27/05/2025

SOPRO DA VIDA

Em nosso querido Brasil, graças a nossa democracia, de dois em dois anos temos eleições que movimentam o país. Nos meses que antecedem as eleições, candidatos políticos intensificam suas aparições em público, na tentativa de conquistar os leitores ainda indecisos. Infelizmente, falar bem em público, persuadir e reter a atenção não são habilidades para todos políticos, tanto em campanha quanto depois de eleitos. Aristóteles, o famoso filósofo grego, identificou três modos de persuasão, que são os pilares da oratória: a credibilidade do orador (Ethos), ou seja, a imagem que ele transmite e está relacionado com a autoridade, honestidade e reputação do orador; a emoção despertada na plateia, ou seja, a capacidade de conectar-se emocionalmente com o público (Pathos) e a validade do argumento, ou seja, a lógica da mensagem apresentada (Logos).

O grande perigo dos candidatos e políticos são os improvisos e as entrevistas, não planejadas. Todavia alguns cometem erros em palavras pensadas e escritas em suas falas.

Esse ponto me fez lembrar de uma ex-presidente da república, que sempre se envolvia em polêmicas, durante seus discursos. Uma das grandes frases da presidenta que agitou as redes sociais ocorreu quando sugeriu, durante discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), a invenção de uma tecnologia para estocar vento, que beneficiaria o mundo inteiro. Suas palavras: “Até agora, a energia hidrelétrica é a mais barata, em termos do que ela dura com a manutenção e também pelo fato da água ser gratuita e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também, mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de na eólica estocar, ter uma forma de você estocar, porque o vento ele é diferente em horas do dia. Então, vamos supor que vente mais à noite, como eu faria para estocar isso?”

A frase virou meme. Fotografias de um homem com um ventilador enchendo sacolas plásticas de vento foram compartilhadas na internet, assim como montagens com o rosto da presidenta em pacotes de salgadinhos “de ar” e em porções de pastel de vento. A brincadeira “viralizou”.

Na verdade, não se trata de guardar ou estocar o vento, mas armazenar a energia eólica, que é um tipo de energia cinética gerada a partir da força dos ventos (fluxo ou movimento do ar), que é convertida em eletricidade por meio de turbinas eólicas, também conhecidas como aerogeradores, que aciona as hélices e, por meio de um gerador, converte essa energia mecânica em energia elétrica. Relembrando a Lei da Conservação da Energia do químico Antoine-Laurent de Lavoisier, que diz: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

A energia elétrica pode ser facilmente gerada nos aerogeradores, transmitida e transformada. Porém, até agora não foi possível armazená-la de forma prática, fácil e barata.

Deixando a polêmica e gozações de lado, o “vento” sempre foi alvo de controversa de ódio e amor, mistério e assombro, a ponto de ser venerado por algumas sociedades antigas. Atualmente o armazenamento de energia eólica, assim como o armazenamento de energia solar é um assunto que está sendo levado a sério, por engenheiros e cientistas de todo o mundo.

A energia eólica, é conhecida pelo homem há mais de 3.000 anos. A história da energia eólica começa quando civilizações utilizavam a força dos ventos, por meio de cata-ventos, para moer grãos, bombear água e transportar mercadorias em barcos a vela. O início da adaptação dos cata-ventos para geração de energia elétrica teve início no final do século XIX.

Dos gregos ou fenícios aos vikings, todas as civilizações aperfeiçoaram sua própria frota para explorar o mundo graças a um aprendizado contínuo do vento como um recurso natural. Sua potência também tornou possível a movimentação de moinhos de vento, inicialmente para moer trigo e produzir alimentos.

O vento impulsionou a realização das grandes viagens de exploração da Era dos Descobrimentos e as grandes viagens marítimas pelos oceanos a partir do século XV.

O vento sempre esteve presente em nossas vidas e representou uma parte indiscutível da história da humanidade. Podemos afirmar que é um elemento essencial para o ciclo de vida dos animais, plantas e seres humanos.

Ele transporta as folhas das árvores e renova a vida no campo. Auxilia o crescimento das plantas, polinizando flores e transportando sementes para longe. Muitas plantas, como o epilóbio-eriçado, dependem da ação do vento para propagar as suas sementes.

O vento ajuda a distribuir nutrientes pelo solo, e a controlar a temperatura, mantendo um equilíbrio natural no ecossistema. É capaz de transportar ao longo de grandes distâncias a poeira dos grandes desertos e as sementes de várias plantas, o que é fundamental para a sobrevivência de algumas espécies e das populações de insetos. Muitos insetos e aves migratórias tiram partido do vento nas rotas de migração, o que lhes permite percorrer distâncias consideráveis de outras formas impossíveis. As aves tiram partido das condições do vento de modo a voar ou planar.

O vento é um elemento fundamental em vários desportos de competição ou atividades de lazer, como a vela, windsurf, kitesurf parapente, snowkite, asa-delta, balonismo ou o lançamento de papagaios de papel. Todavia, ventos de forte intensidade podem provocar estragos de natureza variável.

O vento influência a propagação de incêndios florestais. Durante o dia, a menor humidade, a maior temperatura e a maior velocidade do vento fazem com que a madeira arda a maior velocidade. O vento também pode limitar o crescimento das árvores. Em regiões costeiras e montanhas isoladas, a linha de árvores encontra-se muitas vezes a uma altitude muito inferior do que em sistemas montanhosos complexos, devido à maior exposição aos ventos fortes. Os ventos de altitude erodem o solo pouco espesso e causam estragos nos ramos e galhos das árvores. Quando associado a baixas temperaturas, o vento tem um impacto negativo no gado, afetando as reservas alimentares e as estratégias de caça e defesa dos animais.

Dentre os quatro elementos da natureza, o Ar, é talvez o elemento mais percebido, identificado e de maior contato diário do ser humano, através simplesmente da respiração.  O Ar simboliza o sopro da vida e está associado ao início de tudo, ao intelecto humano, aos processos mentais, a intenção e a capacidade criativa do homem.  Deus, ao criar Adão, o primeiro homem, após formar o seu corpo do pó do solo, soprou sobre ele um “sopro de vida”, surgindo assim o ser humano completo, corpo e alma (Gênesis 2:7).

O vento é um elemento presente em diversas passagens da Bíblia e possui diferentes significados simbólicos. Na Bíblia, o vento é frequentemente associado à ação de Deus e ao seu poder. Ele é mencionado em diversas passagens, como no livro de Gênesis, onde o Espírito de Deus pairava sobre as águas. No livro de Atos dos Apóstolos, revela que o Vento do Céu levou o Espírito Santo no Pentecostes. “Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.” (Atos 2:1-4).

No Evangelho de Mateus (8,23-27), Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: 'Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo! 'Jesus respondeu: 'Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?' Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. Os homens ficaram admirados e diziam: 'Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?'

O Espírito Santo de Deus, o Qual sempre foi simbolizado pelos antigos, como vento, (Hebraico: rúah = hálito de Deus, sopro, respiração; Grego: pneuma = soprar, respirar, espírito aéreo; vento).

Vento é uma boa palavra para descrever o poder do Espírito Santo. A mudança acontece quando os ventos sopram — e quando o Espírito Santo se move, Ele traz a mudança como o vento. Também é utilizado como uma metáfora para representar a ação do Espírito Santo na vida das pessoas, trazendo renovação, transformação e direção.

Embora o vento na Bíblia simbolize muitas vezes o poder e o Espírito de Deus, também pode ter conotações negativas. A noção de um "vento mau" na Bíblia é um exemplo disso. Estes ventos adversos representam muitas vezes o julgamento, o desastre e a consequência do pecado.

Não devemos deixar que o vento da negatividade nos afaste da rota de atingirmos os nossos objetivos.

Se o vento é o ar em movimento, podemos dizer que o Espírito Santo é Deus em movimento, Deus que não para de trabalhar, como nos falam as Sagradas Escrituras: “Meu Pai trabalha sempre e Eu também trabalho” (João 5,17).

O nosso Deus é invisível aos nossos olhos, mas está sempre presente e podemos sentir a sua presença na nossa vida como uma brisa suave.

O vento é um agente da natureza misterioso. Não podemos prendê-lo, tampouco podemos definir o seu curso e a sua ação, e ao mesmo tempo em que sopra forte, destruindo o que não está firme, também surge como uma brisa suave, que refresca e traz serenidade.

Concluo lembrando de uma melodia do consagrado pianista Alcyr Pires Vermelho que recebeu letra de Gilvan Chaves e Fernando Luiz da Câmara Cascudo, filho do renomado folclorista potiguar, que tem o título Prece ao Vento: “Vento que balança as palhas do coqueiro. Vento que encrespa as ondas do mar. Vento que assanha os cabelos da morena. Me traz notícia de lá. Vento que assovia no telhado. Chamando para a lua espiar, oh. Vento que na beira lá da praia. Escutava o meu amor a cantar”.

Ah! Como seríamos cristãos diferentes se permitíssemos que o “Vento” de Deus soprasse a todo instante as “velas do nosso barco”, para que fosse, de fato, o condutor de nossas ações!

26/04/2025

A CONFIANÇA É COMO UM CRISTAL

Da mesma forma que existem os “Causos” que são narrativas populares em que une os costumes do povo e o prazer de contar história temos também piadas que são narrativas breve e direta que tem como objetivo provocar o riso em quem a ouve.  No caso das piadas só se deve ter cuidado para não serem preconceituosas, racistas, homofóbicas, machistas etc. Piadas de judeu, turco, árabe, português, baiano, mineiro, paulista, carioca, etc., sempre correm esse risco. Mas tem muito português que gosta de contar piada de português, assim como tem muito judeu que conta piada de judeu, tem muito mineiro que se diverte com as piadas de mineiro, bem como turco que gosta contar piada de turco. Eu tinha um Tio, que era português, que gostava de contar piadas de português.

Há muito tempo atrás escutei uma piada sobre turco, meio inocente mas com um ensinamento interessante. Pois bem, um turco (que um povo quase sempre muito desconfiado), desejava ensinar ao filho, desde pequeno, que ele também deveria desconfiar de tudo e de todo o mundo, especialmente quando o assunto fosse emprestar dinheiro pros outros, ou vender fiado na “lujinha”. Arranjou um jeito bem traumático de ensinar ao filho que ele não deveria confiar em ninguém, de modo que o menino nunca mais esquecesse a lição. Assim, colocou o filho sobre a mesa e disse: – Bula, vilhinho, bula golinho babai, bula. O menino hesitou. O pai insistiu. E quando, depois de alguma insistência, o garotinho finalmente venceu o medo e pulou na direção do colo do pai, o turco tirou o corpo e pumba! – deixou a criança se estatelar no chão. Era para o próprio bem do filho; para não ter problemas no futuro. Diante do choro inconsolável do menino, o turco ensinou-lhe a lição: Isso é pra você aprender a não confiar em ninguém, ninguém, viu?

Apesar de ser uma piada, entendemos que a confiança é a base de todos os tipos de relacionamentos humanos, incluindo familiares, amorosos, de amizade, sociedade e, até mesmo, profissionais.

Confiança é um daqueles termos que todos sabem o que é, mas raramente conseguem descrever com palavras. Para alguns, trata-se de um sentimento, um ato de amizade, algo intrínseco a cada pessoa. Para outros, seria um processo racional de prever o comportamento da outra pessoa. Seja qual for a sua compreensão, sabemos que a confiança é algo que todos nós queremos dar e receber. Mas que as circunstâncias da vida acabam nos demonstrando que devemos ter cautela.

No início do nosso desenvolvimento, confiamos em nossos pais amplamente e dependemos dessa crença para nos desenvolver e aproveitar todas as oportunidades que o mundo nos oferece. É uma confiança infantil, que por vezes chamamos até de ingenuidade.

Imaginemos a redução na confiança dos pais quando as crianças passaram a duvidar da existência do Papai Noel. É como se sentissem traídos pelos pais, pois aqueles que o ensinaram a não mentir estavam mentindo. Os pais são espelhos para os filhos, a fonte de maior confiança e autoridade. Porém, na adolescência, é normal que haja uma sensação de liberdade e de descoberta mais aflorada, fazendo com que eles se tornem mais questionadores.

Essa descoberta, me fez lembrar da música Traumas de Roberto Carlos: “Meu pai um dia me falou pra que eu nunca mentisse mas ele também se esqueceu, de me dizer a verdade. Da realidade do mundo que eu ia saber. Dos traumas que a gente só sente, depois de crescer”.

Será que podemos confiar em alguém que já mentiu antes para nós? Bem, o que tenho certeza que a mentira abala um dos pilares mais importantes dos relacionamentos: a confiança!

A confiança, é um pilar fundamental em todas as relações humanas, sejam elas pessoais, amorosas ou profissionais. Ela é vital em relações amorosas. Sem ela, a base do relacionamento fica comprometida. A falta de confiança pode levar à desconfiança constante, ciúmes, inseguranças e, eventualmente, à ruptura do relacionamento. A confiança sustenta a fidelidade e a lealdade, essenciais para a longevidade do relacionamento. Sentir-se seguro e apoiado pelo parceiro é um dos maiores benefícios de um relacionamento baseado na confiança.

A confiança é essencial para relações saudáveis e produtivas, tanto pessoais quanto profissionais. Construí-la exige esforço, comunicação e consistência, mas os benefícios são imensuráveis. Quando perdemos a confiança, a mais pura verdade vira mentira saída da boca de quem não merece uma gota de credibilidade.

Na vida profissional, é comum ouvirmos frases do tipo "ninguém é confiável", "você não deve confiar em ninguém", "mantenha sempre um pé atrás com qualquer pessoa", "não seja ingênuo", "não seja bobo", "fique esperto", dentre muitas outras. Isto acontece mas o importante que tenhamos em mente que todas as pessoas com quem nos relacionamos no ambiente de trabalho ou na vida cotidiana, merecem, em menor ou maior grau, a nossa confiança.

Funcionários que confiam na liderança da empresa tendem a ser mais leais e a permanecer por mais tempo na organização.  Um ambiente de confiança encoraja a criatividade e a inovação, pois os funcionários se sentem seguros para propor novas ideias sem medo de críticas.

O importante é reconhecer os limites da confiança que você deposita em cada pessoa, de acordo com o contexto, é parte essencial para a construção de uma confiança autêntica. A capacidade e a disposição de confiar estão entre as mais importantes virtudes humanas. A base da confiança é a comunicação transparente. Falar a verdade, mesmo que seja difícil, cria um ambiente de segurança e autenticidade.

Dificilmente as pessoas confiarão em alguém que não cumpre suas promessas. Indivíduos assim são vistos com descrença pelos demais, pois sabem que são grandes as chances de que o que eles prometem não se concretize. E dificilmente alguém vai confiar numa pessoa que não guarda os segredos que lhe confiarem e evite manter segredos das pessoas próximas.

Por muito tempo, a confiança e a verdade foram interligadas, onde pessoas que parecem mais confiantes em sua fala transparecem a verdade nos outros. É comum ouvir que, durante um discurso, a confiança é chave para que o público confie em você e associe suas palavras com a verdade.

Hoje em dia, temos ferramentas nos meios de comunicação, que fazem a difusão de não verdades que atraem milhões de pessoas. Estou falando das fakenews que se tornaram um fenômeno global de grandes proporções e dados alarmantes. Será que podemos confiar em pessoas que divulgam fakenews, principalmente por cunhos de ideologias política ou religiosas?

Na verdade estou me referindo as pessoas que mesmo tendo conhecimento que uma “notícia” não é verdadeira, porém interessadas no resultado, fazem a divulgação sabendo que a disseminação pode interferir negativamente no em vários setores da sociedade, como política, saúde e segurança.

As fake news chamam tanto a atenção que acabam viralizando por conta de um fenômeno sociológico conhecido como pós-verdade. Segundo o conceito de pós-verdade, cada indivíduo tem uma tendência maior a acreditar na informação que lhe agrada, ou esteja mais relacionada com seus direcionamentos morais e crenças. Assim, esse indivíduo passa a excluir as possibilidades de crítica e análise para confiar cegamente na informação recebida, apenas porque ela concorda com suas crenças.

Assim, para que o erro não acabe se tornando um grande pesadelo, é importante que haja um esforço coletivo e contínuo de análise das informações. É fundamental saber filtrar as mensagens recebidas, analisar com calma o tipo de fonte, o que o conteúdo propõe e quem escreveu.

Não podemos esquecer, que o pior efeito da mentira, é perder a confiança em quem você acreditava. Nas relações onde a confiança foi quebrada, as verdades viram dúvidas.

Conta uma parábola de origem judaica que a Mentira e a Verdade, em um dia de sol, saíram a caminhar no campo. E resolveram banhar-se nas águas de um rio que se apresentava muito convidativo. Cada uma tirou a sua roupa e caíram na água. Mas, a um dado momento a Mentira aproveitou-se da distração da Verdade, saiu da água e vestiu as roupas da Verdade. Quando esta saiu da água, negou-se a usar as vestes da Mentira. Saiu nua a perseguir a Mentira. As pessoas que as viam passar acolhiam a Mentira com as vestes da Verdade, mas proferiam impropérios e condenações contra a atitude despudorada da Verdade. Moral da parábola: as pessoas estão mais dispostas a aprovar a Mentira com vestes de Verdade do que enfrentar a Verdade nua e crua.

Diz o Evangelho: “a verdade liberta”. O mundo da aparência traz consigo o peso da escravidão.

Importante ressaltar que a confiança está intimamente associada ao caráter porque o caráter de uma pessoa reflete seus valores, princípios e a consistência com que age em conformidade com esses valores.  O caráter de uma pessoa determina suas ações e atitudes em diversas situações, influenciando diretamente a percepção de confiança. Pessoas de bom caráter são responsáveis e confiáveis. Elas assumem a responsabilidade por suas ações e estão dispostas a admitir erros e corrigi-los. Agem de maneira consistente com suas palavras. Essa congruência entre o que se diz e o que se faz é fundamental para estabelecer e manter a confiança. Se alguém promete algo e cumpre, ou age de acordo com suas declarações, isso demonstra integridade, que é uma componente central do caráter.

Lembramos que caráter não se compra, confiança e respeito se conquistam. Caráter, ao ter, nunca perde. A confiança, quando perdida, nunca se terá de volta.

Na verdade, a confiança é como um cristal, uma vez quebrado, nunca mais volta a ser o mesmo. Você pode juntar os cacos e tentar colar, mas as marcas serão evidentes (Priscilla Rodighiero). A quebra de confiança é uma ferida profunda nas relações, e a reconstrução dessa confiança exige tempo, esforço e comprometimento de ambas as partes envolvidas. 

Para mim, uma relação de confiança não se baseia em dar ao outro garantias ou previsibilidade. Para mim, uma relação de confiança se baseia na Verdade - mesmo que isso gere frustração. 

De qualquer forma não podemos esquecer que um indivíduo que não confia em ninguém leva uma vida vazia, sem amizades verdadeiras, pessoas com quem compartilhar seus medos, angústias e, até mesmo, as alegrias. Só recebemos aquilo que oferecemos aos outros, portanto, se deseja confiança, a ofereça.

“A verdade alivia mais do que machuca. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água (Miguel de Cervantes)”.

30/03/2025

A justiça é o que nos favorece; a injustiça, é o que nos contraria

De vez em quando vejo nos para-choques ou no vidro traseiro dos carros a frase, “Deus é fiel e justo”. E sempre me questiono se realmente quem divulga essa frase procura viver essa fidelidade e justiça. Deus queira que sim.

Sendo específico a palavra justo, sabemos que a justiça é uma qualidade fundamental da natureza Divina. A justiça de Deus está ligada à sua bondade e misericórdia (Salmos 116:5). Quem ama a Deus ama também a justiça, porque toda a justiça vem de Deus. A Justiça de Deus é reta e cheia de misericórdia. Ele reprova e condena a injustiça porque esta causa destruição e morte.

Acreditamos que a maioria das pessoas possuem algum senso de justiça. Todavia, sabemos de como é difícil ser justo nesse mundo de Deus. Mesmo tendo esta consciência de estar num mundo de injustiças e mesmo não sendo muito justos, reclamamos quando há falta de justiça.

Quantas vezes somos vítimas de injustiça, além de causar tristeza, é revoltante, mas a justiça dos homens nem sempre é justa. Infelizmente a justiça dos homens está carregada de injustiça.

A história da humanidade é repleta de momentos que evocam grandeza e progresso, mas também é marcada por tragédias e injustiças que abalaram o mundo. Algumas dessas injustiças ainda reverberam, causando impacto social, político e econômico nas gerações atuais.

Sócrates foi julgado em 399 a.C. Ele foi acusado de “desviar” a juventude. Sócrates disseminava ideias que incomodavam os poderosos de Atenas. Na sessão, adotou uma postura arrogante, desafiando os jurados. Acabou condenado a beber cicuta, um poderoso veneno. Pouco antes da execução, teve a oportunidade de fugir, mas preferiu cumprir a pena. Entendeu que a injustiça de seu julgamento e de sua pena reforçavam a sua causa.

Jesus, que pregava o amor, foi julgado duas vezes. Primeiro, pelo sinédrio, o tribunal judeu, onde foi acusado de blasfêmia. Mas os judeus não tinham, na Palestina, o poder de impor pena de morte. Em seguida, Jesus foi julgado pelos romanos. Seus seguidores haviam causado confusão, talvez fosse uma ameaça ao sistema. Num julgamento sumário, sem chance de defesa, foi, ao fim, crucificado.

Martinho Lutero, em 1517, denunciou os exageros da Igreja. Iniciou um movimento de protesto, mas, principalmente, de afirmação do livre arbítrio. Foi levado a julgamento em Worms, quando lhe foi oferecida a oportunidade de se arrepender de suas críticas. Lutero, corajosamente, preferiu manter-se firme aos seus propósitos e convicções. Foi obrigado a fugir e a viver escondido por anos. Plantou a semente do espírito crítico.

O Holocausto, é uma das maiores tragédias da história humana, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, que perseguiu e exterminou cerca de seis milhões de judeus e outras minorias, como ciganos, homossexuais e deficientes. Essa injustiça gerou consequências que impactam até hoje.

Na obra “Ética a Nicômaco”, o grego Aristóteles fala da justiça e injustiça. Segundo o filósofo, justo é o homem que cumpre e respeita a lei e injusto é o homem “sem lei” e ímprobo. Diante disso, surge o conceito de injustiça, que é o oposto da justiça, isto é, o estado em que a justiça está ausente, que viola os direitos das pessoas e que privilegia alguns em detrimento de outros (sem uma justificativa plausível para isso).

Mas, podemos afirmar que mundo realmente é um lugar totalmente injusto? Quando escutamos ou lemos nos noticiários as catástrofes que acontecem no mundo, podemos afirmar que é uma ação Divina para castigar o homem? Vamos raciocinar com calma. Quem provoca desmatamento, queimadas? Quem polui o ar com monóxido de carbono e outros contaminantes? Quem fica brincando com produtos radioativos ou fazendo bombas atômicas? Quem polui os oceanos com derramamento de petróleo ou com materiais plásticos? Os rios com agrotóxicos, com mercúrio e similares? Quem é culpado pela ganância humana que quer o poder e termina provocando guerras? Quem é culpado pela fome na face da terra mas se gasta bilhões de dólares na fabricação de armas e construção de foguetes para tentar ir a outros planetas? Quem é culpado pela ocupação das margens dos rios? Quem é culpado pela construção em encostas de morros? Quem é culpado pela imprudência nas estradas e nas cidades? Quem é culpado pela produção de drogas, venda e consumo? A lista é grande. O problema é que Deus no deu livre arbítrio. Devemos lembrar do Paraíso do Livro do Gênesis. Depois a culpa é dele.  Caíamos na real.

O filósofo Allan Kardec (1804-1869) explica que as desigualdades sociais não são obra do acaso e nem de Deus. Elas foram criadas pelos homens.  Ainda assim, há quem afirme que é fruto da ambição desmedida e do egoísmo daqueles que querem, para si, toda a riqueza e poder. 

Falar de desigualdades significa falar de injustiça, pelo menos numa das suas expressões, que é a impossibilidade de determinadas pessoas terem acesso a determinados recursos. Falamos não só de recursos económicos, mas também de recursos políticos, culturais, ambientais, etc.

As situações não faltam. No nosso cotidiano às vezes ficamos “revoltados” com alguns fartos que acontecem conosco. Isto me fez lembrar de uma frase dita por Tancredo Neves, eleito presidente do Brasil, que não chegou a assumir o mais alto cargo da nação, pois foi vitimado por uma insidiosa doença. Ao perceber que não chegaria a ocupar o ambicionado posto e em plena agonia, exclamou: “Eu não merecia isto!”.

Na nossa vida estudantil: "Professor, é uma verdadeira INJUSTIÇA, o senhor me reprovar por faltas, só por que não vim...".

Muitas famílias se revoltam quando um filho que se desviou do caminho, perdendo-se nos labirintos do crime, das drogas, ou morrendo prematuramente. O primeiro questionamento: “O que é que eu fiz para merecer isto?” Imaginemos o pensamento de uma pessoa no estado terminal: Porque eu?

Quem nunca passou por um momento em que fez tudo certo, seguiu todos os passos, mas não obteve o resultado esperado? Ou então, viu alguém que parecia estar “errado” ou agindo de maneira injusta ser recompensado de alguma forma?

Infelizmente, quase todos nós, em algum momento, sentimos este gosto amargo que é ser injustiçado por alguém ou em alguma situação.

Existe uma diferença muito grande entre entender que existem situações injustas e acreditar que a vida inteira é uma grande injustiça.

No ambiente de trabalho é um local onde acontecem injustiças, porém não é porque um chefe foi injusto com você em uma empresa que todos os chefes que você terá ao longo da carreira serão injustos com a sua conduta profissional.

Na verdade vivemos em um mundo mergulhado em trevas. Por isso, precisamos nos manter sempre próximos de Deus, para ter uma percepção clara daquilo que é certo aos olhos dEle.

Na prática, ser justo significa atender às exigências que Deus faz. Neste sentido, não há nenhuma pessoa completamente justa além de Deus.

O apóstolo Paulo mostra os parâmetros que envolvem o sentido da justiça na bíblia, quando ele diz: “Nele se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’” (Rm 1,17). Isso significa que a justiça está em sintonia com a vontade de Deus e na realização autêntica dos atos do ser humano na relação com as pessoas e com toda a natureza.

Todavia, as leis humanas são promulgadas para fazer acontecer, na prática, o cumprimento da justiça entre as pessoas. Os fariseus e doutores da lei quiseram incriminar Jesus dizendo que Ele não observava as leis de seu tempo. Ele era inclusive colocado à prova porque não poderia ser contra as leis. Mas para Jesus,  a pessoa humana está acima da lei, principalmente quando o seu cumprimento ocasiona injustiça.

Importante ressaltar que justiça e injustiça são termos em sua definição abstratos e que dependem de perspectiva e, com isso, algumas situações que para uns são consideradas injustas, para outros não são.

Quando pensamos em justiça, logo nos vem à mente o castigo e a punição merecidos por algo que se fez de errado. Sabemos que a justiça humana é falha, parcial, corrompível e muitas vezes oportunista. Isto é, segundo a nossa "justiça", o outro merece sempre ser punido e pagar as consequências dos seus erros. Mas, se somos nós os culpados, buscamos parcialidade ou uma brecha para nos inocentar.

Em outras palavras podemos dizer que a justiça é sempre mais rigorosa quando a requeremos em nosso favor. Quando somos injustiçados exigimos a punição e o castigo alheio, mas não o contrário. Buscamos a nossa justiça própria, quando queremos ser favorecidos, mas a esquecemos quando ela nos acusa. Tem uma frase que diz: A justiça é o que nos favorece; a injustiça, é o que nos contraria.

Esse frase me faz lembrar de um ex-deputado federal chamado Daniel Silveira que votou em 2022 favor da proposta de um projeto de lei para acabar com a possibilidade de saídas temporárias nos feriados para visitar familiares. Como agora ele está de tornozeleira eletrônica e preso em regime semiaberto, a poucos dias pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o direito à saída temporária para visitar a família no feriado da Páscoa.

O escritor e político inglês Daniel Defoe, escreveu: “A justiça sempre parece violenta a quem a recebe, pois cada pessoa é, aos seus próprios olhos, inocente”,

O profeta Isaias em 59:4 no diz: “Ninguém pleiteia sua causa com justiça, ninguém faz defesa com integridade. Apoiam-se em argumentos vazios e falam mentiras; concebem maldade e geram iniquidade”. Em outras palavras: “Não é para procurar a justiça que vão ao tribunal, e ninguém diz a verdade ao juiz. Todos confiam em mentiras e falsidades; inventam maldades e praticam crimes”.

Para entender por que precisamos da Justiça, se faz necessário imaginar um mundo perfeito, onde as pessoas, por meio da caridade, do amor, da igualdade e de outras coisas boas, conseguissem resolver os seus problemas e as suas diferenças. Um lugar onde todos os tipos de problemas existentes entre os indivíduos fossem resolvidos por esses próprios indivíduos, sem a necessidade da interferência de uma terceira pessoa. Infelizmente este é um mundo utópico.

A principal função da justiça, hoje em dia, é garantir que todos os cidadãos sejam tratados de forma igual e justa, sem discriminação ou favoritismo, tendo seus direitos respeitados. Mas segundo o estadista grego Sólon (638 a.C.–558 a.C.): “As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insetos e são rasgadas pelos grandes”.

Existem muitas pessoas injustas no mundo, mas nós não devemos presumir que todas as pessoas sejam. É importante dar um voto de confiança aos novos indivíduos que chegam às nossas vidas. Muitos deles têm um senso de justiça apurado e certamente vão reconhecer os nossos méritos. Quando não somos justos com nós mesmos e com os outros passamos a julgar aquilo que não nos acomete. Ao passo que, quando paramos para refletir de forma justa sobre as nossas ações, passamos a olhar para a nossa vida de outra maneira, de modo que as escolhas se tornam mais coerentes.

Tem pessoas que acham que são os donos da verdade. No entanto, Deus não nos colocou no mundo para que sejamos juízes. Destacarmos que a própria Bíblia já nos diz: não julgueis para que não sejais julgado, pois à medida em que você julgar, será julgado na mesma proporção. E, ainda, diz que: antes de julgar “tire o cisco de seu próprio olho”.

Importante que busquemos sempre levar uma vida em justiça, isto é, correspondendo ao que Deus espera de todos nós. O que não podemos justificar determinados erros instrumentalizando a aplicação das leis, fazendo injustiça.

As repetidas práticas de injustiça acabam chegando a um final desconcertante. Como diz o ditado: “Mais cedo ou mais tarde a casa cai”. Significa que a injustiça não se justifica e não tem estabilidade.

Relembrar uma grande injustiça, com rancor no coração, é revivê-la. Lembre-se do que Platão já dizia: Quem comete uma injustiça é mais infeliz que o injustiçado.

Os julgamentos injustos jamais acabam, não têm fim. Seguem ecoando em nossas consciências.

QUE OBRA DEUS FEZ!

Na minha infância e adolescência ficava muito feliz quando no dia do meu aniversário recebia um telegrama dos meus avós, me parabenizando. Não estamos falando do aplicativo telegram que é o rival do WhatsApp, mas sim de um antigo meio de comunicação, usado para mandar mensagens por meio de códigos e que podia ser fonado ou impresso. Foi um meio de comunicação muito comum no início em partes do século XIX e do século XX.

O Telégrafo era o aparelho que era utilizado para a comunicação, inventado em 1837 por Samuel Morse. Esse equipamento utilizava a corrente elétrica para transmitir códigos, que correspondiam a letras do alfabeto, e a junção dos códigos formava mensagens. Ele permitiu que informações fossem transmitidas a longas distâncias de maneira rápida e eficiente, revolucionando a comunicação em todo o mundo.

Ao enviar a primeira mensagem à distância, em 1844, Samuel Morse não imaginava que acabaria ficando mundialmente famoso como criador da telegrafia. A primeira mensagem transmitida dizia: "What hath God wrought!" que significa “Que obra Deus fez!”.

O telégrafo chegou ao Brasil durante o Segundo Reinado, especificamente na década de 1850. O imperador d. Pedro II era um entusiasta das novas tecnologias que surgiam no período, e, por seu intermédio, a primeira linha de telégrafo no Brasil foi instalada.

Apesar de sua importância, o telégrafo ficou ultrapassado com a popularização do telefone durante o século XX. Mesmo assim, sua invenção e desenvolvimento foram fundamentais para a criação de outras tecnologias de comunicação que utilizamos atualmente. Lembramos, que mesmo em desuso, ainda é usado no Brasil. Se no século passado o telegrama correspondia a uma espécie de e-mail primitivo e os principais clientes eram as pessoas físicas, agora o grande e rentável filão para esse serviço são as empresas. Bancos e órgãos públicos aparecem no topo dessa lista de usuários. Considerado um documento oficial, o telegrama é usado pelas instituições financeiras, para enviar extratos e comunicações aos correntistas. Além disso, é usado por empresas para informar sobre cobranças extrajudiciais, perícias médicas e convocações para concursos.

A transmissão via internet, que teve início em 2001, impulsionou o tráfego de mensagens no país, dando sobrevida a esse braço dos Correios. A atual transmissão eletrônica é chamada de híbrida: os dados são captados pela web e depois a mensagem é impressa e envelopada por máquinas na agência mais próxima do destinatário, sem a intermediação humana.

Bem, como tudo tem uma última vez, foi exatamente em 21 de janeiro 1987, que recebi o último telegrama. Esse telegrama foi enviado pela Petrobras me convocando para comparecer na Sede Petrobras de Natal afim de submeter-me a exames médicos. Logo em seguida fui admitido.

Tenho certeza, de quem fez o uso desse tipo de mensagem ou, até mesmo, recebeu um telegrama no passado, guarda boas recordações.

Me atrevo a dizer que a invenção do telegrafo foi o pai de todas as redes sociais atualmente existentes em pleno século XXI.

Não é mais possível ignorar a presença das diferentes redes sociais em nossas vidas. A chegada das redes sociais causou transformações comportamentais dentro da sociedade, de forma universal. As redes sociais,possibilitam muitas atividades positivas e facilitam a vida de pessoas e instituições, elas criaram espaços para novos tipos de negócios, novos empregos, novas formas de comunicação.

Atualmente existem diferentes redes sociais, cada uma com um propósito e um público-alvo específico. Mas, como nem tudo que reluz é ouro, as redes sociais têm alguns malefícios, influenciam, e muito, não apenas a rotina e a dinâmica de cada indivíduo, mas de toda a sociedade e, consequentemente, do mundo.

Os perigos das redes sociais são muitos e estão mais próximos do que imaginamos.

A exposição excessiva nas redes sociais é um grande problema. Muitos são os crimes cometidos com ajuda de informações obtidas por aquilo que as próprias vítimas postam em seus perfis.

As redes sociais foram responsáveis pela criação do ‘cyberbulling’(ou bullying virtual/cibernético), que se caracteriza pela intimidação e/ou assédio por meio da internet em diversos sentidos. O bullying já é algo conhecido, em especial entre crianças e adolescentes. É aquela zombaria de colegas, comentários maldosos sobre a aparência da pessoa, apelidos inventados para constranger. Quando o bullying, passa para a esfera virtual, ele é chamado de cyberbullying e pode ser bem mais agressivo.

Outro perigo é o que chamam de “Roubo de identidade”. Quando alguém rouba seus dados e se faz passar por você, utilizando suas informações, seja identificação pessoal, cartão de crédito ou qualquer outro dado sem sua permissão, chamamos de roubo de identidade ou violação de identidade. Alguns tipos de golpes prometem dinheiro fácil, liberdade financeira e outros atrativos que chamam a atenção.

Campanhas de ódio, assédios, exposição da intimidade alheia e até tentativa de homicídio usando a internet como meio de aproximação são riscos enfrentados com frequência cada vez maior pelos internautas.

A infância e a adolescência são fases de crescimento e desenvolvimento, mas que escondem muitos perigos. Por trazerem conteúdos perigosos e possibilitar a prática do grooming, as redes sociais podem oferecer riscos, em particular às crianças e adolescentes. O grooming é a prática de adultos que se aproximam de menores de idades, muitas vezes usando de perfis falsos nas redes sociais, com o intuito de corrompê-los e abusar deles sexualmente.

Atualmente podemos afirmar que as redes sociais têm um impacto muito grande nas crianças e adolescentes quando falamos de relacionamento e interações sociais. Existe uma geração que está sendo moldada pelas redes sociais. Ou seja, que vive nas redes como se fosse sua vida real, por vezes, ignorando a sociedade fora do mundo online.

O uso das redes sociais por crianças é uma questão delicada, pois é importante que elas sejam protegidas dos perigos da internet. Além disso, é preciso estar atento ao conteúdo que as crianças têm acesso na internet e monitorar suas atividades nas redes sociais.

Todavia não podemos esquecer das benécias das redes sociais. Desde adolescentes que usam a internet para pesquisar trabalhos escolares até crianças que se envolvem em atividades educativas e lúdicas nas redes sociais, a influência das redes sociais na educação tem se mostrado cada vez mais presente. Embora a influência das redes sociais na educação possa trazer muitos benefícios para os estudantes, é importante que haja um equilíbrio entre as vantagens e desafios apresentados, para que os usuários possam usufruir dos benefícios das redes sociais na educação

As redes sociais rompem barreiras geográficas, nos colocam em contato com pessoas queridas e proporcionam conteúdos para todos os gostos, tais como: informativos, educativos e de entretenimento. Porém, há também um lado negativo na relação entre redes sociais e saúde mental.

Estamos formando uma geração de pessoas que podem ter um impacto negativo muito grande em sua saúde mental por conta das redes sociais.

Isso vai desde ansiedade, depressão, baixa autoestima, entre outros transtornos.  Na verdade, o impacto das redes sociais no cérebro humano possui várias similaridades com o que é causado por vários tipos de drogas. Por exemplo, os adolescentes se tornam desatentos e excessivamente ansiosos em sua vida cotidiana, desenvolvendo problemas de aprendizagem e memorização, sentindo-se muitas vezes desmotivados e deprimidos, e apresentando variações emocionais violentas que prejudicam seu dia a dia.

A exposição prolongada à tela gera diversos efeitos como dores de cabeça, perda de sono, visão borrada e olhos secos.

Antigamente as pessoas reclamavam de falta de informação. Atualmente temos acesso a muita informação e é muito fácil propagar qualquer conteúdo, seja ele credível ou não. Assim, o problema passou a ser a falta de garantia acerca da veracidade das coisas que se compartilha. Devido ao seu alto poder de difusão, as redes sociais, a propagação de notícias falsas ganhou uma velocidade assustadora. Infelizmente, os compartilhamentos feitos sem checagem da veracidade da informação, fazem com que conteúdos falsos se disseminem em um piscar de olhos.

O conceito fake news ganhou força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos, época em que conteúdos falsos sobre a candidata Hillary Clinton foram compartilhados de forma intensa pelos eleitores de Donald Trump.

Notícias falsas não são uma exclusividade do século XXI. Através de toda a história há vários episódios em que rumores falsos foram espalhados, tendo grandes consequências. Por exemplo; Benjamin Franklin escreveu notícias falsas sobre Índios assassinos que supostamente trabalhavam para o Rei George III, com o intuito de influenciar a opinião pública a favor da Revolução Americana.

Uma contribuição valiosa para a vitória de Eurico Gaspar Dutra na eleição presidencial de 1945 veio de Hugo Borghi, que distribuiu milhares de panfletos acusando o candidato Eduardo Gomes de ter dito: ''Não preciso dos votos dos marmiteiros''. O que Eduardo pronunciou na verdade, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 19 de novembro (menos de um mês antes do pleito, ocorrido em 2 de dezembro), foi: "Não necessito dos votos dessa malta de desocupados que apoia o ditador para eleger-me presidente da República".

Na verdade, em se tratando de política, as redes sociais se tornaram um instrumento de propagação de mentiras e fatos irreais, que coloca em risco o andamento do processo político do pais país. Espalham-se discursos de ódio e preconceitos. Consequentemente, nossas opiniões políticas são construídas a partir destes pensamentos, o que nos leva a votar em determinado candidato, e o que nos torna facilmente manipuláveis. Nunca podemos esquecer que a política de um pais país se faz com verdade e ética social.

Parece irônico falar em exposição nas redes sociais, já que esse é um dos principais propósitos dessas plataformas: postar suas fotos, falar sobre a sua vida, mostrar sua rotina, expor aquilo que você gosta (e o que você não gosta), entre outras coisas, é o que se espera de um perfil nas redes sociais. Por isso, é necessário que a população investigue e duvide se a informação é verdadeira ou falsa.

Muitas vezes nos esquecemos da nossa vida ‘real’, nos tornamos seres muito sociais nos meios digitais e ao mesmo tempo nos fechamos para as pessoas que convivem conosco no dia a dia. Preferimos parabenizar alguém pelas redes sociais do que fazer através de uma simples ligação ou pessoalmente.

Sem dúvida alguma, o século XXI vai se caracterizar pelas condutas viciantes, repetitivas, geradoras de tolerância. É um fenômeno em crescimento, e novos vícios, especialmente relacionados com a tecnologia, provavelmente vão surgir nos próximos anos.

As redes sociais são parte de nossas vidas e podem ser muito benéficas se usadas de forma consciente e criativa. Corroboro com Samuel Morse quando da transmissão da primeira mensagem através do telégrafo, onde ele disse que foi sensacional a obra feita por Deus. Infelizmente essa evolução tem causado sérios problemas na vida da sociedade.

Não é justo dizer que às redes sociais são grandes vilãs do nosso século XXI, mas devemos tratá-las como ferramentas positivas que precisam ser utilizadas de modo mais cuidadoso.

Observar é bronze, falar é prata e calar é ouro

Ninguém tem dúvida que a linguagem humana é um dos meios mais importantes para a comunicação. Para fazer seu papel, ela utiliza um conjunto finito de elementos, como gestos, sons e palavras. Porém, um meio ambíguo, já que pode construir ou destruir. Um estudo recente, afirma que a complexidade da nossa linguagem não demorou milhares de anos para ser atingida, como afirmam algumas correntes de estudos na área. Os humanos passaram a falar como hoje de forma muito rápida, combinando dois sistemas de comunicação pré-existentes na natureza, encontrados nos pássaros e nos macacos.
Se formos bem específico a linguagem verbal, que consiste no uso de palavras escritas ou faladas, podemos dizer que elas têm um grande poder, sendo capazes de motivar, levantar, emocionar, aproximar, decepcionar, magoar, afastar e derrubar. As palavras são capazes de expressar vontades e emoções.
Quando usadas de forma correta, geram reflexões e opiniões, que podem ser de grande valia para quem as ouve. Ao contrário, quando não se mede o impacto que a palavra pode ter, elas podem ser responsáveis por grandes decepções, frustrações e agressões.
A Bíblia, nos dá alguns enfoques a respeito da questão do "falar", isto é, da linguagem verbal que sai de nossa boca. Na verdade boca e lábios são sempre figuras bíblicas para a fala. Não poderíamos então deixar de começar a discorrer sobre o assunto mencionando algo importante dito por Jesus: "Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto sim, contamina o homem" (Mateus 15. 11). O livro de Provérbios por inúmeras vezes adverte a respeito do perigo de nossas bocas e lábios. Na verdade o ensino é simples: o homem que guarda a sua boca controla a sua fala; “aquele que guarda as suas palavras salva a si mesmo, enquanto que aquele que fala sem discernimento destrói a si mesmo” (Provérbios capítulo 13:3).
Quase sempre que estou lendo a Bíblia, Palavra de Deus, gosto de reler a Epístola de Tiago, principalmente o capítulo 3, versículo 1-5, onde ele diz: "Meus irmãos, não se façam todos de mestres. Vocês bem sabem que seremos julgados com maior severidade, pois todos nós estamos sujeitos a muitos erros.
Aquele que não comete falta no falar é homem perfeito, capaz de pôr freio ao corpo todo. Quando colocamos freio na boca dos cavalos para que nos obedeçam, nós dirigimos todo o corpo deles. Vejam também os navios: são tão grandes e empurrados por fortes ventos! Entretanto, por um pequenino leme são conduzidos para onde o piloto quer levá-los. A mesma coisa acontece com a língua: é um pequeno, membro e, no entanto, se gaba de grandes coisas”.
Tiago usa dois exemplos interessantes: Freio na boca: um pequeno instrumento para controlar o animal e conduzi-lo todo, não só a boca. Leme do navio: comparando ao navio ele é muito pequeno, mas uma vez que o capitão direciona o leme, todo o navio vai para o lugar desejado. Se controlarmos a nossa língua, toda a nossa vida vai estar sob controle.
A carta de Tiago é pouco conhecida dos cristãos de hoje. Paulo afirma que a
justificação vem pela fé, e não pelas obras. Tiago diz que a fé sem as obras é cadáver. Em geral é relegada a segundo plano, como se fosse um retrocesso em relação aos escritos de Paulo.
Lutero e a tradição bíblica protestante em geral rejeitam essa carta. Numa frase infeliz, Martinho Lutero no prefácio à tradução do Novo Testamento, em 1522, chamou a carta de Tiago de “carta de palha”, porque não servia para ilustrar sua exaltação da fé e da graça contra as obras da Lei, que supostamente mereceriam a salvação. Na segunda edição, Lutero retirou este comentário.

Os católicos a veem com suspeita, e só se lembram que nela se encontram os textos mais fortes contra os ricos. Na verdade, na minha opinião, a carta é um verdadeiro tesouro da tradição cristã primitiva, e os cristãos de hoje têm muito a aprender com ela, principalmente com as situações que ela espelha.
Conta-se que certa vez um mercador grego, rico, ofereceu um banquete com comidas especiais. Chamou seu escravo e ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria. O escravo retornou com belo prato. O mercador removeu o pano e assustado disse: -Língua ?!! Este é o prato mais delicioso? O escravo, sem levantar a cabeça, respondeu: - A língua é o prato mais delicioso, sim senhor. É com a língua que pedimos água… …dizemos "mamãe", fazemos amigos, perdoamos. Com a língua reunimos pessoas, dizemos "meu Deus", oramos, cantamos, dizemos "eu te amo"…
O mercador, não muito convencido, quis testar a sabedoria de seu escravo, e o mandou de volta ao mercado, desta vez para trazer o pior alimento. O escravo voltou com um lindo prato, coberto por fino tecido. O mercador, ansioso, retirou o pano para conhecer o pior alimento. - Língua, outra vez?!!, disse, espantado. - Sim, língua, respondeu o escravo. É com a língua que condenamos, separamos, provocamos intrigas e ciúmes, blasfemamos. É com ela que expulsamos, isolamos, enganamos nosso irmão, xingamos pai e mãe…
Não há nada pior que a língua; não há nada melhor que a língua. Depende do modo que a usamos.
Na maioria das vezes não medimos o impacto que uma palavra pode ter. Às vezes não conseguimos controlar o que falamos, mas tem horas que parece que a nossa boca funciona sozinha, sem a ajuda do nosso cérebro.

Quando estamos nervosos, falamos sem pensar. Às vezes, pensamos rápido e queremos ser engraçada, daí acabamos sendo sarcásticos. “Era só brincadeira.” Mas humilhar outros não tem graça.
Na verdade, nossas palavras possuem um poder maior do que conseguimos mensurar. Elas podem produzir vida ou morte! A palavra levanta ou derruba, emociona ou fere, traz felicidade ou decepção, aproxima ou afasta. Tem o poder de exprimir o amor, a alegria, o respeito, a admiração, a generosidade, mas também, da forma como é falada, pode carregar a inveja, o ódio, o ressentimento.
Quando falamos palavras que machucam, quem as ouve, jamais vai se esquecer de cada palavra dita por você, pode até lhe perdoar, mas ela vai lembrar de letra por letra dita por você.
É muito comum as pessoas se arrependeram de algo que falaram ou pior ainda, perceberem que não deveriam ter dito algo quando já era tarde demais. A palavra falada é como a flecha lançada, não tem volta
Quem se deixa guiar pelo sentimento também tem o péssimo hábito de falar sem pensar. Normalmente, a pessoa não tem a menor noção do que sai de sua boca (ou dos dedos, quando digita).
Nos tempo atuais, com a criação de aplicativos multiplataforma de mensagens instantâneas, como por exemplo “Whatsapp”, seja através de escrita ou vídeos que são enviados pelos usuários, aumentaram o risco de fofocas, acusações falsas, ou calúnias, denominados como fakenews. Infelizmente o que foi feito para melhorar as comunicações tem se tornado meio de intriga e discórdias entre amigos e familiares.
Outro ponto importante a se refletir, diz respeito a pessoas que a cada dez palavras dizem quase isso de palavrões, pornografia, obscenidade, etc. Isso demonstra que o coração está cheio de maldade, cheio de coisas de má reputação, cheio de comportamentos não aconselháveis aos nossos ouvidos, aos nossos corações. Não estamos com "puritanismo", mas tornam-se desconfortáveis para o nosso conviver conversas maliciosas, desrespeitosas, escarnecedoras, zombeteiras; que, via de regra, criam barreiras para um convívio diário.
Podemos afirmar que palavras de derrota são consideradas palavras torpe. A “palavra torpe” é muito mais do que palavrão ou palavras de baixo calão. Consideradas palavras de dúvida, palavras negativas, palavras maliciosas, palavras depreciativas.
É impressionante e lastimável quando escutamos palavras torpe de pessoas que ocupam cargos políticos ou culturais. Como por exemplo: "Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater." (Escritor Nelson Rodrigues). Temos ainda, uma declaração do ex-presidente João Batista Figueiredo: “Eu cheguei e as baianas já vieram me abraçando. Ficou um cheiro insuportável, cheguei no hotel tomei 3, 5, 7 banhos e aquele cheiro de preto não saía”.
Temos ainda falas do ex-presidente Bolsonaro, que podem ser consideradas torpe, como por exemplo: "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais”. Da mesma forma que a fala do Presidente Lula: “Cadê as mulheres do grelo duro do nosso partido”.
Dentro desse mesmo contexto, relembramos de uma das mais polêmicas declarações do cantor John Lenon no ano de 1966, disse: “O cristianismo vai acabar. Jesus era legal, mas suas disciplinas são muito simples. Hoje nós somos mais populares que Jesus Cristo”. Essa fala levou a um descontentamento enorme na Igreja Católica. Somente em 2010, o jornal oficial do Vaticano divulgou que a Igreja Católica perdoando os Beatles. John Lenon morreu em 1980 após receber 05 tiros de seu próprio fã.
Importante também refletir, acerca do que é falado pelos pais para seus filhos. Os pais devem sempre medir suas palavras diante dos seus filhos. Pensando melhor antes de dizê-las, principalmente em momentos de chateação, raiva, desgosto ou cansaço. Frases como: ‘Você é insuportável’; ‘Você é um chato’; ‘Só me dá desgosto’; ‘Você é um burro!’; ‘Você é um mentiroso’; ‘Não confio em você’, etc. Essas frases fazem com que as crianças se sintam inseguras e medrosas. As crianças sentem que não merecem a confiança dos seus pais e o pior, marcam sua autoestima ao longo da vida, incapacitando-as, inclusive, em algumas situações. Antes de dizer qualquer coisa aos seus filhos, mesmo se estiver num momento de raiva, cansaço ou de desgosto, o melhor é que respire fundo, conte até 10 ou 100.
O pensador romano Sêneca nos deixou essa bela sabedoria: "O que você vai dizer, antes de dizer à outra pessoa, diga a você mesmo.
Assim como esse ensinamento do pensador Sêneca, lembramos de alguns conselhos sábios para o bom uso das palavras: fale com prudência, reduza sua fala, fale somente o necessário, pondere e pense especificamente todas as vezes que você abrir sua boca, seja prudente e amoroso ao falar e discipline sua língua. Palavras que dizemos hoje são sementes que estão criando o nosso futuro.
Há momentos em que o silêncio é a maior expressão de sabedoria. Falar com o coração irado ou exasperado nunca fará bem a ninguém (nem ao que fala).
Erros podem ser perdoados, atitudes podem ser repensadas, mas algumas palavras nunca poderão ser esquecidas. Tentar apagar o que você falou é como apertar o tubo da pasta de dente e tentar colocar a pasta de volta. Não tem como! Diz um ditado que "falar é prata, calar é ouro". Complementando podemos dizer: "Observar é bronze, falar é prata e calar é ouro".
Concluímos, lembrando de dois Provérbios: “A língua calma é árvore de vida, mas a palavra perversa causa profunda tristeza.” (Provérbios 15:4). “Palavras impensadas são como os golpes de uma espada.” (Provérbios 12:18).

24/12/2024

A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos

Existe um ditado que diz: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda". Aliás, quase sempre não o é. Expressão popular que transmite a ideia de que a maioria dos homens nunca estão satisfeitos com as coisas que possuem, e acreditam que as coisas dos outros são sempre melhores. Na minha opinião esta velha máxima, está completamente enraizada na nossa cultura. Se caminharmos para área de consumidores, esta expressão fica mais latente. Na verdade, o que precisamos é nos tornarmos consumidores responsáveis e, assim, tornar verdadeira a frase de que “há aparências que não nos iludem”.

Este ditado nos faz lembrar do início das minhas atividades profissionais. Na empresa que trabalhei no início da década de 1980, os mecânicos só queriam utilizar óleos lubrificantes se fossem da Esso, Shell, Texaco ou Castrol, sem nenhuma explicação técnica. Qual quer outro tipo de óleo, como por exemplo, da Petrobras Distribuidora, era rejeitado pelos mesmos.

Importante lembrar o esforço da Petrobras, desde da inauguração em 1973 da Unidade de Lubrificantes, na refinaria Duque de Caxias (REDUC) e consequentemente a criação da logomarca LUBRAX, em colocar seus produtos na briga de mercado com os produtos de empresas estrangeiras. Ganhar o mercado no Brasil, levou alguns anos. Várias campanhas publicitária foram feitas, como por exemplo, recorrendo do slogan “Nossa gente, nosso óleo”.

Apesar de ser tricolor carioca, tenho que exaltar o papel do Flamengo que a partir de 1984, passou a estampar na camisa do time a marca Lubrax.

Em 24 de junho daquele ano, o Jornal do Brasil publicava matéria delineando a “guerra dos lubrificantes”: nada menos que oito marcas disputavam a preferência do consumidor, divididas em três patamares, de acordo com sua fatia no mercado. A Petrobras Distribuidora se mantinha no primeiro, ao lado da Shell e da Texaco. Um pouco abaixo vinham emboladas Esso, Atlantic e Ipiranga. E num plano inferior, Mobil e Castrol.

Em 1998, a Petrobras Distribuidora celebrava pela primeira vez a liderança do mercado, tendo o óleo Lubrax como produto “Top of Mind” de seu segmento, à frente de concorrentes da Texaco, Ipiranga e Shell. A marca Lubrax ficou na camisa do time por 22 anos (1984-2006).

Felizmente a aceitação desse tipo de produto pelos brasileiros tem tido uma mudança no decorrer dos últimos anos, porém infelizmente não ocorre com outros produtos, como por exemplo, perfumes, vinhos, etc.

Para os especialistas, os perfumes importados são sinônimo de sofisticação e excelente padrão de qualidade e que são preferidos às versões nacionais por serem mais duradouros, terem um cheiro mais agradável e por serem feitos com ingredientes de melhor qualidade.

Temos também perfumistas que garantem existirem marcas no mercado brasileiras de alto padrão oferecem fragrâncias tão boas ou melhores do que as importadas assinadas por grandes nomes da perfumaria Internacional.

Da mesma forma que os perfumes, a maioria dos brasileiros têm um grande preconceito com o vinho nacional. É comum observar a reação de desconfiança das pessoas quando lhes oferecem uma garrafa de vinho nacional, como também, é muito comum no espaço reservado aos vinhos de um supermercado, os consumidores passarem rapidamente pelos vinhos brasileiros, sem nem prestar atenção e irem direto à prateleira dos vinhos importados.

Bem, não sou enólogo, mas segundo esses profissionais que se dedica à ciência dos vinhos, a evolução do vinho nacional é notória. Foi a partir de 1990 que observou-se um grande avanço da vitivinicultura brasileira, principalmente no que diz respeito ao uso de tecnologias inovadoras em todo o processo de produção da uva e elaboração do vinho. Por isso é importante valorizarmos os bons vinhos nacionais, caso contrário vamos eternamente, em termos de vinho e perfume dizer o ditado: “A galinha do vizinho é sempre a mais gorda”.

Dentro deste contexto, outro provérbio popular bem conhecido do público é o que diz: "Santo de casa não faz milagre". Acredito que todos nós, em algum momento já passamos ou tivemos conhecimento de situações que refletem com exatidão este ditado.

Lembramos que a frase “santo de casa não faz milagre” é popular, tradicional, atual, ela tem origem em uma passagem bíblica no evangelho de Marcos, capítulo 6, versículos 4 e 5 onde Jesus expressa: “Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. Não se pode fazer ali milagre algum.”

Jesus foi o primeiro a vivenciar tal desprezo. Em sua própria terra, na cidade de sua família, Nazaré, Ele não passou do filho do carpinteiro. Era rejeitado por quem o viu crescer, diziam com desprezo: “Não é ele o carpinteiro?”, foi preciso sair de lá para ser recebido em Jerusalém no famoso “domingo de ramos”.

Jesus, pregando na Sinagoga de Nazaré, sentiu fortemente o descrédito dos seus conterrâneos, dos seus amigos de infância, dos seus parentes.

Isso que Jesus falou " um profeta só é desprezado na sua pátria" não foi uma foi uma afirmação ou uma reclamação. Foi uma lamentação. Não é que tem que ser assim. Infelizmente, é assim que acontece.

Certamente todos nós já vivemos uma vez na vida pelo que Jesus passou. Situações onde não tivemos o menor incentivo, onde sequer tivemos o menor apoio das pessoas próximas a nós. Por exemplo, de sermos elogiados pelo vizinho pela nossa conduta e criticados por alguém da própria família. Ou sermos bem referidos em outras empresas e poucos valorizados na nossa.

Tal situação me fez lembrar uma tese expressada e defendida pelo sociólogo francês Pierre Bourdie: “Os circuitos de consagração social serão tanto mais eficazes quanto maior a distância social do objeto consagrado”. Em outras palavras, você será reconhecido por seu esforço pelas pessoas que não convivem com você. Não espere aplausos, incentivo, elogios de familiares, esses gestos poderão sim ocorrer, mas é muito provável que ocorram de pessoas que não estão ao seu redor.

Vamos tirar o foco do nosso umbigo e pensar nas pessoas da nossa família... Pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa, irmão, irmã, tio, tia, primo, prima, sobrinho, sobrinha, avô, avó... Aquela pessoa que os outros falam tão bem, mas que nós nunca nos demos o trabalho de parar um pouco para pensar que ela pode ser a ajuda que Deus colocou do nosso lado, e que nós teimamos em não querer enxergar.

É fácil olhar para seu cônjuge e achar defeitos, ninguém é perfeito e certamente sua visão está cheia de projeções, assim como é fácil olhar para uma pessoa na rua, com quem tivemos pouco convívio, e ver apenas coisas boas porque foram gentis conosco.

Todo tipo de projeção é perigosa, embora seja inevitável e que é por isso que preferimos ouvir pessoas de fora, nas quais ainda não projetamos nossos defeitos do que as pessoas “de casa”, sobre quem já formamos uma opinião, seja ela equivocada ou não. É como as “travas” colocadas nos olhos de cavalos, evitam que vejam o que inevitavelmente está ao seu redor, apenas para manter-lhes calmos.

Reforço que todos são e/ou foram “santos da casa de alguém”, têm famílias, amigos próximos, colegas de profissão e talvez, quando eram “simples mortais” também foram desacreditados, criticados, ignorados, justamente por aqueles que poderiam ter sido os primeiros a reconhecer seus talentos.

Nas empresas não é diferente. É muito comum que os empregados de qualquer empresa digam que: “Na empresa não somos valorizados”, ou que “Aqui nossas ideias não são ouvidas” e até mesmo “Só valorizam em nossa empresa o que é feito por gente que é de fora. Claro que há situações em que as empresas precisam de um choque de novidades e nesse caso vale a pena trazer alguém de fora, mas muitas vezes os consultores externos são contratados apenas para fazer um compilado de sugestões dos próprios funcionários, apresentando no final o que todos já sabiam. Não se pode generalizar evidentemente, mas com certeza isso acontece.

Imaginemos aconselhar alguém que tanto amamos, e nosso conselho entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem a menor autoridade e expressão no que fora dito por nós, aí, alguém de fora, de grande status, de grande nome, com autoridade, diz a mesmíssima coisa, com algumas palavras diferentes e os olhos da pessoa que amamos brilham, e agora tudo faz sentido, o conselho é acatado e agarrado com unhas e dentes.

Bem, infelizmente só damos valor as pessoas quando perdemos. Às vezes, as estão diante dos nossos olhos o tempo todo mas só quando estão fora do nosso alcance é que percebemos o quanto são importantes para nós.

Muitos procuram acumular durante a vida bens materiais, que no momento da partida ficam para trás, sendo que essas pessoas nada levam, e no final desperdiçaram toda a sua vida, pois não souberam identificar o verdadeiro tesouro que está ao alcance de todos. Por isso devemos valorizar aqueles que nos valorizam. Quando reconhecemos o amor e o apoio que recebemos de pessoas especiais, fortalecemos os laços que nos unem.

Devemos continuar caminhando ao lado daqueles que realmente valem a pena e nos acrescentam algo na nossa vida. Principalmente quem nos enxerga e escuta. A vida é preciosa demais para desperdiçar com quem não merece seu amor e atenção. Não percamos tempo e energia com aqueles que não reconhecem a nossa essência, não nos tratam com o devido respeito e não reconhece nosso valor

Devemos nos cercar daqueles que nos enxergam, nos apoiam e nos fazem crescer. Por isso, é bastante importante nos cercarmos de pessoas amigas e que torcem para as nossas conquistas na vida e que estão do nosso lado, não pelo que temos, mas pelo que somos. Guarde-os como se fossem o maior tesouro que temos na vida, pois são verdadeiramente preciosos.

Um amigo verdadeiro é aquele que fica ao nosso lado nas tempestades, quer compartilhar conosco o que tem de melhor, se preocupa com o seu bem-estar e não aquele que apenas se lembra de você quando precisa de algo.

Enfim, se sabemos que temos uma grande companheira ou companheiro ao nosso lado, façamos de tudo para manter esta pessoa perto, pois esta qualidade é rara e merece ter todo o nosso valor e não caiamos na tentação de dizer que santo de casa não faz milagres.

Não tenha dúvida, se você olhar melhor ao seu redor, verá que há quem se preocupe verdadeiramente com você, e para quem você é importante. Essas são as pessoas que valem a pena manter por perto. As outras é melhor esquecer.

Como explicou Pablo Neruda: A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos”.

05/12/2024

Máscaras invisíveis

Não posso dizer que sou fascinado por publicidade e marketing, mas gosto de parabenizar a criatividade de vários profissionais do ramo, principalmente quando usada de forma humorística. Um dos slogans que tem cadeira cativa na memória de muitos brasileiros, e na minha também, foi criado no final dos anos 1970. Estamos falando do famoso slogan “Bombril tem 1001 utilidades”. O slogan transformou a marca em sinônimo de esponja de aço. Para completar o sucesso, a marca começou a ganhar enorme visibilidade pelas atuações do famoso garoto-propaganda ator Carlos Moreno, sendo denominado do Garoto Bombril. Se realmente o Bombril tem 1001 utilidade, não sei, pois nunca foi provado mas a lista é grande de utilização.

Assim como o famoso “Bombril tem 1001 utilidades”, diversos produtos também tem várias utilidades. Podemos citar por exemplo as “Máscaras”. Nesse caso temos que dividir em máscaras físicas e máscaras invisíveis da vida real, do cotidiano.

As máscaras estão no convívio do ser humano, de acordo com alguns estudos, desde o ano 9000 ac, sob as mais diversas formas, de diferentes materiais e com intuitos distintos, e por algum motivo, nos acompanham desde então.

No mundo ocidental os antigos gregos foram pioneiros no uso das máscaras teatrais durante as festividades de Dionísio, deus do vinho e da fertilidade. Nessas ocasiões, todos dançavam, cantavam, se embriagavam e realizavam orgias, evocando a presença do deus através do emprego da máscara.  Também na Grécia, eram utilizadas nas suas cerimônias religiosas e era comum os atores se utilizarem de máscaras para interpretar seus personagens.

Na necessidade do homem de se embelezar e de se transformar, surge em Veneza na Itália, no século XV, o primeiro baile de máscaras, “Ball Masquê”, onde o uso da máscara também se fazia necessário devido aos constantes conflitos políticos. Os Cortesãos mascarados faziam brincadeiras, confiantes no anonimato, extravasando todos os seus impulsos reprimidos, libertando-os das normas sociais. Todavia, em Veneza, no século XVIII, as máscaras transformaram-se em itens de consumo cotidiano por todos os seus habitantes, velando apenas o nariz e os olhos. Logo foram proibidas, pois dificultava a ação da polícia na identificação de criminosos, muito comuns nesta cidade naquela época.

Na China, as máscaras eram utilizadas para afugentar os maus espíritos, enquanto que no Antigo Egito, as máscaras eram colocadas no rosto do falecido de modo a orientá-lo na passagem para a vida eterna.

As máscaras sempre fizeram parte da cultura africana, e imaginamos que elas fossem vistas como objetos místicos. Sua função era a de disfarçar a pessoa que usa, para que ela pudesse entrar em contato com os espíritos, absorver sua força, e usar em benefício da comunidade. Assim, as máscaras podiam ser vistas em todos os tipos de ritual: da cura ao casamento, da iniciação aos funerais.

Na América do Sul, sabemos que muitos povos indígenas usavam máscaras em suas cerimônias, que simbolizavam animais, pássaros e insetos.

Ao longo dos séculos houve sempre a necessidade que o ser humano protege-se as vias respiratórias, por meio de uma barreira física. Essa necessidade levou o homem a criar diferentes tipos de máscaras de proteção, com características diferentes, para atender às necessidades específicas de diferentes atividades e ambientes, seja para utilização em hospitais, laboratórios, industrias, construção civil, agricultura, gastronomia, etc.

Apesar de muita gente não querer usar, durante a pandemia foi bastante utilizado as máscaras de tecido, também conhecidas como máscaras de pano.

Mas nem só para proteção servem as máscaras. Temos também as máscaras tipicamente usadas em bailes, festas e outros eventos. Alguns usam máscaras para esconderem da própria face e permitir diminuir as repressões sociais e assumir os mais diversos personagens e fantasias, de modo a se livrarem daquilo que consideram amarras sociais, éticas e até religiosas.

Não podemos esquecer das máscaras que são utilizadas pelos bandidos como disfarce, para que não sejam reconhecidos ao cometerem seus delitos.

Bem, assim como “Bombril”, temos máscaras que podem ser utilizadas em várias situações da vida, ou melhor de todos os tipos e gosto. Todavia algumas máscaras temos que evitar. São as chamadas máscaras invisíveis da vida real.

Diferentemente do teatro, no palco da vida nossas máscaras são invisíveis, mas facilmente percebidas por aqueles que possuem olhos para ver. Quando falo de máscaras invisíveis, me refiro as que usamos para nos proteger, disfarçar, coagir, amedrontar e tantas outras utilidades. Essas máscaras podem ser apresentadas de diversas formas, seja por uma postura que adotamos habitualmente, a forma em que nos limitamos a comunicar ou até mesmo um sorriso sem motivo para tentar causar alguma boa impressão.

Poderíamos dizer que temos em nosso armário várias máscaras guardadas e em todo momento corremos o risco de recorrermos a estas, de acordo os locais que frequentamos, as pessoas com quem conversamos

No futebol, o jogador considerado mascarado é aquele que “se acha”. Quando se ouve dizer de alguém que “a máscara caiu”, sabemos que suas falsidades foram descobertas e suas reais intenções reveladas.

Tem pessoas que se escondem atrás da máscara de interesseira. Nunca terá ou fará amigos, apenas aliados, mas, quando seus interesses forem supridos e ela perceber que a pessoa não é mais útil, irá dispensá-la, porque ela apenas usa as pessoas.

Temos a máscara da mentira. Uma pessoa que usa a máscara da mentira é a mais perigosa de todas, porque a mentira não possui limites, ela é a chave que abre as portas para os outros tipos de males citados acima.  Podemos ter ainda a máscara da inveja. O indivíduo que usa a máscara do invejoso vive na escuridão e deseja a qualquer custo a luz do próximo. Se não puder ter para si, ele prefere apagar, mesmo que essa luz seja de um membro de sua família ou de seu melhor amigo.

A máscara da timidez esconde, na verdade, a busca por uma eterna punição por alguma culpa a qual se atribuem, em grande parte dos casos, injustamente. Como por exemplo, pessoas que passam por perdas significativas dos pais ou que são abandonados por eles tendem a crescer com o sentimento de que não merecem ser amados.

Uma máscara comum a quem sente que, de alguma forma, foi injustiçado pela vida e que passa a acreditar que seu dever é buscar pela justiça é a máscara da injustiça.  Pessoas que se encaixam nesse perfil costumam ser solitárias e infelizes.  Passar por uma grande dor pode fazer com que uma pessoa se torne alimentada pelo ódio, pode levar essas pessoas a usarem a máscara da traição.  Aqueles que usam essas máscara têm sempre o medo de que novamente serão enganados e enfrentarão grande dor.

Parece que existem mais máscaras invisíveis que físicas, Vejamos mais algumas: Máscaras de pureza em vidas sem compromisso com a santidade; máscaras de amor em relacionamentos marcados pelos interesses pessoais; máscaras de compromisso em casamentos internamente destruídos; máscaras de tolerância, que escondem planos vingativos; máscaras de espiritualidade em decisões puramente políticas e interesseiras; máscaras de exortação em sermões que não correspondem com a própria vida; máscaras de misericórdia, sem coração compassivo ou qualquer interesse em aliviar a dor do aflito.

Interessante foi a explicação de um dos atores que fez o papel de Superman quando perguntado qual o motivo pelo qual o herói não usava uma máscara. Respondeu que tinha haver com confiança.  Se tivesse uma, daria às pessoas uma razão para não confiar nele.

É importante lembrar que as crianças não têm máscaras, porém, conforme convivem com os adultos e passam por reveses, vão descobrindo ser mais útil parecer diferente do que realmente se é.

Se formos para o lado político, talvez sejam os políticos que mais usam máscaras, principalmente da honestidade. A pergunta que não nos deixa calar:

Como nos protegermos dos bacilos (bactérias) das grandes pestes da democracia (políticos)? Esses bacilos não desaparecem nunca. E cada dia inventam mais uma máscara invisível para enganar o povo. Segundo o teólogo, monge e mestre espiritual indiano Swami Shankara, políticos sempre usam muitas máscaras, uma para cada ocasião. A máscara mais usada é a de cara-de-pau.

Segundo a Bíblia, o uso de máscaras pode ser associado à hipocrisia e à falta de autenticidade. A Bíblia enfatiza ainda a importância de ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros, evitando a adoção de personas falsas.

No espiritismo, as máscaras são vistas como representações das diferentes personalidades e experiências que uma pessoa pode ter em diferentes encarnações. No tarot, numerologia, horóscopo e estudos dos signos, as máscaras são vistas como representações das diferentes energias e influências que afetam uma pessoa em sua vida. No Candomblé e na Umbanda, as máscaras são vistas como representações dos orixás e entidades espirituais que podem se manifestar através dos praticantes.

Bem, podemos perceber que geralmente usamos máscaras diante das pessoas mas esquecemos não conseguimos enganar a Deus. Diante do Senhor, não há máscara capaz de esconder quem somos e o que fazemos. Ingenuamente esquecemos que Deus nos vê como de fato somos, é Ele quem nos vê sob e através das máscaras, é Ele quem vê o que ninguém mais pode ver, o nosso interior e sabe tudo o que fazemos. Como muito bem nos ensina a bíblia em 1 Samuel 16.7b: “O homem vê o exterior, porém o Senhor o coração.”

O tempo passa, as coisas mudam, as máscaras caem. A máscara, com o passar do tempo, torna-se um fardo pesado e, já não teremos força para segurá-la. Os disfarces não resistem e a mentira aparece.  Às máscaras sempre caem à luz da verdade. Toda maquiagem sai, toda máscara cai e toda mentira se revela. Seria bom que alguns hipócritas soubessem disso.

Pessoas que usam máscaras acabam se perdendo de quem realmente são e perdem o amor de Deus em seus corações, pois não sabem como canalizar este amor e nem como expressá-lo. Porém, antes de você julgar essas pessoas mascaradas, procure antes saber o que foi que motivaram a elas a usarem tais máscaras.

Concluímos recordando a música “Turbilhão”, interpretada por Moacyr Franco. Uma obra que utiliza a alegoria do carnaval para descrever a complexidade das emoções humanas e a efemeridade da vida. A letra menciona elementos típicos do Carnaval, como colombinas, serpentinas, confetes e palhaços, mas os utiliza para ilustrar sentimentos mais profundos. “Sopraram cinzas no meu coração” e “caiu a máscara da ilusão” sugerem desilusão e tristeza, contrastando com a imagem festiva do Carnaval. A repetição do refrão “a nossa vida é um Carnaval” reforça a ideia de que, assim como no Carnaval, a vida é feita de momentos de alegria e tristeza, e que muitas vezes a realidade é mascarada.

Que vençamos a tentação de usar destes artefatos, seja por qualquer motivo, e nos apresentemos como somos, diante das pessoas e diante do nosso Deus.

24/10/2024

A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça

De dois em dois anos, somos convocados, para não dizer obrigado, pela Constituição, a sufragar nas eleições, sendo facultativo para os maiores de 16 anos e menores de 18, assim como para os maiores de 70 anos e analfabetos. Pessoalmente, questiono a faixa etária permitida a votar, isto é, jovens maiores de 16 anos e menores de 18. Nessa faixa eles não podem ser responsabilizados criminalmente pelos seus atos, mas podem ser responsáveis em eleger aqueles que serão governantes do país. Muitos adolescentes, não estão preocupados com o rumo que o resultado eleitoral pode acarretar ao país. Alguns votam em candidatos por influência dos pais ou amigos. Acabam tirando o título de eleitor pressionados pela família, mesmo se sentindo despreparados em relação à política para escolher um candidato.

Uma das frases mais conhecida de Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, é justamente onde ele diz que o homem é um animal político. O homem é um animal político pois ele não pode viver sozinho. Necessita da comunidade, ou seja, viver junto com outros seres humanos, para se tornar completo. A vida em comum pressupõe a política, então o homem é um ser político. Aristóteles também levanta a tese de que o ser humano é o único ser com capacidades discursivas. Dono da palavra (logos), o homem é capaz de, através de uma linguagem complexa, transmitir aos outros homens aquilo que pensa para alcançarem objetivos comuns. A palavra, porém, está destinada a manifestar o útil e o nocivo e, em consequência, o justo e o injusto.

O que não se pode perder de vista, é aquilo como a política foi pensada antes de Cristo: “A política não deveria ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça.” (Aristóteles).

Tive um professor de Ciência Política no Curso de Graduação de Ciência Contábeis, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que dizia que política fazemos em todos momentos de nossa vida. Seja na família, no trabalho e na vida social.

O escritor João Ubaldo Ribeiro lembra que a política já foi chamada de arte, pois requer um talento especial, uma sensibilidade, um jeito especial de quem a pratica. Já foi chamada de ciência, pois é possível sistematizar o que se observa a respeito de como os homens se comportam em relação ao poder. De filosofia, porque sempre há indagações do tipo: por que alguém tem que mandar e outros obedecer? O homem é mau ou a vida em sociedade o faz assim? O homem precisa de um governo forte ou não? A política também é uma profissão, através da qual ordenamos a nossa vida em coletividade, é a profissão dos que se dedicam a influenciar os rumos da sociedade em que vivem.

Infelizmente, mesmo chamada de arte, ciência, de filosofia e de profissão, no caso específico da política brasileira, sempre foi pródiga em meias verdades, passadas de perna, falsas promessas e também em trapaças, fraudes, falácias – algo que nós, eleitores, aprendemos a resumir simplesmente como mentiras.

A primeira razão para se ressentir de ouvir mentiras é que é uma forma de desrespeito. Quando você mente para mim, você me trata como uma coisa a ser manipulada e usada para seus propósitos.

De uma eleição para outra, aumenta cada vez mais o número de políticos enganadores e eleitores enganados. Eles têm uma capacidade extraordinária de serem atores de primeiríssima qualidade.

O fato de muitos políticos de carreira serem mentirosos descarados e compulsivos, não é apenas uma característica inerente à classe política; é também um reflexo do eleitorado.

Uma pequena pergunta, você acredita no que os políticos dizem, ou melhor, no que prometem?

Desde criança que conheço uma crença popular que diz: “Quem mente, rouba” e “Quem rouba, mente”. A filosofia popular é profunda e está correta; pois quando alguém mente está roubando a confiança do outro. É plenamente aceitável a mentira folclórica, como a do pescador; aquela proferida na mesa de um bar para o mentiroso se vangloriar de algum feito, todavia quando praticada pelos políticos a mentira rouba a confiança de um país. 

O brasileiro é bonzinho. Fala com humor, raramente com raiva, dos grandes mentirosos. E adotou figuras e provérbios inocentes, como o do título, para falar de mentirosos que muitos prejuízos deram e dão ao povo. Em outras culturas, a mentira é punida com mais rigor, inclusive na memória popular.

Quando um pai ou uma mãe, quer educar um filho para dizer quais as consequências da mentira, o símbolo da mentira é o Pinóquio. O boneco Pinóquio, criado por seu dono, Gepeto, tinha um nariz que crescia à medida que mentia. Nos Pinóquios Políticos nada cresce, além da justa revolta que provoca nos brasileiros dignos. Mas, não podemos esquecer que na história escrita por Carlo Collodi em 1883, Pinóquio detestava se esforçar para qualquer coisa, adorava facilidades. Quando foi enganado por uma raposa que se fingia de manca e um gato que, como a raposa, se fingia de cego, foi bater numa cidade nomeada de “Engana Trouxas”. Era terrível o lugar! Tinha muita sujeira, pobreza, destruição e muitas outras “ruindades”, era mesmo um lugar horrível. Mas mesmo assim Pinóquio não conseguiu perceber nada.

Essa raposa e esse gato não lembram os políticos brasileiros enganando o povo na terra dos “Engana Trouxas”?  E o Pinóquio não parece o povo que não percebe que está sendo enganado com as promessas dos políticos?

O economista estadunidense, crítico social, filósofo político Thomas Sowell disse a seguinte frase: “O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-lo”.

Muitos eleitores dizem priorizar as propostas e as ideias defendidas pelos candidatos. Outros o passado político do candidato, o partido a que pertence o candidato, indicação de amigos e familiares. Mas na verdade, o que me parece é que o voto ideológico predomina entre os eleitores. Infelizmente vivemos em um momento “polarização política” – a palavrinha da moda. Isso fica bem claro nas ferramentas da internet. De uma hora para outra, você é desafiado por algum “intelectual” de esquerda ou direita tentando lhe enfiar goela abaixo a posição dele, e já de antemão desrespeitando a sua opinião. Temos sempre que nos lembrar que, política é manter saudável uma amizade, independentemente da posição “política partidária” ou ideológica. É estar presente no dia a dia da família. É respeitar o voto do amigo. Do pai. Da mãe. Do vizinho. Do colega de serviço.

Uma coisa é fazer acordos políticos para governar bem. Outra, e bem diferente, é fazer promessas, muitas vezes até milagrosas, para conquistar o voto do eleitor e depois não cumprir nem mesmos as viáveis, o que não deixa de ser um “estelionato eleitoral”.

Muitos políticos prometem mundos e fundos na hora em que precisam se eleger, se dizendo até amigos das pessoas das quais necessitam para obter êxito nos seus pleitos. Após a vitória, as promessas não são cumpridas e os tais amigos das horas difíceis são esquecidos.

Frequentemente deparamos com algumas promessa de candidatos inviáveis de serem realizadas ou melhor, impossível de ser realizada. E até promessas feitas por candidatos estão fora das atribuições desses cargos. 

Um fato político bastante folclórico ocorreu numa eleição para prefeito da cidade de Natal. Um candidato teve como sua principal proposta a construção de uma ponte para ligar Natal a Fernando de Noronha. Mesmo não tendo sido eleito, o candidato teve uma votação que foi considerada expressiva na época.

Não se pode negar que o eleitor também tem culpa nesse contexto. Mesmo porque quando “a promessa é grande, o santo desconfia” ou deveria desconfiar.

No passado, o voto de cabresto no Brasil estava relacionado ao domínio direto, "uma força de superioridade direta dos antigos proprietários de fazendas com os seus subordinados". Com o voto aberto, eleitores eram obrigados a votar em quem o grande fazendeiro quisesse, sujeitos à violência ou fiscalização de capangas. O chamado voto de cabresto ainda existe, apenas passou de forma rudimentar e virulenta para um modelo moderno e sofisticado.

Os “velhos coronéis continuam em ação, mas a vontade do eleitor também é violada por traficantes e milícias. As milícias, nas comunidades pobres, obrigam os moradores locais a votar em quem eles querem. Se a população não cumpre o que deseja a milícia, esta pode abusar do poder, causar mortes ou parar de ‘ajudar’ os moradores.

Temos atualmente o chamado ‘voto de cajado’. Religiosos “impõem” aos fiéis um certo candidato, ou como diriam os próprios, os ‘candidatos oficiais da igreja’.

Sabemos que não é fácil escolher um candidato nos tempos atuais. Com o crescimento populacional da maioria das cidades brasileiras, pouco se conhece de um candidato. Antes, no interior sabíamos de qual família era um candidato. Chegamos a dizer: fulano filho de beltrano. Hoje, quem não está envolvido diretamente na política, conhece os candidatos pelos programas eleitorais. Às vezes parece até um circo de horrores. Da impressão que não sabem nem qual será a sua função no cargo que são candidatos. Mas, a forma tradicional é muito mais atacar os adversários, do que qual será o seu plano de governo. O que vemos é um falar do outro. Campanha política se faz falando de soluções e não de erros.

É muito importante procurarmos conhecer bem os nossos candidatos. Não por ideologia política. Os que já assumiram cargos públicos fica mais fácil, pois podemos buscarmos conhecer como foi sua atuação. Durante o mandato, lutou pelos projetos que beneficiavam a população ou passou a maioria do tempo votando contra para prejudicar os adversários políticos ou fazendo coligações para tirar vantagens pessoais? Por isso, entendo que devemos estar atento à atuação de cada candidato. Aqueles que possam tentar comprar votos, ou oferecer alguma vantagem em troca de apoio político, certamente continuarão a promover a corrupção se forem eleitos.

Pessoas que se recusam a aceitar verdades desagradáveis, quando estas são ditas em épocas de bonança não têm direito de, no futuro, reclamar que os políticos mentiram e que elas foram enganadas. Qualquer um pode ser candidato, mas a política positiva se faz com respeito, humildade, boas práticas e sem fakenews, a começar pela campanha.

Às vezes fico pensando, se eu fosse candidato a prefeito será que meus amigos votariam em mim? Já tenho a minha fala para o primeiro discurso: “Vote no futuro que você quer ver. Juntos, podemos transformar nossa cidade em um lugar melhor para todos, e principalmente para nossos filhos. Uma cidade mais justa e igualitária. Honestidade, trabalho e compromisso serão minha bandeira. Juntos vamos transformar ideias em realidade. Para resolver o problema da seca no munícipio, farei um projeto para trazer água dos Rio Araguaia, Tocantins, Amazonas e o Nilo todos para dentre do rio São Francisco e entrar com um criatório de peba (tipo de tatu) para cavar poços artesianos.  Para a agricultura, trarei da China enxadas de controle remoto. Uma maravilha para o homem do campo. Ele vai ficar no alpendre da casa numa rede ortopédica, só programando a plantação. Teremos em nosso governo um programa social inédito: “Minha vaca minha vida”. Nesse projeto toda família carente que tiver cinco crianças ganhará uma vaca. Se tiver dez ganhará duas. Cinquenta criança são dez vacas. A partir daí já se torna um fazendeiro. Na área industrial, traremos uma fábrica de roupa para jumento. É ridículo andarem nu no meio da rua. De noite todos com colete colorido para evitar acidente. Farei também um dutoleite. Trarei leite encanado para todas as residências. Na área da saúde teremos um projeto de cura para o coração. O Santo remédio é fechar os olhos. Aquilo que os olhos não veem o coração não sente. Criaremos o projeto Bolsa Cachaceiro, onde vai beneficiar todos cachaceiros lisos da nossa cidade. Promulgaremos um decreto com vínculo religioso. Os enterros só aconteceram nos domingos, tendo em vista que quem morre de segunda a sábado, como está todo mundo trabalhando, os velórios perdem aquela folia por falta de plateia. Depois desse discurso, será que vou ser eleito? Fiquem tranquilos. Não serei candidato.

Na verdade, a política deveria ser um instrumento de transformação da sociedade e o sentido da democracia está na possibilidade de o cidadão exercer a soberania popular, que se concretiza pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto na escolha dos governantes. Daí o eleitor tem em suas mãos um importante instrumento de mudança política e social: o voto.

Apesar de toda essa “sujeira” que existe na política, nós não podemos deixar de sonhar. É crucial não perder a esperança em dias melhores, mantendo a resiliência, o patriotismo e a fé em Deus. Sabemos que a campanha eleitoral é uma grande comédia, onde depois que termina se transforma no drama de muita gente, mas temos que esperança de melhores dias ou cair no abismo da desilusão. Como afirmava Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

A política tem suas características "exóticas"; na época de campanha eleitoral, candidatos mudam de nome, mudam de aparência e até o discurso, mas a essência (caráter) não muda! (Claudinei Ferreira Soares).

25/09/2024

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de você!

A infância é a etapa inicial da vida, compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. Na pratica, esse termo é empregado em síntese para designar a fase da vida do ser humano que antecede e ou precede a fase da adolescência.

A infância não é um tempo perdido, continua a existir e reverberar ao longo da existência, como afirma o romancista, poeta e crítico belga Franz Hellens ao dizer: “A infância não é uma coisa que morre em nós e seca uma vez cumprido o seu ciclo. Não é uma lembrança. É o mais vivo dos tesouros e continua a nos enriquecer sem que o saibamos”.

Não tenho dúvida, que ela é fundamento, base da vida, terreno sob o qual erguemos nossa existência, daí sua relevância.

Há quem diga que recordar é viver mas recordar não é viver. Recordar é sentir! No sentir palpitante do que essa recordação nos traz. De tudo o que nos deixa. E do quanto, intensamente, em espaço e memória, habita em nós.

A nostalgia de recordar não está na tristeza do tempo que não volta mais. Nem tão pouco na impossibilidade de o voltar a viver. Está na saudade das pessoas, com quem partilhamos esse tempo. No reviver dos sentimentos, que isso nos deixa sentir o que nos faz renascer.

Vivemos de recordações e memórias. De lembranças presas e soltas dentro de nós. Que nos aprisionam. E outras que nos libertam. Somos memória de um passado, fio condutor do nosso presente. E dessas memórias, em recordações nos vamos deliciando e transmutando.

Recordar nossas brincadeiras favoritas, as histórias que ouvíamos, o que gostávamos de comer, é uma fonte inesgotável de prazer e alegria. Infância faz parte da gente e deve estar sempre à mão para ser lembrada.

Talvez se políticos, pais, educadores, toda a sociedade, tivessem a consciência da sua importância, daríamos maior atenção ao começo da vida, haveria maior investimento por parte dos governos para o cuidado com a primeira infância.

Dentro desse contexto, posso afirmar que sou um colecionador da minha infância. Isso mesmo, coleciono primeiras memórias.

Para algumas pessoas que tiveram uma infância difícil, é difícil se lembrar desse período de suas vidas, por isso costumam dizer que não tiveram uma infância. Elas podem ter algumas lembranças soltas, mas nada que seja relevante o suficiente para construir uma memória significativa.

Mas, graças a Deus, minha infância foi marcada e rodeada de muitas coisas boas. Foi um laboratório de experimentos para a minha vida.

Existe uma música do memorável cantor Ataulfo Alves que traduz muito bem esse meu pensamento, onde ele diz: “Eu daria tudo que eu tivesse. Pra voltar aos dias de criança. Eu não sei pra que que a gente cresce. Se não sai da gente essa lembrança.”

Apesar de vivenciarmos milhares de eventos durante a nossa infância, infelizmente, como adultos, lembramos apenas de alguns.

Alguns podem ser “primeiros” (nosso primeiro sorvete, nosso primeiro dia na escola) ou eventos significativos da vida (comemoração aniversário, presentes). Outros são surpreendentemente triviais.

Bem, voltando para meu passado, pro meu tempo de criança, alguns fatos sempre me foram latentes. Nasci no Rio de Janeiro em 1959, porém em 1962 fui morar em João Pessoa na Paraíba. Uma lembrança que ficou na minha memória era de um cachorro que tínhamos em nossa casa, chamado Rex. Infelizmente morreu atropelado. Outro fato foi quando levei uns puxões de orelha de minha mãe, após uma senhora reclamar com ela que eu a tinha atingido com uma pedra. Na verdade, esse fato foi uma das primeiras injustiças que aconteceu na minha vida. Inocentemente, estava retirando umas pequenas pedras que tinham no jardim de nossa casa, e jogando por cima do muro. Merece uma reflexão. Trago também boas lembranças dos momentos que brincávamos, eu e minha irmã com uma garota de nossa idade (vizinha) que chamava-se Wilma, quando andava de velocípede e depois em uma pequena bicicleta de rodinhas na calçada de nossa casa e de assistir os desenhos do Pica Pau na televisão.

Essa minha primeira vivência em solos paraibanos na cidade de João Pessoa, durou até 1964. Fomos então morar na cidade de Umbuzeiro de Natuba. Terra que nasceu grandes paraibanos como Epitácio Pessoa, João Pessoa e Assis Chateaubriand. Foi nesse período que comecei a assistir na televisão o programa “As aventuras de Rim Tim Tim”. O seriado se desenvolvia em um posto de cavalaria, dos EUA, conhecido como Fort Apache, onde um garoto órfão chamado Rusty, era criado pelos soldados deste posto de cavalaria. Ele tinha um cachorro, pastor alemão, que se chamava Rim Tim Tim. Podemos dizer era o protagonista do filme.

Na praça dessa cidade, que ficava perto de minha casa, uns altos falantes, em determinado horário do dia, tocava músicas.  Não sei explicar mas de tanto escutar, algumas músicas ficaram na minha memória. Passados alguns bons anos, descobri que aquelas músicas eram italianas.

Naquela época, para ir de Umbuzeiro para João Pessoa, precisava ir para Recife. Ainda não tinha estrada de Umbuzeiro para João Pessoa. Nossa viagem era em um ônibus que as bagagem eram colocadas na parte externa superior do mesmo. Foi numa dessas viagens que conheci a galera das Ligas Camponesas. Pararam o ônibus e fizeram todo mundo descer. Armados de foice e facão. Ainda bem que nada de mal aconteceu. Mas isso ficou na minha memória.

Um ano e meio depois, voltamos para João Pessoa. A partir daí comecei a ser alfabetizado por minha querida mãe. Só que em 1966 fui morar na cidade de Solânea-PB. Não posso dizer que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá, pois como disse, foi minha mãe que me ensinou o bê-á-bá (não deixou de ser professora a minha vida toda) todavia me lembro muito bem do local onde assisti minhas primeiras aulas junto de outros coleguinhas. A professora se chamava Dona Dulce. A minha segunda professora chamava-se Livramento.

Outro memória que coleciono diz respeito a uma banda musical que ensaiava em frente de minha casa em Solânea. Gostava de ir ver eles tocando. O que mais me atraia era a bateria. Infelizmente nunca aprendi a tocar e nem ter uma.

Depois fui morar em Monteiro-PB. Posso afirmar que foi ai onde comecei a gostar de jogar futebol e passei a torcer pelo Fluminense. Em Monteiro tive meu primeiro vestibular, pois tive que fazer o Exame de Admissão. Graças a Deus fui bem sucedido

Em julho de 1969 fui morar na cidade de Sapé. Tive muitos amigos.  Novas brincadeiras e uma delas que me traz boas lembranças era o jogo de botão na residência dos meus amigos vizinhos Marcílio Coutinho e Ricardo Coutinho (já falecido), assim como jogar pião e bola de gude (os participantes vão se revezando e tentando “matar” as bolinhas dos adversários).

Posso dizer que por fazer parte das pessoas que tiveram infância na década de 60, faço parte de um grupo abençoado. A nossa vida é uma prova viva. Não tivemos internet, computadores, celulares, play station, videogames, o querido facebook e outras tecnologias atuais.

Naquele tempo as crianças podiam brincar nas ruas e praças de nossa cidade e do mundo, o tempo era outro. Podíamos dizer que íamos brincar na rua, com uma única condição: voltar para casa ao anoitecer! Não havia celulares e nossos pais não sabiam onde estávamos.

Brincávamos com amigos de verdade, não amigos da internet. Costumávamos criar os nossos próprios brinquedos e brincar com eles.  Posso afirmar, que nesse tempo, a infância era muito mais desafiadora do que é hoje. A imaginação e a criatividade eram bem maiores.

A gente andava de bicicleta para lá e para cá, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras. Jogávamos futebol na rua, com a trave sinalizada por duas pedras. Ralei joelho, arranquei a tampa do dedão, furei o pé com prego enferrujado. Brinquei de pega-pega, esconde-esconde, passa-anel, morto-vivo, batata-quente, cobra-cega e pulei corda. Meus machucados foram curados com Mertiolate que ardia muito.

Não se falava de obesidade e nem de uso de drogas: maconha, cocaína, crack, etc., era praticamente zero pelas crianças e jovens de todas as classes sociais.

Não se conhecia a palavra bullying, e essas perseguições vergonhosas ainda não era coisa que traumatizava tanto.

Fui um menino dos anos 60 que viajei de Jeep e de Rural. Dentro de uma Rural viajei com meu pai (dirigindo) de João Pessoa para o Rio de Janeiro. Imaginem as estradas em 1967. Brinquei de Forte Apache, em que me sentia o verdadeiro dono de Rim Tim Tim.

É possível que tenhamos estado em fotos a preto e branco, mas não tenham dúvida, são lembranças muito coloridas nessas fotos.

Brincar na rua não impedia que as crianças se divertissem dentro de casa assistindo à televisão, cantando músicas que passavam nas TVs e nos rádios. E o mais importante, somos uma geração única e mais compreensiva, pois somos a última geração que ouviu seus pais.

Quem, como eu, foi criança nos idos dos anos 60 haverá de se lembrar do nosso Super-Herói (muito antes de qualquer Super-Homem, Batman ou Homem-Aranha): National Kid (o primeiro super-herói japonês). Ter curtido filmes de Jerry Lewis e os Três Patetas.

Nos anos 60, tínhamos que ficar acordado até tarde e assistir Bat Masterson para dormir cantando “No velho oeste ele nasceu/ e entre bravos se criou/seu nome lenda se tornou/Bat Masterson/Bat Masterson…”

Infelizmente, os programas infantis foram sepultados nas TV abertas. Isso ocorreu devido a uma portaria Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) que, com o objetivo de pregar o bom samaritanismo em favor das crianças, proibiu toda e qualquer propaganda direcionada à publicidade infantil. Com isso, as principais emissoras não viam mais viabilidade financeira de transmitir desenhos animados para o público infantil.

Só quem viveu a infância é capaz de concordar que ela nunca será substituída pela tecnologia.

Agora paro e pergunto o que será feito das crianças que tiveram suas infâncias negadas roubadas? como elas ficam emocionalmente diante das injustiças e da falta de amor e reconhecimento para com elas?

Infância é uma época de muita inocência e pureza e quando bem vivida vai nos acompanhar e nos ajudar positivamente para o resto da vida e quando mal vivida, também vamos levar seus sintomas para sempre! Como diz um Provérbio Chinês: “O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância”.

Jesus demonstrou para nós sua preocupação pelas crianças com uma abordagem própria. Ele insistiu que seus discípulos recebessem as crianças e que não as atrapalhasse a se aproximarem dele. “Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais; porque o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas.” (Mateus 19:14). As palavras de Jesus em Mateus 19:14 nos lembram da importância das crianças no plano divino. As crianças são preciosas aos olhos de Deus. Elas representam pureza, humildade e fé genuína.

Tem um momento de nossa vida que voltamos a ser criança. Quando tornamos idosos. Não em um sentido literal, mas em termos de certas semelhanças emocionais e comportamentais que podem ser observadas, tais como, a vulnerabilidade e dependência, assim como toda criança é dependente dos adultos para suas necessidades básicas, os idosos podem se tornar mais dependentes à medida que forem envelhecendo.

Apesar de ter 65 anos, ainda não estou nessa fase da vida mas me sinto criança quando estou brincando com meu neto Luquinha e se Deus quiser com meu neto Daniel que ainda está com quatro meses.

Não podemos fugir da realidade. O mundo vem evoluindo e a cada dia, surgem novas tecnologias destinadas à infância. O importante é se divertir e aproveitar essa fase da vida, independentemente de como seja.

Para quem já é adulto e acha que não é mais hora de se divertir, Augusto Cury sugere que: “Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de você!”

Oh! Que saudades que tenho. Da aurora da minha vida. Da minha infância querida. Que os anos não trazem mais! (Casimiro de Abreu).

Viva o dia 12 de outubro quando comemoramos o dia das crianças.