30/07/2025

Escrevemos nosso nome em apenas alguns segundos, mas para construí-lo levamos a vida toda

Se pararmos para pensar sobre todas às coisas que de alguma forma escolhemos na vida, tais como: religião, profissão, clube de futebol, parceira matrimonial, amigos, instituições, etc., podemos lembrar que o nosso nome e sobrenome, que ganhamos antes mesmo de nascer e carregamos para depois de nossa morte, não fomos nós que escolhemos. Porém, situações envolvendo nome e sobrenome sempre afetam a nossa personalidade, seja positivamente ou negativamente. Podemos dizer que o nome é a primeira referência de um ser humano. É o que antecipa, precede e aparece anunciando a pessoa, é o que identifica e torna conhecido o ser humano. Não tenhamos dúvida que o nosso nome é importante para nossa dignidade e cidadania.

O que responderíamos se alguém nos perguntasse se gostamos do nosso nome? Muitas pessoas vão responder com um sonoro NÃO!  Na verdade muitas pessoas não se sentem bem com os nomes que foram escolhidos no registro de nascimento.

Os brasileiros já são conhecidos pela criatividade e com os nomes das crianças que nascem aqui não seria diferente. Seja por excesso de imaginação, erros de digitação, combinações inusitadas ou ruídos de comunicação, o país acabou por reunir uma série de nomes que são, no mínimo, originais. Alguns exemplos: Agrícola Beterraba Areia, Amin Amou Amado, Aricléia Café Chá, Chevrolet da Silva Ford, Restos Mortais de Catarina, Remédio Amargo, Otávio Bundasseca, Maria-você-me-mata, Janeiro Fevereiro de Março Abril,etc. A relação é bastante longa.

Lembrando que, um dos fundamentos do direito civil, a dignidade da pessoa, é um dos principais motivos para a solicitação da mudança de nome ou sobrenome.

O Brasil, adota o princípio da Imutabilidade, relativa do nome, ou seja, o nome pode ser modificado em casos previstos na lei ou por decisão judicial. Isto porque entende-se que este deve ser escolhido pelo titular, mas todos sabemos que não é bem assim que funciona. São nossos pais ou responsáveis que, no momento do registro de nascimento, escolhem nosso nome.

Algumas situações a Justiça brasileira permite a alteração do nome, podemos citar como exemplos: a correção de erros de grafia (letras trocadas ou repetidas; alteração de nome para indivíduos transexuais, nomes inusitados feita pelos pais, que pode acarretar transtornos no âmbito moral para vida de um indivíduo, nomes que expõem as pessoas ao ridículo, ao vexame, constrangimento ou que seja exótico.

Em Portugal, alguns nomes que são comuns no Brasil, são proibidos de serem colocados nos bebês, se tiverem algumas modificações. Por exemplo, Thiago, é recusado em Portugal, pois a letra “h” não tem valor fonético na língua portuguesa e é considerada uma grafia estrangeira, A forma aceita é Tiago. Outro exemplo é Izabella. A grafia “z” e o uso “ll” são considerados estrangeiros. Todavia Isabela é permitido usar. Também não é aceito Matheus, com “th”.

A fim de evitar que as pessoas passem por situações vexatórias, alguns nomes são impedidos por lei de serem registrados em alguns países. Adolf Hitler é proibido, por exemplo na Alemanha e Portugal, por motivos históricos.  Nenhuma Sarah é registrada no Marrocos. Pela cultura local, a presença da letra H ao fim do nome dá a ele um aspecto hebraico, o que não é permitido no país.

Mas todo mundo precisa, além do nome, de um sobrenome. Segundo alguns pesquisadores, temos de agradecer aos romanos por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos ergueu um império com a conquista de boa parte das terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou prenome (do latim praenomen), um nome (ou nomen), tendo em vista que o Império Romano crescia e eles precisavam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar onde tinha nascido. Com a decadência do Império Romano, essa prática foi se enfraquecendo até que, na Idade Média, os sobrenomes caíram em desuso e às pessoas passaram a ser chamadas apenas pelo seu prenome. Somente no século 11 que os sobrenomes voltaram a ser usados e passaram a ser obrigatórios.

No entanto, o primeiro grande passo em direção a um sistema de sobrenomes de massa se deu por uma disposição do Concílio de Trento (1564), que tornava imutável, obrigatório e transmissível o sobrenome. Isso para facilitar a cobrança de impostos, mas principalmente para evitar casamentos e uniões entre consanguíneos. Como poderia repassar uma propriedade a um herdeiro sem que sua descendência fosse comprovada?

Novamente, os sobrenomes não foram inventados do nada. Os homens passaram a escolher sobrenomes que tinham a ver com seu lugar de nascimento ou moradia. Alguns portugueses ganharam o sobrenome de Coimbra, Lisboa, Resende ou Alcântara (cidades do país). Um sobrenome poderia também ser originado através de questões de natureza geográfica.  Nesse caso, o “João da Rocha” teve o seu nome criado pelo fato de morar em uma região cheia de pedregulhos ou morar próximo de um grande rochedo. O sobrenome Fernandes, ou por exemplo, significa ‘filho do Fernando’. Outros escolheram sobrenomes que se referiam a características físicas e de personalidade, como Louro, Calvo e Severo. Também tiveram; houve aqueles que adotaram sobrenomes ligados a atividades desenvolvidas pela família, como é o caso de Ferreira que, provavelmente, é uma referência à profissão de ferreiro.

Outros estudiosos do assunto também acreditam que alguns sobrenomes apareceram por conta da fama de um único sujeito. Sobrenomes como “Severo”, “Franco” ou “Ligeiro” foram criados a partir da fama de alguém que fizesse jus à qualidade relacionada a esses adjetivos. Sem dúvida, muitas pessoas já tiveram a oportunidade de desenvolver um diálogo como esses: “Ei! você conhece o fulano?”; “Que fulano?”; “Fulano de Sousa, Guimarães ou Rocha?”.

Lembramos que antigamente, era costume os filhos serem registrados apenas com o sobrenome paterno. O meu pai foi um exemplo disso, todavia o que pude historiar, parece que foi esquecimento do meu avô.

Temos um terceiro elemento que faz parte, do dueto nome e sobrenome. Chama-se “Apelido”. Etimologicamente falando, apelido vem do latin, appelitare, colocar pêlo sobre algo. Apelido significa por sinonímia, alcunha – denominação ou qualificativo. Não se sabe ao certo quando surgiram, mas acredita-se que existam há centenas de anos. Possivelmente, estão ligados à origem dos sobrenomes. No passado, eram os apelidos que ajudavam a diferenciar o nome das pessoas. Havia os que recebiam um apelido por causa da profissão, como por exemplo, Barbeiro. Um lenhador podia ser chamado de Pinheiro e um caçador de Raposo ou Lobo. Na França, eram comuns nomes como Fritier, que significa vendedor de peixe frito.

A característica física e a personalidade eram outras formas de nomear. O rei Pepino, o Breve, que governou os francos dos anos 751 a 768, era baixinho; por isso, o apelido. Ricardo I, que reinou na Inglaterra no século 12, foi chamado de Coração de Leão, pois era considerado muito corajoso.

Para os portugueses e espanhóis, a palavra apelido é o que no Brasil chamamos de sobrenome.

No Brasil é comum chamar as pessoas com apelidos. Esse é mais um costume herdado da escravidão. As relações familiares dos escravos não eram reconhecidas pela lei. O casamento, o pátrio poder eram institutos exclusivo da população branca. Assim, não havia nome de família para escravos. Não havia uma regra explícita para se colocar os nomes nos escravos. O senhor colocava formalmente um nome português, quase sempre em homenagem a um santo de devoção, ou o santo do dia do nascimento. Mas eles eram conhecidos na comunidade pelos nomes que as mães lhes davam. Era muito comum que as pessoas se referissem aos negros como o "negro José", o "negro Antônio", para distinguir do nome de outro José ou outro Antônio

Outro fato interessante era realmente mais comum antigamente às pessoas serem chamadas por apelidos do que hoje no Brasil. Você, muita vez, conhecia a pessoa pelo apelido: Mazzaropi, por exemplo, era um cara que tinha a cara de caipira de queixo grande, Braço de manivela, Pelezinho, Careca, Cabeleira, Magrão, Galego, Boneco da Michelan, Vassourinha, etc. O gozado era que a gente não sabia o nome de certidão de nascimento. Já o hipocorístico é uma forma carinhosa de apelidar as pessoas: Nanda (Fernanda), Bastinho (Sebastião), Bia (de Beatriz), Leninha (Helena), Quinzinho (Joaquim), Bel (Isabel), Betinho (Roberto, Adalberto).

Nos países de língua espanhola em geral, Francisco tem o apelido de Paco ou Paquito. Chico, em espanhol, significa pequeno.

Infelizmente, praticamente todas as pessoas já receberam, pelo menos uma vez na vida, algum tipo de apelido, esses podem ter origem na família, no trabalho, porém o lugar onde mais acontece é na escola. Reconhecido popularmente como brincadeira de criança, o apelido circula em todos os ambientes onde existem relações humanas, na família, na escola, na rua, nos ambientes de trabalho, nos clubes, nos grupos de amigos e em muitos outros meios.

Geralmente nas escolas, os apelidos surgem nos primeiros contatos, especialmente quando entra um aluno novo oriundo de outra cidade, estado que apresentam características distintas como o modo de falar, o que gera piadinhas e situações constrangedoras.

É preciso tomar muito cuidado ao criar apelido para alguém. Quando está ligado às características físicas, por exemplo, pode ser bullying (conjunto de agressões repetitivas que humilham e magoam). Bullying é uma expressão inglesa usada para designar atitudes de violência de caráter físico ou psicológico, de forma intencional e repetitiva, geralmente o ato é executado pelo “valentão” ou um grupo que tem como intuito agredir outra pessoa.
Os casos de bullying começam muito mais silenciosos e, por isso, são mais graves. Quem sofre a agressão não conta nem na escola nem na família, mas começa a mudar o comportamento, como por exemplo: queda no rendimento escolar, faltas na escola, e inclusive isolamento.

É importante os pais conversarem com seus filhos para saber se está dando apelidos pros colegas. Pergunte pra ele se o colega gosta do apelido. Dê algum exemplo pra fazê-lo exercitar a empatia, colocar-se no lugar do outro, todos os pais deveriam fazer isso.

Um em cada dez estudantes brasileiros é vítima de bullying – anglicismo que se refere a atos de intimidação e violência física ou psicológica, geralmente em ambiente escolar.

Entre o consentimento e o não consentimento em receber o apelido existe uma linha tênue que torna esta forma de tratamento repleta de indefinições nos sentimentos de quem recebe o apelido.

O bullying não é caracterizado pela frequência, mas pela covardia. Os agressores escolhem pessoas que dificilmente revidarão. Brincadeira em que só você pode rir, ou que o outro nunca terá a chance de dar o troco não é brincadeira. É bullying.

Sensações de mal-estar ocorrem quando o apelido vem carregado de sentido pejorativo, torpe, depreciativo com a intenção de desprezar, desvalorizar, menosprezar, desdenhar, zombar, ridicularizar, rebaixar o apelidado. Se acatado pelo grupo, seus efeitos se agigantam exponencialmente.

Nunca podemos esquecer que o apelido pejorativo caracteriza alguém, descaracterizando-o. O apelido pejorativo fere, magoa e humilha.

Dentro desse contexto entendemos que é importante chamar as pessoas pelo nome e não pelo apelido. Apesar de ser um gesto simples, chamar alguém pelo nome é algo muito poderoso, pois faz com que as pessoas se sintam bem e valorizadas pelo outro. Essa, nada mais é do que uma maneira de demonstrar ao interlocutor que ele é único e que você se importa.

Um nome não serve apenas para que se distinga um elemento dos demais. É, acima de tudo, um traço de identidade, de individualidade, de unicidade.

Finalizamos lembrando de uma frase de Diego C. Maia:  "Escrevemos nosso nome em apenas alguns segundos, mas para construí-lo levamos a vida toda”.

22/06/2023

A Educação é a única arma capaz de libertar os desfavorecidos da servidão

chargesdodenny blogspot com

Durante cinco anos de minha vida de labuta, tive a oportunidade de ensinar em colégios Estaduais, da rede de ensino da Paraíba. Sem sombra de dúvida foram grandes experiências e desafios que tive, principalmente por ter ensinado a matéria de Física a muitos estudantes com pouco conhecimento em matemática. Mas isso não me desanimava, pelo contrário, era um incentivo de continuar com minha missão. Apesar da minha vida profissional paralela, a minha presença em sala de aula, além de obrigação, era mais uma forma de ensinar que a responsabilidade com os compromissos assumidos faz parte de nossa vida. Confesso que, nesse período de ensino, não me lembro quantas vezes fiquei ausente da sala de aula.  Era para mim uma grande alegria quando nos dias que tinha que cumprir minha missão, no ultimo horário, encontrava a sala cheia de alunos, mesmo quando nos primeiros horários os mesmos não tivessem tido aula.

Gostava sempre de dizer aos alunos que a Física era a ciência da natureza, pois se dedica a estudar a natureza e os elementos que a compõe, buscando compreender as interações exercidas entre as forças presentes no universo e o resultado produzido nessas relações.

Na minha opinião, pelo fato do professor ter o papel de formador de cidadãos, torna-se a mais importantes profissão para a sociedade.  Desde que o mundo é mundo, o professor é o único profissional que forma todas as outras profissões. Ninguém é médico, dentista, advogado, engenheiro, doutor, sem passar pelo carinho, pela atenção e pelo amor de um professor.

Segundo historiadores, na história da humanidade, os sufistas foram os primeiros professores profissionais do Ocidente. Neles está a origem da docência. Eles recebiam essa denominação porque percorriam as cidades, se deslocando de um lugar para o outro, Atuaram durante a Grécia Antiga, em um período em que os cidadãos estavam muito interessados em aspectos da vida pública e política. Por isso, seus ensinos, que envolviam a argumentação pública, retórica e oratória, encontrou tantos adeptos. É importante ressaltar que o trabalho realizado pelos sufistas não era gratuito. Todas as aulas eram concedidas mediante pagamento.

Em nosso amado Brasil, o jesuíta português Vicente Rijo, foi o primeiro professor. Nascido no ano de 1528 às margens do Rio Tejo, com o nome de Vicente Rodrigues, ingressou na Companhia de Jesus e fez parte do primeiro grupo de jesuítas enviados ao Brasil, chegando à Bahia em 29 de março de 1549. Na literatura educacional brasileira, poucas referências encontramos referente a figura de Vicente Rijo Rodrigues, primeiro mestre da escola do Brasil. Primeiro sacerdote da Companhia de Jesus a ser ordenado em terras brasileiras e igualmente primeiro a instalar uma escola jesuítica no continente americano.

Por este tríplice pioneirismo, cabe a Vicente Rodrigues honroso lugar de destaque, tanto na História da Educação Brasileira, quanto na própria História da Igreja, em nosso país.

As poucas referências a sua pessoa vamos encontrar em três obras do historiador Serafim Leite: Novas Páginas de História do Brasil, História da Companhia de Jesus no Brasil  e Monumenta Brasiliae.

Em 1553, chegava ao Brasil o padre José de Anchieta. Sua missão foi ensinar aos índios sobre o cristianismo. No entanto, ele também aprendeu o guarani, língua falada na época e que fazia parte da cultura indígena. Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua tupi, e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopeia.

Existe uma profunda diferença, entre dar aula e ser professor. Dar aula é uma atividade, mas ser professor é muito mais do que isso. Ser professor é, muito antes de ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor. Como já dizia o grande mestre Paulo Freire, “eu nunca poderia pensar em educação sem amor." Em outras palavras: Ser professor é mais que um trabalho, é um ato de amor. Além da transmissão de conhecimento, o professor desenvolve a função de educador, ou seja, educar para a vida, sempre buscando que o aluno reconheça o seu lugar no mundo.

Ser professor é partir do princípio de ter amor pela profissão e estar engajado em ser um semeador da transformação em parceria com o aluno, inseridos na leitura do mundo, cujos objetivos são: despertar a criatividade; desenvolver o senso crítico e incentivar o ato de reflexão através do conhecimento. Ser professor é posicionar-se perante o mundo, despir-se de títulos e honrarias e desenvolver relações horizontais, criando vínculos e identidade com seus educandos, problematizando o saber no contexto social, no qual o grupo está incluído, exercitando o uso público da razão, a mais inofensiva de todas as liberdades.

Estar em uma sala de aula para ensinar e educar requer criatividade, pois muitas vezes o conhecimento não basta. É preciso entreter os alunos, se comunicar com eles, compartilhar ideias e estimulá-los a pensar, imaginar e fugir do senso comum. Igualmente, é necessário buscar por atualizações, principalmente considerando às mudanças constantes que o mundo sofre e que precisam ser compartilhados em sala de aula.

Professor acaba por viver muitas vidas além da sua. Vivencia o crescimento, os obstáculos, as crises, os começos de namoro, as brigas entre amigos, problemas de casa, a conjuntivite alheia, as angústias, etc.

Paulo Freire dizia: “A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo”.

Lembramos que a primeira comemoração de um dia inteiramente dedicado ao profissional da educação, ocorreu em São Paulo, numa pequena escola da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, por iniciativa de alguns professores, em 15 de outubro de 1947. A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963.

Infelizmente, a profissão está ameaçada. Nossos jovens estão cada vez menos atraídos pela profissão de  professor. De cem alunos que entram no curso de pedagogia, apenas 51 se formam e só 27 tem interesse em trabalhar na área.

Não é fácil ser docente neste nosso país. Se fossem instaladas câmeras em algumas escolas, de Norte a Sul do país, para registrar o dia a dia de alunos e professores em sala de aula, o resultado mostraria, de forma inconteste, uma realidade que, em muitos casos, gostaríamos de não assistir. A indisciplina amedronta os próprios alunos e tem atingido, sobremaneira, muitos professores, obrigando-os, inclusive, a se afastarem do magistério. A violência, que tem tomado as ruas de nossas cidades, vem também se repetindo com mais intensidade dentro das nossas escolas.

Para a pedagoga e catedrática sueca, Inger Enkvist é impossível aprender bem sem disciplina. “Não se é bom professor apenas pelo que se sabe sobre a matéria, nem só porque sabe conquistar os alunos. É preciso combinar ambos os elementos: atrair os alunos para a matéria para ensiná-la adequadamente. É preciso recrutar professores excelentes, nos quais alunos, pais e autoridades possam confiar. E a menos que haja uma situação grave, devemos deixá-los trabalhar”, afirma a pedagoga.

É preciso que as autoridades públicas se conscientizem e reconheçam a importância de se reestruturar a rede pública de ensino, de oferecer condições dignas de trabalho e, principalmente, melhores salários para o corpo docente.

São anos de estudos e dedicação, para que finalmente, o professor consiga ocupar o espaço de mestre dentro de uma sala de aula. Mas muito mais do que estudar ou se preparar intelectualmente para ensinar e educar os alunos. É necessário ter vocação para enfrentar os melhores momentos e as piores dificuldades em realizar sua tarefa.

Etimologicamente, a palavra “mestre”, deriva do latim magister, que significa professor, ou seja, aquele que professa algo, que se dedica à arte de ensinar. Todavia, nos dias atuais, esse vocábulo tem apresentado outros inúmeros sentidos, tais como: alguém que concluiu um curso de mestrado em alguma área do saber e/ou que exerce a profissão de: mestre-escola, mestre de obras, mestre-cuca, mestre-sala, mestre de cerimônias etc.

Ser mestre não é apenas lecionar, transmitir aos alunos determinados conteúdos curriculares programáticos. É também saber caminhar com os educandos passo a passo, desvelando aos mesmos os segredos e percalços da caminhada da escola da vida e da vida na escola.

Sendo assim, pode-se dizer que mestre não é aquele que simplesmente apresenta um caminho novo, mas aquele que mostra como algo novo o jeito de caminhar. Por isso que o nosso Mestre dos Mestre foi Jesus Cristo. Seus ensinos, seus sermões ou discursos e suas aulas eram eloquentes e profundamente convincentes aos que o ouviam. Jesus era o Mestre perfeito. Além de Pastor, pregador, missionário e evangelista, exercia com excelência a missão de ensinar.

O ensino do Mestre Jesus, não teve nem tem paralelo em qualquer instrução, discurso ou filosofia dos homens. São ensinamentos para serem vividos, e não apenas pregados. Seu ensino era bem recebido pelas multidões, porque Ele vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.

Jesus conseguia ensinar desde o mais simples dos homens até o mais culto e estudado. Escribas, fariseus, autoridades judaicas e romanas, homens e mulheres de alta posição, mendigos e as mais tenras criaturas eram alcançadas por ele, em meio a uma multidão eclética e diversificada.

O Mestre dos Mestres deixou-nos grandes exemplos de sua pedagogia: conhecia a matéria que ensinava (Lc 24:27); conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15:8-10; Jo 21); reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1:47); ensinava as verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5:17-26; Jo 14:6). Jesus foi o Mestre dos Mestre numa escola onde muitos intelectuais se comportam como fracos alunos.

Enfim, ser um mestre é exercer um dos mais dignos papéis intelectuais da sociedade, embora um dos menos reconhecidos. Os alunos que não conseguem avaliar a importância dos seus mestres na construção da inteligência nunca conseguirão ser mestres na sinuosa arte de viver.

Um bom mestre é valorizado e lembrado durante o tempo de escola, enquanto um excelente mestre jamais é esquecido, marcando para sempre a história dos seus alunos.

Não tenho dúvida que investir em educação é o principal caminho para transformar às pessoas, que construirão este país mais justo e igualitário em oportunidades.

Lembrando novamente Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda às pessoas. Pessoas transformam o mundo”.