30/09/2025

Todo nordestino é brasileiro mas nem todo brasileiro é nordestino

Já se passaram sessenta e três anos desde o dia em que pisei no solo Nordestino vindo da cidade do Rio de Janeiro. Para mim, que estava com três anos, era indiferente essa mudança de habitar mas para minha mãe, que era carioca da gema, não deve ter sido fácil os primeiros passos.  Meu pai que era Cearense e morou alguns anos na Paraíba, possivelmente não deve ter sentido muito. Inicialmente fomos morar em João Pessoa.

No início da década de 1960, João Pessoa era uma cidade de porte médio com características marcadamente provincianas. O centro da cidade concentrava grande parte das atividades políticas, comerciais e culturais. Áreas como a Praça João Pessoa, a Lagoa (Parque Solon de Lucena), e a Praça Antenor Navarro eram pontos centrais da vida urbana. A expansão urbana era limitada. Bairros como Tambaú e Cabo Branco ainda estavam em fase inicial de desenvolvimento e eram mais afastados do cotidiano da maioria da população.

Nossa primeira morada em João Pessoa ficava localizada no Bairro de Jaguaribe, na Rua Primeiro de Maio. Nos anos 60, o Bairro de Jaguaribe era um dos bairros mais tradicionais da cidade, com forte presença de famílias de classe média e classe trabalhadora. O nome da Rua Primeiro de Maio é uma homenagem ao Dia do Trabalhador.  A rua ainda tinha traços de cidade pequena: calçamento em paralelepípedo, calçadas largas, casas térreas com fachadas simples, muros baixos, e árvores nas calçadas.

Bem, a partir daí começou minha caminhada em solo Paraibano. Fomos morar na cidade de Umbuzeiro, Solânea, Monteiro, Sapé e novamente em João Pessoa. Depois de ter começado minha vida de trabalhador, morei novamente em Sapé e depois fui trabalhar em Sumé. Só que em fevereiro de 1987, finquei residência no Estado do Rio Grande do Norte.

A história nos mostra que no início da década de 1960, o Nordeste do Brasil vivia uma situação bastante difícil, marcada por profundas desigualdades sociais, econômicas e estruturais. A maioria da população nordestina vivia em condições precárias, com baixa renda, pouco acesso à saúde, educação e saneamento básico. A estrutura fundiária era altamente concentrada. Os latifundiários dominavam vastas extensões de terra, enquanto os trabalhadores rurais viviam em regimes quase de servidão, como os “moradores” e “meieiros”. Muitas pessoas começaram a migrar para o Sudeste, especialmente para São Paulo e Rio de Janeiro, em busca de melhores condições de vida. Esse movimento ficou conhecido como parte do êxodo nordestino. Foi nesse período que começaram a surgir no Nordeste as Ligas Camponesas.

As Ligas Camponesas foram organizações de trabalhadores rurais, principalmente assalariados e pequenos arrendatários, que surgiram com o objetivo de lutar por melhores condições de vida no campo, como: salários dignos, fim da exploração por parte dos grandes fazendeiros (latifundiários), acesso à terra (reforma agrária), educação e saúde no meio rural.

Apesar das primeiras ligas terem surgidas na década de 1950, na zona da mata de Pernambuco, uma região dominada por engenhos de cana-de-açúcar, elas começaram ter força no Estado da Paraíba no início da década no município de Sapé e no Brejo paraibano.

Mesmo com pouca idade, me lembro quando em 1964 quando estávamos viajando de ônibus de Umbuzeiro para João Pessoa, fomos parado na estrada por uma galera da liga camponesa da região. Todos os passageiros foram obrigados a descerem do ônibus mas depois deixaram que continuássemos a viagem.

No movimento militar de 1964 as Ligas Camponesas foram consideradas comunistas e subversivas. Seus líderes foram perseguidos, presos ou mortos. A repressão foi brutal, com assassinatos de camponeses e destruição de suas organizações.

Na verdade, desafios sempre fizeram parte da vida do nordestino. Porém, apesar das características climáticas da região, preconceitos e julgamentos infundados, condições socioeconômicas frequentemente desfavoráveis, falta de políticas públicas adequadas para desenvolvimento sustentável, o nordestino nunca perde a esperança e a fé e luta por dias melhores. São conhecidos por sua capacidade de superar obstáculos e de se reinventar.

A figura do nordestino começou a ser formada pela produção literária com personagens como: o cangaceiro, o jagunço, o coronel, o flagelado, o retirante, o beato, o romeiro. Estereótipos que ligam o nordestino com elementos de uma sociedade rural, atrasada, pobre, rústica, de relações sociais violentas e discriminatórias.

O modo de falar, os sotaques e as expressões regionais nordestinas são frequentemente alvo de chacota, mesmo sendo parte fundamental da riqueza cultural brasileira. Tenho certeza, quando o oxente e o bater um baba do baiano, o vote e o a migué do sergipano, bregueço e o gastura do cearense, o visse e o abestalhado do pernambucano, abilobado e o arribar do paraibano, o mangar e o peidado do alagoano, o triscar e o vai pra caxaprego do maranhense, moido e o ingembrado do piauiense, o eita píula e o bexiga taboca do potiguar forem vistos como riqueza cultural, o preconceito linguístico não terá mais vez.

Infelizmente com o aumento do uso das redes sociais, a discriminação ficou mais visível. Em período de eleições, por exemplo, nordestinos frequentemente são atacados por suas escolhas políticas, Como se fossem menos capazes de decidir por si mesmos. Dói o coração, a alma, a mente e o espírito, quando se ouve, se assiste, ataques ao povo, as culturas, aos sonhos, as ideias, as expressões, as esperanças e os sentimentos do povo do Nordeste do Brasil. Tais ataques partem de seres humanos ignorantes, que não conhecem e não vivem as belezas da vida.

A partir da década de 1930, mas principalmente entre as décadas de 1950 e 1980, milhões de nordestinos migraram para São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados do Sul e Sudeste do pais, em busca de trabalho e melhores condições de vida. Foi justamente os braços fortes dos nordestinos que ajudaram a erguer prédios, construção dos metrôs, pontes, viadutos e as grandes obras públicas nos Grandes Centros. Cada tijolo, cada calçada, cada fundação tem ali um pouco de Pernambuco, um pedaço da Paraíba, o sotaque do Ceará, o suor do Maranhão. Não tem como olhar para esses Grandes Centros e não enxergar a mão dos nordestinos. Mas, nem tudo foram flores. Muitos passaram a viver em favelas, cortiços e em condições precárias, enfrentando o preconceito, xenofobia e exclusão social. Foram chamados de “retirantes”, “pau-de-arara”, de “cabeças-chatas”, de “bicho do mato”, “terra seca”. Em São Paulo, por ter recebido fortes migrações da Bahia, todos os nordestinos da região passaram a ser taxados pejorativamente como “baianos” e no Rio de Janeiro, passaram a ser chamados de “paraíbas”. O preconceito era duro, mas não mais do que a vida que já conheciam.

Apesar de todo esse preconceito, em 08 de outubro de 2009, foi criada em São Paulo a data para celebrar o Dia do Nordestino, em homenagem ao centenário poeta e repentista cearense Patativa do Assaré. A lei 14.952/09 que instituiu a data em São Paulo, tinha como objetivo homenagear os nordestinos que vivem e contribuíram para a cidade. A data se espalhou por todo o Brasil, tornando-se um dia para celebrar a rica cultura e diversidade da região Nordeste.

Celebrar o Dia do Nordestino é comemorar a cultura de um povo forte e trabalhador, que, apesar das dificuldades, está sempre pronto para enfrentar os desafios com sabedoria e criatividade. Povo arretado, que não foge da luta, que respeita uma tradição e que vive numa região de mil encantos e paisagens.

Viver no Nordeste é habitar um lugar de tradições vivas, cores vibrantes, sotaques, ritmos contagiantes e sabores marcantes, onde a festa é parte do dia‑a‑dia e a história é contada em versos, danças e rituais.

Podemos afirmar que a região Nordeste do Brasil é uma terra abençoada por Deus. As praias nordestinas estão, sem dúvidas, entre as mais belas do Brasil e do mundo.

Aqui a riqueza humana é visível. Povo bom, acolhedor, resistente, sábio, seguem construindo uma cultura repleta de beleza. É a esperança que vence o medo em terras nordestinas.

Existem várias lendas, mitos, encantamentos, folclore, que fazem do Nordeste um lugar mágico no qual a utopia, os sonhos, as fantasias, a imaginação e as belezas da mente humana transformam o mundo em um lugar bom para ser vivido.

O jeito de falar, a oralidade, o modo de se comunicar, as expressões, os gestos, os olhares, de homens e mulheres do Nordeste brasileiro, são sinais de uma singularidade única. Singularidade esta que encanta o mundo.

A cultura do Nordeste apresenta características próprias herdadas da interação da cultura dos colonizadores portugueses, dos negros e dos índios.

As manifestações artísticas do nordestino são ricas e diversificadas, refletindo a história, a cultura e a identidade da região. Elas incluem diversas formas de expressão, como festas populares, danças, músicas, literatura, artesanato e culinária

A sua culinária é saborosa e variada. Será que existe um Nordestino que não gosta de um cuscuz com carne de sol, buchada de bode, feijão-verde, baião de dois, tapioca, acarajé, bobó de camarão, moqueca de peixe, sarapatel, sururu, macaxeira (aipim), pamonha e a canjica?  Como diz a música "É de Dar Água na Boca" composta por Nando Cordel e Amelinha.

Assim como a culinária, não podemos esquecer da enorme diversidade de frutas, como araçá, seriguela, manga, graviola, cajá, umbu, macaúba e buriti.

É uma terra de músicas e ritmos diferenciados como o forró (xaxado, baião, xote), frevo, maracatu, o brega. Falar sobre frevo, imediatamente nos faz lembrar do pernambucano porque o frevo é uma manifestação cultural enraizada em Pernambuco. O frevo domina o carnaval em Recife e Olinda, com suas orquestras de metais, multidões nas ruas e blocos como o famoso Galo da Madrugada.

Também existem os repentistas que são os cantadores que divulgam a poesia popular da cultura do Nordeste. Que criam músicas e vão pelas ruas cantando e tocando sobre sentimentos e costumes, sempre com o uso de gírias e expressões típicas.

Temos que exaltar a força da literatura nordestina pela sua autenticidade, resistência e na forma como expressa os sentimentos do povo nordestino com relação a seca, as desigualdades sociais, a fé, e a luta pela sobrevivência.

O Nordeste é o berço de Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Gonçalves Dias, José de Alencar, Manuel Bandeira e Ariano Suassuna entre outros.

Não podemos esquecer da Literatura de Cordel. Ela combina poesia popular, oralidade, tradição regional e expressão artística de um jeito muito próprio. O cordel fala de causos do sertão, personagens populares, lendas, religião, política, amor, tragédias e até fatos do cotidiano. Tudo com o olhar crítico, bem-humorado ou poético do povo nordestino.

Como não falar do artesanato. O artesanato é uma importante fonte de renda e de manifestação cultural do Nordeste. Estamos falando redes de tear, rendas, crivo, artigos de couro, cerâmica, objetos de madeira, argila e frasco com imagens feitas de areia colorida.

Neste momento tenho que destacar as mulheres rendeiras. Me faz lembrar da música “Mulher rendeira” que tem origem popular e anônima, mas ficou nacionalmente conhecida através da figura de Lampião, o famoso líder do cangaço, onde dizia: “Olê, mulher rendeira. Olê, mulher renda. Tu me ensina a fazer renda. Que eu te ensino a namorar”. Elas representam não só uma tradição artesanal passada de geração em geração, mas também a força e resistência da mulher nordestina, que transforma fios e paciência em verdadeiras obras de arte. A renda de bilro, a renda renascença, a labirinto e outras técnicas são passadas de mãe para filha, garantindo a continuidade de um patrimônio imaterial brasileiro.

Em fim quero muito agradecer a Deus por me ter conduzido a vir morar neste querido Nordeste. Essa terra que me adotou e que eu tenho muito orgulho. Viver no Nordeste é dançar com o vento do sertão, sorrir com o calor do sol e se encantar com cada verso do coração.

Mesmo sabendo que não sou poeta nem cantador me arrisco a utilizar de algumas expressões do nordestino em um texto de humor:

“Eita píula. Tá com a moléstia. Esse galego boca de suvela que é um fi duma égua está voltando. Além de fuleiro gosta de mangar de todo mundo. Às vezes parece um abestalhado mas na verdade é muito de um cabra safado. Um afolozado. Mora onde o cão perdeu as botas, no quinto dos infernos. Na baixa da égua. Mas não deixa de vir aqui malamanhado para fazer marmotagem quando esta brocado ou chei dos pau. Sempre cria o maior balaio de gato. Só vem fazer pantim. Além de tudo é buliçoso.  Quero que ele vá para pra caixa prego. Dizem que ele é amancebado com uma catraia. Era uma biscaiteira. Ele tirou ela do beréu quando ela embuchou dele. O pior que menino que nasceu é cagado e cuspido a ele. Pense numa mulher cambão. As pernas são dois cambitos e um cu de novelo. Daqui algum tempo vai lhe colocar um chapéu de touro. Mas, apesar peidado, o filho do cabrunco é um cara arretado principalmente quando batemos um baba. Arenga o tempo todo. E é arrochado mesmo sendo batoré. Uma vez levou um murro que quebrou o pau da venta. Dessa vez ele se lascou. Na hora da briga peguei o beco. Bem, quem gaba o sapo é jia. Ó paí”.

Concluo lembrando de uma frase do poeta Guibson Medeiros; “Todo nordestino é brasileiro.  Mas nem todo brasileiro é nordestino”

07/06/2022

Querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil!

Nas décadas de 70, 80 e 90 o automobilismo brasileiro ganhou destaque mundial com Emerson Fittipaldi, Nelson Pique e Ayrton Senna. Porém, foi o piloto Ayrton Senna, que no final dos anos 80 e início dos anos 90, com seu tricampeonato mundial, deixou registrado seu nome na história como um dos maiores representantes do esporte do Brasil, podemos até dizer, do mundo.

Senna colecionava pódios em sua carreira, tendo o total de 80 pódios, onde 41 destes foi consagrado com a vitória. Em suas vitórias, o piloto carregava com orgulho a bandeira nacional em mãos, mostrando o poder do automobilismo brasileiro. Infelizmente, sua vida e carreira foram interrompidas devido a um acidente de carro em 1° de maio de 1994, no GP de San Marino, na Itália.

Esse ato de carregar a bandeira nacional, exaltava em todos brasileiros o sentimento de patriotismo. Lembramos que patriotismo é o sentimento de orgulho, amor, devolução e devoção à pátria, aos seus símbolos (bandeira, hino, brasão, riquezas naturais, patrimônios material e imaterial, os heróis de sua história, dentre outros) e ao seu povo. É razão do amor dos que querem servir o seu país e ser solidários com os seus compatriotas.

Será que os brasileiros ainda sabem o que são símbolos nacionais? Pois bem, para quem não se lembra, conforme descritos, na Constituição Federal, os quatro símbolos oficiais que representam o Brasil e a identidade da nação no mundo, são: a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais (ou Brasão Nacional) e o Selo Nacional.

O Patriotismo, luta para que esses símbolos sejam preservados, valorizados e transmitidos, tudo isso, aliado à construção de uma sociedade presente e melhor.

O conceito de patriotismo e nacionalismo são coincidentes, ao ponto de confundirem-se os conceitos originais. Patriotismo, remete à herança cultural e aos símbolos de uma nação, enquanto nacionalismo remete à ideia de país e sua organização política. Ou seja, o nacionalismo envolve um certo grau de patriotismo, mas é algo ligado ao compromisso, com um projeto político.

Já o patriotismo autêntico, transcende interesses políticos e partidários imediatos, e envolve o amor autêntico por toda a bagagem cultural de uma nação.

O Patriotismo está acima do amor por um governo ou partido específico, e engloba o amor por todo o conjunto de valores, tradições e gestos, que um determinado povo comporta.

O nacionalismo pode ser combinado com diversos objetivos e ideologias políticas, tais como o conservadorismo (conservadorismo nacional e populismo de direita) ou o socialismo (nacionalismo de esquerda).

Na prática, o nacionalismo pode ser positivo ou negativo, dependendo da sua ideologia e dos seus resultados.

A ideia de Nacionalismo, tem precedentes no período medieval, no momento em que as monarquias absolutistas promoveram a centralização dos reinos.

É a partir da Revolução Francesa, que surge o Nacionalismo na configuração que hoje se tem. Ele motivou guerras, como as Napoleônicas, e processos de independência ou unificação como nos casos dos Estados Unidos, da Alemanha e da Inglaterra.

O nacionalismo que vemos hoje, nas democracias consolidadas é muito diferente daquele da Alemanha nazista e do Brasil dos anos 30. Afinal, o mundo está muito diferente. Não tão presente no culto aos símbolos, como o hino e a bandeira.

O nazismo, é o exemplo máximo de uma das mais emblemáticas características do nacionalismo: a anulação das diferenças. Neste caso, houve uso da força física para exterminar algumas parcelas da população (judeus, ciganos e homossexuais) e forjar uma nação “sem diferenças”.

O nacionalismo no Brasil, está diretamente relacionado ao período de governo de Getúlio Vargas, principalmente no período da ditadura do Estado Novo, quando era presidente no Brasil. O Estado Novo, foi de 1937 a 1945 e tinha como principais características o anticomunismo, o autoritarismo e o nacionalismo. Vargas incentivava o nacionalismo de diversas formas, desde a implementação de políticas populistas, a utilização de propaganda do seu governo, a extrema valorização do território brasileiro.

Durante o regime militar brasileiro, o nacionalismo também foi bastante incentivado, por meio de campanhas ufanistas para conquistar a simpatia da população. Assim, surgiram os slogans “Ninguém segura este país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”, além das músicas com refrão “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil”, “Este é um país que vai pra frente (…)”.

O hino da Copa de 1970 era cantado pelo país: “noventa milhões em ação, pra frente, Brasil do meu coração (…) Salve a seleção”. A ideia, era a de contagiar a população em torno de um mesmo objetivo: amar a sua nação. E deu certo, pois a vitória da Seleção Brasileira Masculina de Futebol, na primeira transmissão ao vivo de uma Copa do Mundo, levou grande parte do país às ruas para cantar versinhos patrióticos, o que foi uma grande vitória para a ditadura militar.

Muitos consideram que a maioria do povo brasileiro, não é nacionalista, ou só demonstra amor pela nação na altura de grandes competições esportivas, como a Copa do Mundo.

Historicamente, o povo brasileiro, nunca teve que se unir contra uma ameaça externa, como aconteceu em outros países. Mesmo quando o Brasil conquistou a independência, essa conquista foi alcançada para o benefício de um pequeno grupo, que lutava pelos seus interesses. Muitos acreditam, que por esse motivo o nacionalismo não foi fomentado no Brasil.

Voltando aos símbolos nacionais, podemos defini-los como “elementos gráficos ou musicais destinados a representar um Estado bem como uma nação que vive dentro dos seus limites” indicando a sua soberania.

De muito, os povos demonstraram uma tendência natural de se tornarem conhecidos, através de desenhos ou combinações de cores, detalhes que evoluíram até atingir a situação de bandeiras e escudos. Realmente, diferentes comunidades, em épocas remotas, elegeram desenhos que permitiam identifica-las.

Os símbolos nacionais são elementos que representam a nação e os fundamentos constitucionais: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Os nossos símbolos nacionais atuais, são definidos pela Lei 5700 de 1° de setembro de 1971.

Lembrando novamente, da atitude do nosso Ayrton Sena do Brasil, carregando a bandeira nacional em mãos, quero ressaltar que as Bandeira Nacionais, simbolizam a soberania de uma nação, representando sua história, seus valores, suas lutas e uma infinidade de outros elementos e sentimentos de um povo em relação ao seu país. Isto é, as Bandeiras Nacionais, emblemam o sentimento de pertencimento a uma nação, mas, para além disso, simbolizam o patriotismo: o sentimento de amor, orgulho e devoção à pátria. Portanto, é respeitável que recordemos um pouco da história da bandeira do Brasil, a fim de que entendamos sua origem e seu sentido originário, nem sempre mantidos nos discursos da atualidade política.

Por mais de um século, as cores que representavam nosso país eram o branco e o vermelho. Isso porque, até 1645, o Brasil utilizava os mesmos símbolos nacionais que nossa metrópole, Portugal, sendo comum encontrar nas bandeiras anteriores brasões, coroas e escudos, que representavam a família real portuguesa.

A bandeira Imperial do Brasil, criada e adotada após a Independência do Brasil, trazia os traços de nosso atual pavilhão nacional.

A atual Bandeira Nacional do Brasil, foi criada pelo filósofo e matemático Raimundo Teixeira Mendes e pelo filósofo Miguel Lemos, sendo inspirada na antiga Bandeira do Império que foi desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret sendo utilizada oficialmente pela primeira vez em 19 de novembro de 1889, apenas quatro dias após a Proclamação da República.

O que distingue a nossa bandeira é a original disposição do losango amarelo sobre o campo verde. Nenhum outro pavilhão nacional, no mundo, apresenta desenho igual ou parecido ou tem o verde e amarelo como cores principais ou únicas. Essa concepção, foi projetada pelo artista francês Jean Baptiste Depret, que se inspirou nas bandeiras militares da França, usadas no tempo da Grande Revolução e na época Napoleônica, delas reproduzindo o modelo ornamental em estilo império, constituído por um losango inscrito num retângulo.

Apesar de ser famosa a história de que a Bandeira do Brasil, representa nossas riquezas naturais e minerais - o amarelo seria o ouro, o verde, nossas florestas e o azul, nossos mares, na verdade a bandeira representa nosso atual sistema político, a República.

Prova disso, é que as estrelas da bandeira representam a divisão do país nos 26 Estados e mais o Distrito Federal.

Na verdade, a cor verde representa a Casa de Bragança, da família real portuguesa, e a cor amarela representa os Habsburgos, a família da imperatriz Leopoldina. O lema escrito na bandeira, "Ordem e Progresso", tem inspiração em uma frase de Augusto Comte, criador da filosofia positivista, que diz: "O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim".

A Lei nº 5.700, de 1971, dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais. Sendo bem específico a Bandeira Nacional, no Art. 31 da referida Lei, considera manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas: apresentá-la em mau estado de conservação, mudar-lhe a forma, as cores, as proporções, o dístico ou acrescentar-lhe outras inscrições, usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar e reproduzi-la em rótulos ou invólucros de produtos expostos a venda. Todavia, apesar do artigo 35 da referida Lei, prevê, que “a violação de qualquer disposição desta Lei, é considerada contravenção, sujeito o infrator à pena de multa de uma a quatro vezes o maior valor de referência vigente no País, elevada ao dobro nos casos de reincidência”, com a revogação do Decreto-lei n. 898, de 1969 que definia como delito o ato de e “destruir ou ultrajar a bandeira, emblemas ou símbolos nacionais, quando expostos em lugar público”, com pena de detenção de 2 a 4 anos para quem o fizesse, queimar ou insultar a bandeira nacional passou a não ser mais crime. Em resumo, as Leis do Brasil não protegem totalmente a Bandeira Nacional.

Após a descrição de todas as normativas referentes a Bandeira Nacional, faço o seguinte questionamento: Por que os brasileiros que se consideram tão patriotas, muitos não valorizam seus símbolos nacionais, principalmente a Bandeira Nacional?  O que vemos atualmente no Brasil é um desrespeito total a este amado Símbolo Nacional. Um símbolo só tem legitimidade, enquanto sua forma e conteúdo são integralmente respeitados.

Na minha opinião, o Brasil hoje, enfrenta um perigoso processo de extinção do que é seu Patriotismo. Verifica-se hoje uma tendência crescente de apropriação de símbolos nacionais por movimentos político-partidárias no Brasil. Pior ainda em manifestações ocorridas que atearam fogo na Bandeira Nacional e ultrajam os Símbolos Nacionais.

Triste lembrar, torcedores jogando bandeirinhas em direção ao campo, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, no jogo contra a Colômbia, bem como, na final da Copa de 1998, em que o Brasil perdeu a final contra a França em placar de 3×0. 

O Brasil, tem passado por mudanças dentro e fora dos esportes nos últimos anos, mas a bandeira nacional, tem que ser utilizada como símbolo de esperança para torcedores e esportistas, em todas as modalidades.

Todo cuidado é pouco na hora de se manifestar nas ruas. E aqui não há opção entre cumprir ou não cumprir as determinações legais. O que menos importa é que o indivíduo pensa, seja doutrinador ou não, patriota ou apátrida, de qualquer posição do campo de pensamento, seja qual for a ideologia seguida, pois a lei está em vigor.

É importante que a Bandeira Nacional, do Brasil seja um símbolo de união de todo o povo brasileiro, longe de se restringir apenas a algumas convicções políticas. Ela é o símbolo do patriotismo, que todo brasileiro deve carregar consigo, congregando o nosso povo. O amor e orgulho que temos de nossa Pátria e que nos faz arrepiar quando se ouve a execução do Hino Nacional, ou vislumbramos com o tremular altaneiro da Bandeira Nacional.

É preciso refletir acerca do tema, a fim de que o sentido originário deste símbolo nacional, seja lembrado e preservado, independentemente de ideologias político-partidárias.

Desta forma, sugerimos o respeito, e sobretudo, ordem e progresso na Pátria Amada, para que tenhamos lindos campos e mais flores, que reconheçamos, paz no futuro e glória no passado, nesse gigante Torrão pela própria natureza, forte, belo, encantador, fenomenal, impávido colosso, Terra adorada Brasil, e que a luz do cruzeiro possa resplandecer sempre, riscando os céus dos mais belos horizontes, pois já raiou a liberdade no horizonte do Brasil, abrindo as asas sobre todos, das lutas na tempestade.

Desta feita, recebe o afeto que se encerra em nosso peito varonil, querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil!