativas e muita frustração.
No caso das crianças e jovens, diante da enorme diversidade de canais de TV e YouTube, chegamos a um ponto em que mal sabemos quem são os ídolos de nossos filhos. Durante nossa infância era comum que compartilhássemos com irmãos e amigos a admiração pelos mesmos personagens e artistas. Dividíamos a mesma televisão em casa. O canal que um membro da família assistia era a única opção para todos.
Não podemos esquecer, que às crianças pequenas, só têm um ídolo que admiram diariamente: os seus pais. Para elas, os seus pais são como super-heróis e não há quem consiga vencê-los.
Às crianças prestam bastante atenção na postura dos pais. Dentro de casa, o pai é visto como um modelo masculino mais importante. Instintivamente, o pequeno se limita a comportamentos que agradem o pai. Ao enxergar o pai como referência, a criança faz dele seu espelho, um modelo a ser seguido. O pai será a primeira pessoa que a criança amará no plano abstrato e espiritual, pois nunca esteve ligada fisicamente ao pai como esteve à mãe. Infelizmente, temos a paternidade inadequada. Aquela cujo pai está ausente ou, quando está presente, atua nos extremos: autoritária ou passiva.
Considero marcante aquela imagem, muito comum em nosso meio, a do pai retirando as rodinhas laterais da bicicleta e, segurando no banquinho, empurrando a criança para que ela, ao pedalar, consiga o equilíbrio por si mesma. Esta atitude simbólica, da bicicleta, é uma representação muito concreta da função paterna no nosso desenvolvimento, onde o pai é quem “empurra” a criança para o mundo concreto e real, promovendo o seu equilíbrio e autonomia. Neste sentido, dizemos que o pai é uma figura de referência no que se refere ao desenvolvimento social da criança.
A adolescência é uma fase de intensidade em todos os sentidos, em grande parte provocada pelos hormônios em ebulição. Na prática, os indivíduos nessa etapa da vida comumente têm comportamentos hiperbólicos: ora amam muito, algo que parece trivial aos olhos dos adultos, ora odeiam com todas as forças. O mesmo acontece em relação às personalidades da música, do esporte, da televisão e da internet. Quase sempre os os jovens demonstram uma admiração desmedida por pessoas que mal conhecem.
O devoção, que alguns adolescentes desenvolvem por celebridades, pode ser explicada por duas características tradicionais da adolescência: busca de referências fora da família e também como uma tentativa de pertencer a um grupo (dos geeks, dos roqueiros, dos populares). Esse comportamento, faz parte do processo de construção da identidade, e a tendência é que com o tempo diminua naturalmente.
Sob o olhar do adolescente, os ídolos são como “espelhos estruturantes” nos quais se reconhece refletido e a quem transfere o que entende como suas características ideais: beleza, rebeldia, glamour, inteligência, habilidade no esporte, sex appeal. Essa admiração exagerada a uma personalidade, é comum e geralmente não apresenta qualquer perigo, exceto quando o adolescente realmente desenvolve um comportamento de idolatria, um fanatismo que atrapalha seus relacionamentos e os rendimentos nos estudos. Como os adolescentes, ainda não têm o senso crítico plenamente desenvolvido, podem acreditar que se trata de um ser humano sem defeitos, que já acorda de maquiagem e sorrindo. É papel dos pais mostrar que “nem tudo que reluz é ouro”, e que pode ser que aquela pessoa não seja tão perfeita ou feliz quanto aparenta nas redes sociais.
Bem, os heróis e ídolos sempre farão parte da sociedade humana. Todavia, de vez enquando surgem dois segmentos que muito preocupa o crescimento dessa sociedade e a paz mundial. Estamos falando dos Salvadores da Pátria e dos Mitos. Na crise mundial ocorrida entre 1929 e 1932, que ficou conhecida pela “Grande Depressão”, a Alemanha, chegou a ter seis milhões de desempregados, em junho de 1932. As dificuldades econômicas, contribuíram para um aumento vertiginoso de apoio popular ao Partido Nazista, fazendo com que o austríaco Adolfo Hitler aparecesse no cenário político como o “salvador da pátria”, conquistando a simpatia de milhões de alemães, e levando a assumir o poder com a morte do presidente Hindenburg em 1934. Na Alemanha, Hitler implantou uma das mais cruéis ditaduras da história da humanidade. Livros proibidos eram queimados, democratas e comunistas eram demitidos, aos judeus eram impostas várias proibições e uma forte perseguição.
Pousando em nosso país, podemos afirmar, o Brasil continua sendo um país messiânico. A história política nacional é repleta de exemplos de personalidades que chegaram ao poder prometendo "salvar a pátria". Foi assim desde Getúlio Vargas, o pai dos pobres, até os nossos dias.
O Brasil acostumou-se a ser um país de salvadores da pátria, de soluções milagrosas, isso é típico de uma monarquia. Mas, numa democracia republicana quem resolve nossos problemas somos nós. Existe a ilusão de que quem constrói cidadania é o Estado. O Estado é reflexo da sociedade. Precisa haver uma mudança de cultura da sociedade através da educação e promoção de valores democráticos.
Ao longo de sua história, o Brasil falhou na tarefa de realizar coisas importantes, como prover educação para todos, reduzir a pobreza e formar cidadãos capazes de conduzir os seus próprios destinos, em um ambiente de democracia.
As pessoas participam pouco da atividade política, não vão a reuniões de condomínio ou de pais e mestres, desprezam os partidos políticos, não ligam a mínima para os sindicatos e associações de bairro, ou seja, são totalmente ausentes das decisões que afetam a sua vida. Mas cobram muito do Estado. Possivelmente, essa falta de interesse, é uma herança da época da monarquia, em que um rei ou um imperador teria a missão de cuidar do bem estar geral.
Sabemos que, em momentos de crise econômica, política ou religiosa, aparecem lideranças que oferecem a esperança, muitas vezes enganosa de segurança do cotidiano. O “são todos iguais”, ou seja, ladrões e corruptos, leva indevidamente à busca do santo, do mago, do salvador capaz de tirar o país do poço onde se encontra afundado.
Mas, o Brasil não precisa de um santo, mito, mago ou novo salvador da pátria, precisa de pessoas que valorizem às instituições e tenha um projeto de país sério. Que saiba liderar a enorme potencialidade do nosso povo, com suas inúmeras riquezas. Que seja presidente de todos e não apenas de seus eleitores. Que busque juntar pedaços de sensatez e de ideias não viciadas pela paixão.
Está na hora de superar a política de uns contra os outros, e partir para o todo, contra os problemas do Brasil. De aclamar por combate à corrupção e aplaudir aqueles que lutam contra isso, mas ao mesmo tempo, deixar de está sempre a procura de oportunidade de "ser esperto". Se queremos um país melhor, se queremos mudança, ela tem que começar por nós mesmos e por nossas famílias. Temos que entender que o Salvador da Pátria, é afinal, a cidadania, que depende de cada um, e não de um ou outro candidato ou governante. Nosso desafio atual é educar as pessoas para que se tornem cidadãos de pleno direito, capazes de romper com essa herança histórica.
Sei que não é nada fácil, colocar em prática essas ações, porém, jamais poderemos parar lutar por elas. Lembrando da célebre lição de Winston Churchill: "a democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela".
Lembrando da música “Pra não dizer que não falei de flores”, vamos escrever um pouco sobre “Mito”. Mito, é uma narrativa fantástica, criada pelos gregos com o objetivo de explicar a existência de coisas, que as pessoas não conseguiam explicar cientificamente, tal como, a origem das coisas, fenômenos da natureza, entre outros. Através da referência a alguns fatos reais, às pessoas eram levadas a acreditar nessas histórias. Podemos definir ainda como uma representação fantasiosa, espontaneamente delineada pelo mecanismo mental do homem, a fim de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida.
O mito também faz presente em diversas áreas do conhecimento. Na Ciência Política ele perde suas características de história, sobre um passado ou origem gloriosos e passa a ser sinônimo de mentira. Mesmo que a ideia de enganar os cidadãos possa ser considerada uma prática repudiada, Platão justificava, “o uso da mentira, pelos governantes, como forma de guiar melhor seus comandados”.
De acordo com o historiador francês Raoul Girardet, no livro Mitos e Mitologias Políticas, originalmente publicado em 1986, a presença de mitos e mitologias políticas sempre foi uma constante na história humana, principalmente em momentos de crise. Girardet, escreve que às pessoas ficam mais suscetíveis a acreditarem em figuras mitológicas em períodos de instabilidade social, econômica ou política.
Usando finalmente a definição do Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, podemos dizer que, o mito é uma pessoa ou um fato, cuja existência, presente na imaginação das pessoas, não pode ser comprovada, ficção.
Temos vária histórias de Mitos no Brasil. Uma delas é do Lobisomem. Este mito não é exclusivamente brasileiro. Conta a história de um homem, que por algum motivo foi mordido por um lobo, e ao invés de morrer adquiriu a capacidade de transformar-se em um ser monstruoso, com características de lobo e de homem, e que ataca às pessoas nas noites de lua cheia.
Entre os anos 385 e 380 a.c, Platão escreveu seu livro “A República”, nele o filósofo apresenta o conhecido Mito da Caverna, uma história sobre um grupo de pessoas acorrentadas, que passam o tempo inteiro olhando para sombras projetadas, em uma parede. Para eles aquilo era o mundo real, e não havia nada e ninguém que pudesse convencê-los do contrário. Nessa lenda, um prisioneiro, que insatisfeito com sua condição, rompe as correntes e sai do local pela primeira vez na vida. Esse prisioneiro, agora livre, depois de contemplar o mundo no exterior da caverna, sente compaixão pelos demais prisioneiros e decide regressar para tentar libertá-los. Ao tentar se comunicar com os outros prisioneiros, ele é desacreditado, tido como louco e finalmente, morto por seus colegas de aprisionamento.
Com essa metáfora, Platão buscou demonstrar o papel do conhecimento, que para ele seria o responsável por libertar os indivíduos da prisão, imposta pelos preconceitos e pela mera opinião. A saída da caverna representa a busca pelo conhecimento, e o filósofo é aquele que mesmo após se libertar das amarras e alcançar o conhecimento, não fica satisfeito. Assim, ele sente a necessidade de libertar os outros da prisão da ignorância, mesmo que isso possa causar a sua morte. Desde que foi escrita, o Mito da Caverna serviu para ilustrar uma das mais antigas discussões da história do pensamento humano: será que realmente percebemos a realidade?
Enfim, esquecendo dos mitos e salvadores da pátria, os nossos verdadeiros heróis/ídolos são pessoais reais vivem no meio de seu povo. Estou falando dos pais heróis e mães heroínas do lar, que dedicam sua vida aos filhos realizando atos de amor/heroísmo e que fazem parte dos chamados heróis da labuta nacional. Esses heróis, abrangem todos os trabalhadores brasileiros, os grandes heróis da labuta nacional, por sobrepujarem com garra e força de vontade, todas as intempéries, dificuldades e injustiças da vida de trabalhadores brasileiros. Que acordam de madrugada todos os dias, que trabalham à noite, que apanham dois ou três transportes coletivos, para chegar aos empregos. Por conseguirem sobreviver com um salário mínimo, que nem de longe passa perto de cobrir metade das suas necessidades, enquanto existem muitas pessoas nos plenários estaduais e federal ganhando muito sem suar as camisas.
Há momentos que, creio ser necessário, nos perguntarmos, porquê? Afinal, por que esperarmos por mudanças grandiosas, que virão de uma única pessoa, quando poderíamos agir conforme uma das frases mais conhecidas de Mahatma Gandhi “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Ou melhor ainda, como diria o poeta Sérgio Vaz: “Revolucionário é todo aquele que quer mudar o mundo e tem a coragem de começar por si mesmo.”
Depois de muito escrever sobre herói, ídolo, salvador da pátria e mito, me vem em mente a música “Pai” do compositor e cantar Fábio Junior: “Pai, me perdoa essa insegurança. É que eu não sou mais aquela criança. Que um dia morrendo de medo. Nos teus braços você fez segredo. Nos teus passos você foi mais eu. Pai, você foi meu herói, meu bandido. Hoje é mais, muito mais, que um amigo. Nem você, nem ninguém tá sozinho. Você faz parte desse caminho. Que hoje eu sigo em paz. Pai…”
Se ser é Herói é arriscar a própria vida, ou morrer por um ato nobre, posso afirmar que o maior Herói da Humanidade foi Jesus Cristo. Herói dos heróis

26/10/2021

Melhor buscar a verdade e a preservação da harmonia

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Os últimos dezoito meses, na minha opinião, podem ser considerados um dos mais difíceis para a humanidade desde do fim da segunda guerra mundial em 12 de setembro de 1945, com vários pontos que precisamos fazer algumas reflexões. Em nosso artigo, vamos nos deter em dois pontos.

Com a avalanche de aplicativos de comunicação, por exemplo, o “whatsapp” que é utilizado para troca de mensagens de texto instantaneamente, além de vídeos, fotos e áudios através de uma conexão à internet ou mesmo o “facebook” que é um site e serviço de rede social em que os usuários postam comentários, compartilham fotos e links para notícias, e outros tais como: messenger, twitter, Youtube, etc, passamos a ter disponíveis ferramentas poderosíssimas de comunicação, que trazem notícias e informações em tempo real.  No entanto, como tudo na vida, seu mau uso ou seu excesso podem trazer problemas e provocar o inverso ao desejado. As pessoas terminam presas em suas bolhas tecnológicas, com verdadeira aversão aos contatos interpessoais mais próximos. Triste realidade, parece que estamos nos transformando em robôs.  Divulgamos notícias que as vezes nem sabemos a origem e veracidade. Imaginem nos deparássemos com uma divulgação falsa a nosso respeito, como reagiríamos? O pior é que muitos de nós que proclamamos ser Cristãos, esquecemos que Jesus deu testemunho da “Verdade”. Como discípulos de Jesus temos que dar testemunho da “Verdade”. Vocês não acham que vale uma reflexão?

O segundo ponto a refletir, começa com a seguinte pergunta: Qual é o preço de sempre se achar o dono da razão? Quais as consequências de sempre querer provar que se está certo? É claro que defender um ponto de vista é corriqueiro. Colocar nosso posicionamento ou nossas ideias perante um fato, de maneira sensata, é mesmo saudável.

Trocar ideias a respeito de um tema, argumentar a favor de um conceito no qual se acredita, são posturas naturais e comuns nas relações cotidiana. Porém, quando essa atitude supera todas as barreiras, está sempre como ponto de honra de nossa palavra, quando se torna fundamental ter a razão, pior ainda com ideologias políticas e religiosas, qual o preço a ser pago?

Quantas vezes nos aborrecemos com alguém pelo simples fato de querer convencê-lo de que ele está errado em sua forma de pensar? Quem de nós não se pegou transformando uma discussão tranquila em um afrontamento pessoal? Ou ainda, quantas vezes elevamos o tom da conversa, tornando ríspido o enfrentamento de ideias?

Não podemos esquecer que cada ser humano tem seu ponto de vista, sua percepção e capacidade de análise, conforme seus valores, conceitos e capacidades. Defender nosso ponto de vista como acreditamos ser o mais adequado, não quer dizer que estejamos errado. Porém não podemos esquecer de que o outro tem sua própria forma de ver, seus valores, suas ideias.

Enfrentar-se, nessas situações, será o duelo de ideias, a briga de argumentos, em que, quase sempre, o que existe, de verdade, é o desejo de impor nosso raciocínio, nossa argumentação.

Inúmeras vezes, em nome de desejarmos provar que a razão nos pertence, usamos nossa palavra como quem está numa batalha, não desejando nunca perder.

Ter sempre razão às vezes custa o preço de uma amizade ou pior, custa o preço de toda uma existência, de toda a imagem que se criou e se esvai pela prepotência de se achar “Estar Certo”.

Buscar impor aos outros nossos argumentos, repetidamente, pode ocasionar o desgaste da relação. Querer estar sempre certo, no campo das ideias e reflexões, pode causar fissuras nas relações Familiares e Sociais. Assim, antes de se buscar ter razão, melhor buscar a preservação da harmonia. Antes de querer ser vencedor em uma argumentação, melhor que se tenha paz de espírito.

Apesar de todas as dificuldades, temos a crença no povir e na capacidade de aprendizado do ser humano. Cada evento desgastante serviu de alicerce para o futuro. Com fé, esperança, união e amor, temos a certeza melhores dias virão.